sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A Soberania das esferas: Estado, Família e Igreja



Este mês daremos início a um estudo sobre as “Soberania das esferas”. Este estudo tem o objetivo de mostrar a você leitor que há uma distinção entre as esferas familiar, governamental e eclesiástica, pois cada uma destas esferas possui leis estruturais que as diferenciam uma das outras e que estabelecem limites competenciais. Estamos vivendo em um tempo em que o Estado tem interferido na esfera da família e da igreja, a igreja por sua vez também tem interferido em assuntos pertinentes ao Estado, e a família que por muitas vezes não cumpre com sua reponsabilidade de respeitar e zelar por seus entes do lar e por estar se distanciando dos caminhos de Deus e da sua Palavra tem “autorizado” a interferência do estado em sua esfera. “Nenhuma instituição, nem mesmo a igreja, deve ter prioridade sobre o lar” (O Cristão e a Cultura - Michael S. Horton). Para que os pais sejam bons supervisores de seus filhos eles precisam antes ser instruídos na igreja. O Estado é constituído por famílias que formam uma sociedade, por isso é seu dever proteger seus cidadãos contra qualquer agressão seja ela doméstica ou não. Vemos aqui uma ligação entre as esferas, se cada uma mantiver sua identidade distinta e cumprir seu papel “divino”, teremos um progresso espiritual e o mais importante: fidelidade e submissão a Deus. Digo isso porque as autoridades são instituídas por Deus (Rm 13:4,5), a família é formada pela união do homem com sua mulher que é uma ordenança de Deus, o mandato social (Gn 1:28), a igreja é um corpo formado por membros ligados na cabeça que é Cristo (Cl 1:18).
A SOBERANIA NO ESTADO: “sem pecado não haveria necessidade de magistrados nem ordem no estado” (Calvinismo - Abraham Kuyper). Não haveria tribunal de justiça, nem política, nem exército, nem marinha, pois haveria somente um Estado e toda a humanidade estaria ligada a ele. Deus institui os magistrados por causa do pecado. O problema é que esta posição de preeminência dada ao homem por Deus tem sido negada pelos magistrados, pois muitas autoridades pensam que chegaram na posição em que estão independentes de Deus. Eles estão ali para que por exigência da glória de Deus venham refrear a desordem e o caos que uma sociedade pode chegar por causa do pecado. Salomão declara que não é pela perversidade dos homens que reis e autoridades conquistam seu poder e sim pela sabedoria de Deus: “Por meu intermédio, reinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra” (Pv 8:14,15). “Toda a autoridade de governo sobre a terra origina-se somente na Soberania de Deus” (Kuyper).
Existem soberanias que se opõem a Deus. A soberania do povo é aquela que declara: “Nenhum Deus, nenhum Senhor” (Revolução Francesa), é idêntica ao ateísmo. É a vontade do homem que determina todas as coisas. Todo poder e autoridade procedem do homem. Outra soberania é a do Estado (panteísmo), ela pode revelar-se numa república, numa monarquia ou até mesmo em um ditador como Napoleão e Hitler. Neste caso o Estado não reconhece Deus como “o Soberano Governador”, porém o direito está contido somente na lei dos homens. A Lei está sempre certa, mesmo que seja contrário aos princípios da lei de Deus. Amanhã ela pode ser alterada e dizer o oposto do que ela pensa ser certo hoje. Ela se torna um “deus” como se não houvesse ninguém acima do Estado, não se importa com a vontade de Deus.
Não existe nenhum estado teocrático. A teocracia somente foi encontrada em Israel, porque em Israel Deus intervia imediatamente. Mesmo assim o Estado que em sua Constituição agradece ao Deus Todo-poderoso pela liberdade civil, política e religiosa está honrando a Deus como “o Soberano Governador” e o Legislador do Universo”(Is 33:22). O dever das autoridades é executar o direito e a justiça, livrar o oprimido das mãos dos opressores, jamais agir com violência derramando sangue inocente (Jr 22:3). Devemos obediência às autoridades constituídas sejam elas boas ou más. “Servi ao rei da Babilônia e vivereis” (Jr 27:17). “Os maus governos são dados como castigo ao povo, a ira de Deus sobre a terra” (Calvino; Rm 1:18; Cl 3:6). 
Existe, porém, uma limitação imposta a nossa obediência as autoridades. Se em algum momento for aprovada em nosso país alguma lei que não está de acordo com os preceitos revelados pelo Senhor nas Escrituras, o cristão não poderá se submeter a ela. Os limites da participação cristã na cultura ou em qualquer esfera, devem ser de acordo com os padrões estabelecidos por Deus em sua palavra. “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29).

Os heróis se vão e nós também - Juízes 16

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