sábado, 14 de março de 2015

O Décimo Mandamento



 
 “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo” (Êx 20:17)

Olá querido leitor, estamos concluindo nossa sequência de estudos sobre os Dez Mandamentos e tenho certeza que você e eu fomos muito abençoados com estas ordenanças do Senhor para nossas vidas.
A finalidade deste mandamento é mostrar que Deus quer que o nosso coração esteja cheio do amor cristão e pela disposição caridosa com o nosso próximo (Fl 2:4), afastando do nosso coração todo desejo que seja contrário ao amor (Rm 12:14,15). Não devemos acolher nenhum pensamento que possa induzir ou incitar nosso coração a concupiscência ou cobiça (Cl 3:5; Tg 1:14,15; 1 Jo 2:16), pois com estes maus pensamentos podemos levar o nosso próximo a sofrer algum tipo de dano ou prejuízo (Catecismo Maior de Westminster 147, 148).
Cobiçar é desejar o que é do outro já a inveja é pior, é se incomodar com o que os outros têm. Ambos sentimentos são extremamente negativos, pois no fundo quando uma pessoa se apega a algo que não é seu, ou é porque quer para ela mesma (cobiça) ou porque deseja que o outro não tenha algo (inveja). Calvino faz uma observação interessante sobre a diferença entre a intenção e a cobiça (CALVINO, As Institutas, I, p. 210, 2006). Pois se o Senhor proibiu o adultério, o furto, o ódio e mentira com isso proibiu também todo desejo de causar dano, enganar e roubar. Então por que proibir agora, separadamente, o cobiçoso desejo dos bens alheios? Existe uma diferença entre propósito e concupiscência. Ele chama de propósito a intenção deliberada da vontade, quando o coração do homem é vencido e subjugado pela tentação. E a concupiscência ou cobiça pode ocorrer sem essa deliberação ou consentimento, quando o coração é apenas afagado e incitado a praticar alguma maldade. Nosso maior problema é quando não damos importância a nossa retidão interior, “jamais podemos ter no pensamento algum desejo sem que o coração seja tocado e inflamado por esse desejo” (Calvino). De nada adianta não praticarmos uma imoralidade física se nossa mente estiver repleta de fantasias condenadas por Deus em sua palavra (Mt 5:27,28). Não podemos deixar que o nosso coração seja provocado ou incitado por estes males. A cobiça começa pelo permitir o contato visual. O desejo entra em seu coração através do estímulo visual suscitado. O pecado começa pelo desejo e pela imaginação, o mal depois de concebido dá a luz a iniquidade (Pv 6:25; Is 59:4). Martinho Lutero disse: “Você não pode evitar que os passa­rinhos voem sobre a sua cabeça, mas pode evitar que eles façam um ninho nos seus cabelos.”
A melhor forma de deixarmos essa vida de fantasias e desejos cobiçosos é viver uma vida de pleno contentamento com a nossa condição. A Bíblia nos ensina que grande fonte de lucro na vida de um homem que encontrou Jesus é viver com piedade e contentamento (1 Tm 6:6). “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6:8). Para o mundo globalizado, sucesso é obter um diploma universitário, ter um carro zero importado, adquirir um apartamento próprio e conquistar a presidência de uma grande empresa. É chegar preferencialmente ao topo. O pior é que este pensamento tem sido ensinado por falsos mestres na igreja. “Contentamento significa uma suficiência interior que nos mantem em paz apesar das circunstâncias exteriores” (Wiersbe; Fp 4:11; Hb 13:5; Jó 1:21). “A maior vitória é estar bem no lugar em que está, satisfeito com o que se tem.” (Willan Douglas & Rubens Teixeira). O verdadeiro contentamento vem da piedade no coração, não do dinheiro. O povo de Israel depois que foi liberto da escravidão no Egito iniciou sua jornada para terra prometida e no meio do caminho quando encontraram obstáculos e desafios ao invés de olharem para o alvo voltaram seus olhos para trás e desejaram voltar para escravidão, passaram a murmurar (1 Co 10:10; Êx 16:2). Anos mais tarde o povo de Judá começou a se lembrar dos seus dias de mocidade em que se prostituia na terra do Egito (Ez 23:19). Eles estavam incitando seus corações a cobiçarem e desejarem coisas das quais eles haviam sido libertos pelo Senhor. Não é à toa que muitos homens casados deixam seus lares, esposas e filhos para viverem todas as fantasias e desejos cobiçosos de lembranças do passado, se esquecendo que exatamente estas mesmas coisas que antes os escravizavam, um dia foram pregadas na cruz e pelo sangue da Cruz de Cristo libertos da escravidão do pecado e pela sua ressureição justificados (Rm 4:25). A cobiça demonstra um coração infeliz sem contentamento. O cobiçoso não consegue focar sua visão no alvo das promessas, seus olhos fixam somente nas circunstâncias visíveis, não vive pela Fé, porém, o justo vive pela sua Fé (Hc 2:4; Jo 3:36; Rm 1:17; Hb 10:38).
“Aquele que vê a beleza da santidade ou do verdadeiro bem moral vê a maior e mais importante coisa do mundo” (Jonathan Edwards). Renda-se a Cristo, somente pela Fé podemos encontrar a verdadeira paz com Deus e contentamento na esperança da sua glória (Rm 5:1,2)!

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