quarta-feira, 16 de julho de 2014

A desigualdade social e o capitalismo numa perspectiva bíblica

Por que o capitalismo é tão injusto? Esta tem sido uma das perguntas que muitos economistas têm tentado explicar. Alguns defendem que a desigualdade tende a cair com o desenvolvimento, o estágio avançado de industrialização, conforme foi à tese do Nobel de Economia Simon Kuznets nos anos 50. Outros, porém defendem que a concentração de renda tende a crescer mesmo com o avanço da industrialização, como diz o francês Thomas Piketty autor do livro O Capitalismo do Século 21. A história nos mostra que países comunistas tiveram décadas para mostrar que este modelo seria bom, ou que poderia funcionar. Em todos estes anos não foi visto nenhum produto de consumo de sucesso destes países saindo para o mercado mundial. Porém vemos que o capitalismo por ser um sistema econômico que visa à capacidade de gerar riquezas por meios de produção com fins lucrativos de entidades privadas tem focado hoje na sofisticação dos hábitos de compra das pessoas e tem oferecido toda espécie de produtos cada vez mais sofisticados, e que tem gerado um crescimento elevado do consumismo.   
A meu ver, o problema não está no capitalismo, e sim em quem está por trás dele, o homem. O capitalismo é sim, a mais eficiente invenção humana para se gerar riquezas, porém, ela tem se desenvolvido de forma incompleta, tem se desprovido da metade humana (Mackey)[1].
O problema da desigualdade social não é de hoje. O livro de Levítico é datado por volta de 1.446 a 1.406 a.C e em seu capítulo 25 e 26 vemos Deus tratando de um problema semelhante ao nosso. Estes capítulos concentram-se em Israel na sua terra. Esta terra pertence a Deus, por isso ele declara ao povo de Israel dessa forma: “Quando entrardes na terra, que vos dou” (Lv 25:2), ele quer dizer que somos estrangeiros e peregrinos e que devemos cuidar bem desta terra, observando seus estatutos para que tudo vá bem e possamos habitar seguros nela (Lv 25:18-24). O Senhor estabeleceu uma forma de resgate para as pessoas que viessem a se empobrecer perdendo todos seus bens. No ano do Jubileu todas as dívidas seriam perdoadas e todos os bens deveriam tornar a possessão daquele irmão que havia perdido tudo com suas dívidas. Qualquer propriedade que tivesse sido vendida desde o Ano Jubileu anterior deveria voltar ao seu proprietário original. Deus queria ver seus filhos cuidando dos seus negócios, cultivando suas propriedades para cuidarem bem de suas famílias. O propósito de Deus era dar estabilidade a economia e que não houvesse a famosa “desigualdade social” que tanto vemos no país em que vivemos hoje. Tudo é dele, somos apenas mordomos, peregrinos e estrangeiros nesta terra, temos que aprender a cuidar daquilo que Ele tem nos dado, e não acharmos que o que temos é nosso e que vamos levar alguma coisa daqui quando morrermos.
Nos dias do profeta Amós (760-750 a.C) o sistema era todo corrupto, e ao mesmo tempo serviam ao Senhor. O grande problema era o quadro da sociedade mostrado por Amós. Duas classes se desenvolviam: ricos e pobres. Os ricos possuíam palácios de verão e de inverno, abarrotados de objetos e móveis enfeitados de marfim (Am 3:15). A justiça era um bem comercializado[2]. No capítulo 8:4-6, o povo de Israel, estava roubando os pobres. Eles estavam defraudando o povo da classe pobre. Defraudar alguém significa abusar dessa pessoa, aproveitando-se de sua fraqueza, ingenuidade ou posição de inferioridade. Não havia honestidade. A desonestidade era explicita, pois eles estavam diminuindo as medidas, balanças estavam sendo adulteradas e misturavam materiais (colocando palha junto do trigo).
Existe um grupo de pessoas que Deus sempre se preocupou e ainda tem se preocupado, este grupo vem sendo facilmente explorado pelos governantes, líderes religiosos, empresários e etc. A viúva, o órfão, o estrangeiro, o pobre tinham e ainda tem um amor especial de Deus por eles. O Senhor disse através do profeta Zacarias: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo” (Zc 7:9,10).  Mesmo assim os líderes continuaram explorando as pessoas para seus benefícios próprios. Os governantes das nações haviam ignorado a lei de Moisés e se recusado a demonstrar compaixão com este grupo de pessoas (Êx 22:22-24; Dt 10:18-22; Am 2:6-8; 5:11,12,21-24). Suas orações se tornaram abomináveis para Deus, pois estavam jejuando para si mesmos (Zc 7:1-6).
Infelizmente estes princípios ainda continuam sendo ignorados não só pelos governantes, mas pelos cristãos. Hoje, o 1% mais rico dos Estados Unidos, a maior economia do mundo, absorve quase metade do crescimento total da renda, a outra metade fica com os 99%[3]. Marck Parker, presidente da fabricante de material esportivo Nike, recebe um salário 1.000 vezes maior do que a média da companhia[4]. A quantidade de pessoas pobres hoje é menor do que a do início de 80, porém a desigualdade vem aumentando na maioria dos países. Mesmo que os pobres venham melhorando de vida, os ricos estão melhorando mais ainda, causando o avanço da desigualdade.
Hoje nosso governo vem tentando combater a desigualdade social com vários programas de transferência de renda como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria rural, métodos estes, que podem criar uma dependência de sua ajuda para vida toda. O sistema de cotas em minha opinião pouco ajuda a “solucionar” o problema da pobreza ou falta de oportunidade, pois este sistema não age com equidade com a população carente. Serviços emergenciais devem sim, ser oferecidos para população carente, porém, este socorro pouco faz para mudar o problema, pois cria uma dependência da ajuda que vem de fora. Eles devem ser oferecidos juntamente com programas de desenvolvimento para capacitar pessoas que são pobres a ganharem uma vida digna, por si sós. Um provérbio chinês muito antigo ilustra a diferença entre o socorro e o desenvolvimento: “Se você der peixe a um faminto, matará sua fome por um dia. Se ensiná-lo a pescar, suprirá suas necessidades para o resto da vida”. O desenvolvimento protege a dignidade do pobre e lhe oferece a oportunidade de sair da pobreza e suprir suas próprias necessidades[5].
Atualmente a metade da população mundial é de crianças e jovens, a previsão para 2050 é que teremos mais idosos do que crianças pela primeira vez. Foi publicado na edição de julho/13 na revista EXAME[6] um artigo sobre “o investimento em educação na primeira infância é a chave para ter uma população mais qualificada” quanto antes melhor. James Heckman[7], da Universidade de Chicago, estudou as conseqüências de um programa especial de educação para crianças pobres da década de 60 no estado de Michigan. Após 40 anos os resultados foram bons. A maior parte de crianças que participaram do programa, concluíram o ensino médio e obtiveram salários melhores do que as crianças que não participaram do programa.
Em nosso país o status social é determinante sobre o futuro dos filhos. Por ter uma educação melhor, os filhos dos mais ricos ficam com os melhores empregos. Os filhos dos pobres acabam, na melhor das hipóteses, brigando pelos empregos que sobram. A desigualdade é tão injusta que existe um desperdício enorme de talentos de parte da população, pessoas que poderiam estar produzindo muito mais. O problema concentra-se na falta de “oportunidades”. No Brasil o filho de um médico, advogado, engenheiro tem 12 vezes mais chances de ser médico, advogado, engenheiro e administrador do que o filho da empregada doméstica[8].
O foco deve estar na primeira infância. Como vimos anteriormente, James Heckman mostra que a melhor arma contra a desigualdade social é investir em crianças já nos três primeiros anos de idade, período crucial para melhorar as habilidades cognitivas e socioemocionais. Crianças que freqüentaram o equivalente a creches (0 a 3 anos de idade) e pré-escolas (4 a 6 anos de idade) apresentaram na idade adulta renda mais alta e probabilidades mais baixas de prisão, de gravidez precoce e de depender de programas de transferência de renda do Estado no futuro. Para ele, a educação na primeira infância constitui provavelmente o melhor investimento social existente e quanto mais baixa for a idade do investimento educacional recebido mais alto é o retorno recebido pelo indivíduo e pela sociedade[9].
Para Dobson (1999) existe um período crítico durante os três primeiros anos de vida de uma criança que é quando o potencial para crescimento intelectual precisa ser aproveitado. Há sistemas de enzimas no cérebro que precisam ser ativados durante este período.[10].
Quando o Senhor falou ao seu servo Moises no monte Sinai ele estabeleceu certas regras de como devemos nos portar diante dele e diante do nosso próximo. O sexto mandamento diz: “Não matarás” (Êx 20:13). O senso comum dos homens é entender que devemos nos abster de todo desejo de matar ou de causar dano ao nosso semelhante. Porém, é preciso mais do que isso, devemos ajudar a manter a vida do nosso próximo por todos os meios que nos forem possíveis[11]. Devemos fazer o possível para conservar a vida do nosso próximo evitando e impedindo tudo que possa vir a lhe prejudicar. A palavra do Senhor nos ensina que mesmo que não venhamos a matar alguém, mas em nosso coração reina o ódio e a ira pelo nosso próximo nos tornamos assassinos (1 Jo 3:15). Isso mesmo, pense bem, não adianta disfarçar, pois se esse sentimento existir em nosso coração é certo que teremos o desejo de causar dano a alguém.
Por isso o capitalismo tem sido injusto, porque o problema está no coração do homem que não consegue sequer amar a Deus de todo coração, muito menos seu próximo. Me lembro do jogo Banco Imobiliário onde o objetivo é conquistar a maior fortuna, sendo o único jogador a não ir à falência. É assim que as crianças estão sendo influenciadas pelo capitalismo desde cedo. Não consigo imaginar um homem que tem o objetivo na vida de ser o mais rico do mundo sem prejudicar, causar dano a alguém ou o levar a falência. Este objetivo é contrário aos princípios bíblicos. “Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua lavoura, nem ajuntem as espigas caídas da sua colheita. Deixem-nas para o necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o SENHOR, o Deus de vocês” (Lv 23:22 NVI). Se o objetivo do nosso coração é colher até as extremidades da nossa lavoura, ou seja, explorar tudo que for possível dos nossos negócios, para satisfazer somente nossas necessidades, recebendo salários 1.000 vezes acima da média salarial dos empregados, podemos ter a certeza de que alguma coisa está errada em nosso coração.  “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males” (1 Tm 6:10).
Jesus nos ensinou que os preceitos mais importantes da Lei são: a justiça, a misericórdia e a fé! (Mt 23:23). “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo” (Mt 13:44). “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fl 3:7,8).
Conclusão: Deus não está preocupado com o resultado dos nossos esforços, pois o resultado não é mais o importante. Nossa disposição deve ser a de servir fielmente a Deus onde quer que ele nos coloque. Os limites da participação cristã na cultura devem ser de acordo com os padrões estabelecidos por Deus em sua palavra, principalmente com a situação de um cristão que ocupa um cargo público. Este artigo tem a finalidade de mostrar para você, leitor, que existe um grupo de pessoas que está sendo esquecida há milênios, e que o Senhor quer que executemos um juízo verdadeiro, mostrando bondade e misericórdia aos nossos irmãos, fazendo o que for possível para conservar a vida do nosso próximo evitando e impedindo tudo que possa vir a lhe prejudicar. Se o capitalismo tem sido injusto com a humanidade e a desigualdade social vem avançando, é porque nosso coração não tem servido fielmente a Deus por não conhecer sua vontade e seus preceitos. Não fique entusiasmado com estes jargões do tipo “vamos construir um mundo melhor”. O sistema é corrupto e tende a piorar, pois foi concedido a este sistema uma autoridade temporária onde a igreja será "vencida" e assim Cristo voltará reinando com aqueles que perseveraram com fidelidade até o fim (Ap 13:1,2,7,8, 10). Ser cristão não tem nada a ver com o que está sendo ensinado hoje. Precisamos nos preparar para este dia, e por isso nossa missão é proporcionar através da educação cristã, oportunidades pelas quais a comunidade adquira o conhecimento de Deus para o fortalecimento da família, igreja e sociedade, desde a primeira infância.



[1]  John Mackey: fundador e presidente da rede de supermercados americana Whole Foods. Criador do movimento Capitalismo Consciente.
[2] LASOR, W. S. et al. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, p. 264, 1999.
[3] EXAME. São Paulo: Editora Abril, n. 11, p. 37, jul. 2014.
[4] Ibid.
[5] GREENWAY, Roger. Ide e fazei discípulos: Uma introdução às missões cristãs. São Paulo: Cultura Cristã, p. 143, 2001.
[6] EXAME. São Paulo: Editora Abril, n. 13, p. 52, jul. 2013.
[7] James Heckman, Nobel de Economia (2000).
[8] EXAME. São Paulo: Editora Abril, n. 11, p. 39, jul. 2014.
[9] FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Pesquisa Educação da Primeira Infância. Disponível em: http://cps.fgv.br/edu_infancia. Acesso em: 14 de jul. 2014.
[10] DOBSON, James. Ouse disciplinar. São Paulo: Vida, p.157, 1999.
[11] CALVINO, João. As Institutas. São Paulo: Cultura Cristã, I, p. 170, 2006.


Autor: Thiago Caixeta Scalco – Pós Graduado em Estudos Teológicos pelo CPAJ – Mackenzie. Pós Graduado em Administração Pública pelo Senac/MG. Graduado do Instituto Haggai do Brasil e Contador do IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes. Site:http://reedificandominhacasa.blogspot.com

terça-feira, 15 de julho de 2014

O Segundo Mandamento: Parte II



“Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu Sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20:4-6)

 Caro leitor, este mês trataremos de um assunto pertinente, pois se trata do futuro de nossas famílias, ou seja, das próximas gerações e as conseqüências que elas poderão sofrer, devido ao zelo de Deus, quando deixamos de confiar nele todo nosso coração transferindo sua glória para as criaturas ou para os ídolos. Quando o próprio Deus diz ser um Deus zeloso, ele quer dizer que leva tão a sério que a honra e adoração que lhe são devidas, sejam exclusivamente direcionadas para ele de tal forma, que se alguém se recusa a lhe obedecer, o Senhor declara que vingará sua majestade e sua glória que foram transmitidas aos ídolos. Essa maldição se estenderá aos filhos, aos descendentes próximos e distantes, pois sofrerão as conseqüências da impiedade dos seus predecessores.  Ao mesmo tempo, a piedade dos antepassados pode ajudar a trazer bênçãos para as gerações subseqüentes, pois Ele promete abençoar até mil gerações daqueles que o amam e lhe obedecem.
Muitas pessoas têm interpretado erroneamente o sentido da visitação de Deus nas próximas gerações. Sabemos que a equidade da justiça divina jamais culpará uma pessoa inocente pelo pecado do outro. O próprio Senhor declara que não tolerará que o filho sofra pela iniqüidade do pai (Ez 18:14-17). Porém vemos que existem algumas afirmações que dizem que os pecados dos pais serão punidos em seus filhos. Moisés e Jeremias declararam que o Senhor visita a iniqüidade dos pais nos filhos (Êx 34:6,7; Nm 14:18; Jr 32:18). A maldição de Deus não cai somente sobre a cabeça do ímpio, mas se expande sobre toda a sua família. A interpretação é bem simples se entendermos que toda natureza humana está caída em seu estado de miséria depois que o homem pecou no jardim do Éden. A ruína já está preparada para todos aqueles aos quais o Senhor não comunica sua graça, ou seja, quando Deus deixa de visitar o ímpio e seus filhos eles perecem por suas próprias iniqüidades, e não podem se queixar com Deus, pois assim diz o Senhor: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9:15,16). Quando essa punição vem as pessoas que praticam a idolatria e demais pecados, suas famílias são privadas da graça de Deus por longos anos. Essa visitação se cumpre quando o Senhor retira da casa do ímpio a sua graça, a luz da sua verdade, e por estarem abandonados pelo Espírito de Deus ficam sem visão, são cegos caminhando nos mesmos caminhos de seus antepassados preservando a maldição de Deus. Essa é a razão pela qual Deus os pune, não pelos pecados dos outros ou de seus antepassados, mas pelos pecados deles mesmos. Em outras palavras, não existe maldição hereditária, este é um ensinamento antibíblico, se existe algo que herdamos é o pecado original nossa herança adâmica.
Por outro lado, é feita uma promessa maravilhosa de que Deus fará misericórdia até mil gerações daqueles que o amam. Esta é a aliança de Deus com seus filhos e com a sua igreja. Deus conta com os pais para que as próximas gerações venham conhecer as verdades fundamentais da fé cristã para serem passadas de geração em geração. “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (Sl 78: 3,4).

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...