quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Por que os conflitos são inevitáveis e por que devemos esperar por eles?


Jamais devemos idealizar nosso ambiente de trabalho, família ou igreja sem conflitos, pelo contrário, eles são inevitáveis, portanto devemos esperar por eles.

Somos pecadores caídos que vivem ao lado de pecadores caídos em um mundo caído” (Robert D. Jones – Em Busca da Paz).

É muito comum pensarmos em desistir de algo por causa dos conflitos, mas quando compreendemos sua inevitabilidade, somos encorajados a perseverar sempre que um conflito nos induz a desistir de algo, principalmente de um relacionamento. Muitas pessoas depois que se casam, diante dos conflitos, chegam a se perguntar se deveriam mesmo ter se casado. Elas começam a pensar que a ideia de casamento foi um erro. Porém, precisamos ter convicção de que por mais grave seja o conflito, ele não é prova suficiente de que nossas escolhas foram erradas, embora nossas decisões possam ter sido tomadas com insensatez e imaturidade.

O fato é que até o primeiro casamento da humanidade, realizado pelo próprio Deus, foi marcado pelo pecado. Portanto, somos encorajados a lutar pela resolução dos conflitos dentro do casamento.

Também não devemos nos surpreender quando os conflitos marcam relacionamentos entre pais e filhos. Muitos pais ficam decepcionados com o comportamento rebelde de seus filhos.

Os pais certamente podem evitar muito sofrimento desnecessário na criação de seus filhos quando, de maneira natural (ao invés de ficaram falsamente chocados a respeito), esperam que seus filhos façam coisas erradas em casa, na escola e em público” (Jay Adams).

A insensatez está ligada ao coração da criança” (Pv 22:15)

No trabalho é a mesma coisa. Deus concedeu ao homem o senhorio sobre toda sua criação, ele deu ao homem o papel de vice-gerente de Deus. Com a rebeldia, o trabalho, outrora ligado ao prazer e à alegria adoradora em cumprir o propósito de Deus, agora envolveria “fadiga e dor”, e a benção sobre a família foi ofuscada pela maldição do parto doloroso. Inimizade foi colocada entre marido e mulher, e a guerra entre Satanás e o Filho da semente da mulher (Michael S. Horton – O Cristão e a Cultura; Gn 3:15-19). Sobre as dores de parto também podemos interpretar todo o processo de educação de filhos.

Mesmo que tenhamos que esperar por eles, os conflitos devem ser evitados a todo custo.
O conflito é uma diferença de opinião ou propósito que frustra as metas ou os desejos de alguém. Antes do pecado ele não existia, mas quando Cristo voltar, não teremos mais divergências de opiniões. É possível começarmos a viver em paz aqui na terra em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (Fl 1:27), preservando a unidade do Espírito no vínculo da paz, crendo que há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos (Ef 4:4-6).

Conflitos não se corrigem sozinhos. Não podemos deixar de tratar o que pode ser tratado hoje. O tempo não é o melhor remédio. Ninguém passa por cima de insultos e ofensas, pelo contrário, conflitos não resolvidos, da mesma maneira que uma ferida, criam uma casca. Podem ficar ocultos por um tempo, mas acabam voltando à tona, e alguma vezes, com fúria, rancor ou frieza ainda maiores.

Conflitos desagradam a Deus. Eles surgem de corações egocêntricos, envolvem palavras e ações que machucam, afastam e separam as pessoas. Eles transgridem o ensino bíblico sobre o amor. Deus nos chama a resolver nossos conflitos de forma ativa, diligente e imediata (Robert D. Jones). Como já vimos acima, os conflitos não se corrigem sozinhos.

Os conflitos por mais difícil que sejam, são oportunidades de glorificar ou agradar a Deus, portanto devemos aproveitá-los. Os conflitos interpessoais podem ser chamados de “provações” que podem nos ajudar a parecer mais com Jesus. As dificuldades e sofrimentos tornam-se em oportunidades para Deus por em prática seu plano para moldar nossas vidas.

Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma fez confirmada, produz perseverança. Ora a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1:2-4).

É nos conflitos interpessoais que muitas vezes enxergamos claramente nosso pecado exposto, e quando nos sentimos irritados pelos maus-tratos recebidos de outras pessoas temos a oportunidade de buscar mais a Deus que perdoa os pecados. Deus é o nosso refúgio e fortaleza, auxílio sempre presente da adversidade (Sl 46:1).

Nosso ponto de partida deve ser sempre o de agradar a Deus. Mas, a mensagem que tem sido pregada através de filmes como os da Marvel, são que os conflitos de caráter interpessoal e substantivo são legítimos não porque os heróis lutam por uma paz salvadora com o Deus da paz, mas porque lutam para defender suas ideologias, aquilo que pensam ser o correto, ou seja, o ponto de partida deles não é de um coração que busca agradar a Deus, mas a si mesmo, um coração egocêntrico.

 
Façam todo o possível para viver em paz com todos” (Rm 12:18 – NVI)

Não estão dispostos a ensinar sobre o perdão, mas vingar-se de tudo e de todos, inclusive de seus próprios colegas e amigos de trabalho. O fato é que quando pedimos perdão a outra pessoa que ofendemos, estamos aproveitando uma situação de conflito para nos parecer mais com Cristo.

Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amara a Deus, aquém não vê” (1 Jo 4:20)

Um desejo mesmo sendo bom e agradável aos olhos do Senhor pode se tornar um pequeno ídolo para mim, quando começo a pensar que não é apenas algo que eu quero, mas algo que julgo que tenho que ter! Desejos excessivos e desordenados acabam nos controlando. Não são apenas coisas más, como drogas ilícitas ou dinheiro roubado que causam conflitos, mas também coisas boas quando se tornam pequenos ídolos, e controlam nosso coração. Desejos legítimos que se transformam em exigências dentro de um casamento por exemplo, terminam em brigas e contendas (Tg 4:1-3).

O autor e conselheiro bíblico Ken Sande mostra como essa dinâmica no coração acontece, ele chama de “A Progressão de um ídolo”:

Eu desejo – Eu exijo – Eu julgo – Eu puno

Embora meu desejo inicial possa ser legítimo, ele se torna pecaminoso quando passa a ser uma exigência. Se um desejo tem consumido intensamente meus pensamentos, tem me levado a pecar para conseguir satisfazê-lo ou tem me levado a pecar quando não consigo satisfazê-lo, ele já deixou de ser algo bom para minha vida, pois tornou-se em um desejo pecaminoso.

Existe uma dinâmica do evangelho de Mateus 5 e 18 que o mundo “desconhece”, mas Cristo nos ordenou para praticarmos. Quando nós ofendemos alguém, nós devemos agir (Mt 5:23-26); quando alguém nos ofende, nós também temos que agir (Mt 18:15,16). Em ambos os casos, Jesus nos chama a dar o primeiro passo em busca da paz com os outros.

Reconhecer nossos erros e lista-los antes de conversar sobre um conflito com alguém pode ajudar muito a resolvê-lo mais facilmente. Jesus atribui um peso maior aos seus pecados do que aos pecados da outra pessoa, visto que ele chama seus pecados de viga ou trave, e os pecados do outro de cisco.

"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mateus 7:3-5)

Mesmo que os pecados do outro sejam na verdade bem mais graves, nossos pecados são vigas e do outro são ciscos. Devemos dar maior peso às nossas ofensas, considerando-as como maiores (vigas) e as dos outros como menores (ciscos).

Para terminar, evite se, mas ou talvez quando confessar seus pecados a Deus ou quando for pedir perdão para alguém.

A verdadeira confissão não permite dúvida nem indefinição. Dizer: “Sinto muito se o magoei” é o mesmo que dizer que não sei qual foi meu erro com a outra pessoa, e é bem provável que volte a fazer. Dizer: “Sinto muito por ter feito isso, mas se você tivesse agido de outra forma...” é o mesmo que eu dissesse que a responsabilidade do conflito não foi minha, mas do outro. O pecado foi culpa dele e não minha. A inserção de um “mas” nega virtualmente a confissão. Os pedidos de desculpas com “mas” transferem a culpa e declaram que nossos erros não são plenamente nossa culpa.

Devemos ser específicos por admitir nossos erros. Uma confissão específica revela não apensa consideração, sinceridade e pesar, mas também estabelece um plano específico para mudança (Robert D. Jones).

O resultado pertence a Deus. Podemos não conseguir alcançar a paz, não temos garantia que a outra pessoa irá seguir o plano para resolução de conflitos com Deus. Depois de tentar tudo e nada der certo para restaurar aquele relacionamento quebrado, sinta-se convicto de que você é um servo aprovado por Deus e teve sua fé aperfeiçoada. O mais importante é sabermos que vivemos para agradar a Deus e não aos homens, e poder ouvir dele: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25:21)

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