quinta-feira, 29 de junho de 2017

Sete princípios importantes da disciplina na vida dos nossos filhos


É muito comum ver pais transferindo atenção de questões primárias para questões secundárias, com frases ou expressões do tipo:

“Eu não sei o que fazer com meu filho, ele anda tão desobediente”

“Eu não sei mais o que fazer com esse menino, o que eu já gastei com ele nessa escola não é brincadeira, mas ele não me escuta”

Quando um pai diz que não sabe mais o que fazer com seu filho porque ele anda desobediente ou porque já gastou muito dinheiro na sua educação e não vê retorno, ele na verdade está mais preocupado com o seu nome, sua reputação do que com o próprio filho. Ele transfere a responsabilidade dos problemas (questões secundárias) para o filho, para não ser envergonhado diante dos outros, quando na verdade ele deveria estar preocupado (questão primária) em ajudar seu filho, e rever aquilo que ele está negligenciando na educação dele.

“Os pais certamente podem evitar muito sofrimento desnecessário na criação de seus filhos quando, de maneira natural (ao invés de ficaram falsamente chocados a respeito), esperam que seus filhos façam coisas erradas em casa, na escola e em público” (Jay Adams).

“A insensatez está ligada ao coração da criança” (Pv 22:15)

As crianças precisam aprender as consequências do comportamento errado e a disciplina física (ensinada pela Bíblia) pode ser uma forma útil de transmitir essa lição. Os pais devem, contudo, levar em consideração a personalidade singular e temperamento de cada filho e ter consciência de que algumas crianças respondem melhor a outros tipos de consequências e reforços positivos e negativos (KOSTENBERGER; JONES; 2011, p. 152)

Um pai pode dizer: “Eu sempre eduquei meus filhos todos iguais, e disciplinei cada um deles da mesma forma”. O pai que age dessa forma não respeita a personalidade singular e o temperamento de cada filho. Os princípios na educação deles são iguais, mas na hora de ensinar ou repreender, o pai precisa ter consciência e percepção de que Pedrinho com apenas uma conversa aprende que mentir é errado e se esforça para não mentir mais, porém Luizinho rejeita a instrução com apenas uma conversa, nesse caso o pai terá que se esforçar mais e “gastar” mais tempo com Luizinho para ajudá-lo, até mesmo discipliná-lo fisicamente se for necessário.

1º) A disciplina deve ser coerente. A criança precisa saber o que constitui o comportamento certo ou errado e estar ciente de que o comportamento errado resultará em castigo.

2º) A disciplina precisa ser apropriada para a idade. A disciplina física nem sempre pode ser adequada para crianças mais velhas. O mais apropriado seria arrazoar com ela sobre determinado comportamento.

3º) A disciplina deve aderir aos princípios universais de imparcialidade e justiça. O castigo deve ser apropriado para a ofensa. Um castigo indevidamente brando pode dar a impressão de que os pais não estão levando a disciplina a sério, assim como um castigo indevidamente severo pode causar amargura e deixar de produzir efeitos corretivos.

4º) A disciplina deve ser específica para cada criança. (Elemento relacionado à individualidade e criação singular de cada criança por Deus). A disciplina tem como propósito ajudar a criança a evitar comportamentos e atitudes erradas no futuro e incentivar conduta e atitudes corretas.

5º) A disciplina precisa ser aplicada com amor, e não com raiva (Ef 6:4; Cl 3:21). Os pais não devem entender a desobediência dos filhos como uma ofensa pessoal, mas sim, agir visando o bem do filho.

6º) A disciplina deve ser voltada para o futuro e deve olhar adiante. O propósito da disciplina não é obter resultados imediatos, mas sim, o desenvolvimento da criança a longo prazo com vistas a que se torne um adulto cristão maduro e responsável.

7º) A disciplina deve fazer parte de um relacionamento entre os pais e os filhos. Os filhos não são ratos de laboratório que podem ser condicionados por estímulo para se comportar de determinado modo. Por isso, a disciplina não pode se limitar à mudança de comportamento por meio de um sistema de recompensas e castigos, pois a curto prazo pode até ser eficaz, mas a longo prazo, provocará rebeldia (KOSTENBERGER; JONES; 2011, p. 157-158)

Torne a disciplina em algo especial. Não fique ameaçando toda hora em disciplinar fisicamente seu filho. Bata somente em momentos especiais, caso contrário, ele já saberá que vai apanhar de uma forma ou de outra mesmo, então como não tem nada perder ele vai continuar desobedecendo.

“Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo”
(Provérbios 13:24)

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Não existe educação “neutra”


Você educa de acordo com o que adora: Educação tem tudo a ver com religião (Filipe Fontes).

Algumas escolas tem a noção de que existem dois tipos de educação: educação secular + educação cristã. Contudo, não existe educação neutra. Sempre existirá uma ideologia por trás da educação. Não necessariamente uma ideologia política, mas sempre existirá uma “religião” por trás da educação, um pressuposto, uma cosmovisão que influenciará naquilo que o educador ensina (Mauro Maister).

Cosmovisão são como lentes sobrepostas (pressuposições) pelas quais vemos o mundo e há várias camadas de interpretação que formam a nossa cosmovisão pessoal.

Religião é a relação de confiança e devoção estabelecida por um indivíduo ou grupo com um determinado objeto, da qual este indivíduo ou grupo esperam obter as respostas finais sobre: sentido, significado, valor, reconhecimento, prazer, segurança, etc. (FONTES; 2017, p.24).

O modo como um professor educa interfere no que o aluno crê. A religião influencia e determina a educação, assim como a educação influência a religião (Dt 6:1-9).

“Crer não é aquilo que você pensa, mas aquilo que leva você a atuar no que você pensa. Aquilo que você realmente crê é o que te move ao comportamento” (Wadislau Martins Gomes)

Quando eu não posso ser aquilo que eu quero ser, eu passo a imitar aquilo que as pessoas fazem. Meu comportamento vai me moldar com o produto da imitação. Nós somos criados a imagem de Deus. Sem Deus imitamos o primeiro que passar.

O modo como ensinamos (Dt 6:7-9) é determinado por aquilo que somos (v.6), e o que somos, por aquele a quem adoramos (v. 4-5). Os nossos projetos, interesses, motivações, conceitos e modelos, se definem, em última instância, por aquilo que amamos e com o qual nos comprometemos; seja ele o Deus da Bíblia, ou qualquer outra coisa que insistimos colocar no lugar de Deus.

Deuteronômio 6 ensina que você educa de acordo com o que adora! (FONTES; 2017, p.34).

Portanto, é preciso reconhecer que educação e religião sempre estiveram juntas.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Qual o propósito do casamento?



Atribuir ao casamento o alvo principal da vida é o mesmo que idolatria. Os ídolos podem se tornar deuses funcionais em nossas vidas, ou seja, eles oferecem soluções temporais como bebida, droga, cigarro, pornografia, comida e etc., mas nunca satisfazem o nosso coração, são falsos deuses, exigem nossos sacrifícios, mas nunca podem nos dar ou suprir com aquilo que prometem. Todo amor desordenado na vida de uma pessoa é pecado.

Para muitos o dia do casamento é o ápice da vida, o dia mais importante. O alvo do casamento, primeiramente não é a felicidade, mas a santidade. Se a felicidade é o meu alvo no casamento, caso amanhã eu não me sinta feliz com a pessoa ao meu lado, eu irei me divorciar.

É preciso tomar cuidado com a declaração “eu sinto”. A declaração “eu sinto” esconde uma avaliação consciente de minhas ideias e meus juízos. O que eu sinto simplesmente é. A minha verdade substitui a verdade. Jay E. Adams disse que ser dirigido por sentimentos é o problema motivacional das pessoas, ele estava dizendo que as pessoas pecadoras são dirigidas por mentiras e cobiças. Como se pode tratar daquilo que não se tem consciência? A expressão "eu sinto" obscurece a responsabilidade por nossos desejos. As pessoas agem como seus sentimentos fossem impulsos de autoridade! Desejos enganosos determinam as escolhas (David Powlison).

O casamento para Adão no início da criação, antes do pecado, não era algo para ser vivido de forma isolada, mas para ser desfrutado e desenvolvido em um relacionamento com Deus. O problema de Adão não era tristeza da solidão. Adão sozinho não conseguiria se relacionar de acordo com os atributos relacionais de um Deus trino (Continência é um dom de Deus – 1 Co 7:9).

O conceito de amor na Bíblia não é esse sentimento subjetivo ou esse desejo amoroso proveniente do romantismo francês (Romeu e Julieta), esse conceito de amor não-bíblico é aquele que vale tudo para se viver uma paixão ou sentimento. Esse amor vale desobedecer às regras. É muito comum ouvir frases do tipo: “Deus quer que eu seja feliz”.

A Bíblia fala que o amor não é medido pelo o que eu recebo, mas o quanto estou disposto a dar (Gn 22; Jo 8:56). O amor é sacrificial na visão bíblica (Ef 5:25-29). O amor não é um sentimento, mas uma tomada de decisão. Amor é compromisso firmado. Ações de amor geram amor!

O propósito do casamento é a santidade, a glória de Deus. Se o propósito do casamento é a santidade, você nunca se casa com a “pessoa certa”, Deus usa sua vida para trabalhar e aperfeiçoar a vida do seu cônjuge, conforme a imagem de seu filho Jesus.

Existem pessoas que conferem sua identidade ao adorado/ídolo (cônjuge, cargo, posição social e etc.,) e quando chegam a perder o cônjuge seja por morte ou por outro motivo, seu cargo em uma empresa ou igreja e sua posição social, simplesmente perdem o “sentido da vida”. O cônjuge, o cargo ou a posição social da pessoa estava acima da sua identidade em Cristo. O ídolo se torna a “liberdade da pessoa”, aquilo que está disposta a pecar para manter.

“Pode parecer chocante, mas estou convencido de que, se os preceitos bíblicos são aplicados consistentemente, praticamente quaisquer duas pessoas no mundo podem construir um casamento feliz e honrar a vontade de Deus no relacionamento. Isso pode não ser o que preferimos, mas pode ser alcançado se estivermos dispostos a trabalhar nosso relacionamento conjugal” (R.C. Sproul).

Esse conceito de “alma gêmea” não existe na bíblia. Este é um conceito pagão ensinado em filmes, novelas e livros. “Deus não espera que você encontre a tampa da sua panela. Ele quer que você se amolde a tampa que vier” (Heber Campos Jr.). Essa ideia de que só existe uma pessoa com quem eu possa ser feliz e me casar é papo furado. Pois se de fato isso for verdade eu sou uma pessoa insuportável.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Puritanos Ingleses e o aconselhamento bíblico


Na história do aconselhamento bíblico, os puritanos eram conhecidos como “médicos da alma”. Na crença popular, o termo puritano traz consigo uma imagem de um legalista, estraga-prazeres, farisaico, fundamentalista e um caçador de bruxas (aquele que vive procurando erros teológicos). O termo puritano denotava aquele que queria purificar a adoração da Igreja e a vida dos santos. O puritanismo inglês surgiu por volta de 1560.

O que me chama atenção do movimento dos puritanos é o seu compromisso radical de viver para glória de Deus.  Foram pessoas de esperança, valorosos obreiros e grande sofredores do evangelho.

As Escrituras constituíam a peça central do pensamento e da vida puritana. Para o puritano, a Bíblia era, na verdade, o bem mais precioso que há neste mundo. Para eles não haveria maior insulto ao Criador que negligenciar Sua Palavra escrita. Para os Puritanos, a Bíblia era suprema em tudo, inclusive na prática do aconselhamento. O método de aconselhamento era centrado nas Escrituras. Eles recusavam introduzir teorias psicológicas estranhas no aconselhamento.

O sermão do puritano servia como meio de aconselhar de forma coletiva. Para eles, se os santos não fossem edificados pelo sermão, então a Palavra não havia sido pregada.

O sermão puritano era dividido em duas partes: doutrina e prática, ou seja, o sermão era tanto profundo teologicamente quanto intensamente prático. Cada sermão deveria conter doutrinas explicadas com aplicação imediata na vida das pessoas.

Os puritanos ficariam assustados em ver a igreja de hoje, pois eles tinham um anseio consumidor por Cristo, não tinham tempo para a busca da auto-satisfação. Eles amavam a Deus, não viviam ocupados com suas próprias necessidades, diferente de nós que vivemos na “geração do eu”.

O crente puritano procurava sensibilizar sua consciência para com o pecado. Eles viam a consciência como nosso sistema nervoso espiritual – a dor da culpa informa a compreensão de que algo está errado e carece de correção. Para os puritanos, a culpa negligenciada significava destruição certa. Mas veja o que um pastor contemporâneo chamado Joseph Prince, em seu livro Destinados a Reinar, de autoajuda “cristão”, diz sobre a consciência:

Pare de examinar a si mesmo e de procurar pecados em seu coração...a existência da culpa e da condenação em sua vida mostra que você não acredita que todos os seus pecados foram perdoados...hoje os cristãos não têm motivos para viver com uma consciência de pecado, porque Jesus, sua oferta definitiva pelos pecados, já os tirou deles...o caminho para sair da consciência do pecado é ouvir mais ensinamentos sobre a obra consumada de Jesus (PRINCE; 2012, p.176,181,182)

Resumindo o pensamento de Prince: “pare de ser tão consciente de seus pecados, Jesus já perdoou todo eles”. Livro recomendado por Brian Houston, Pastor Sênior da Igreja Hillsong, outra igreja em decadência.

Muitos evangélicos de hoje têm substituído o realismo bíblico dos puritanos por uma concepção rasa e superficial do pecado. O pecador tem sido reclassificado como vítima, não sendo, portanto, pessoalmente responsável por suas ações. O pecado é o transferir da adoração a Deus para a adoração ao eu.

Grande parte do aconselhamento puritano concentrava-se no problema do pecado. Os conselheiros puritanos sabiam que aquilo que as pessoas menos queriam ouvir era o que elas mais precisavam ouvir.

Já tive o desprazer de ir em um consultório de um pastor formado em psicologia, lembro que nas sessões ao expor meus problemas, eu não fui responsabilizado em nenhum momento pelos meus pecados, aliás, ele nunca citou a palavra pecado nas sessões, não houve sequer aconselhamento bíblico, mas sua abordagem era tentar tranquilizar minha consciência com relação ao meu pecado. Seus conselhos na verdade eram conselhos dos ímpios (Sl 1), oriundos da psicologia secular. Se eu tivesse seguido tais conselhos, eu teria manchado meu coração, meu casamento e minha família com tanto lixo recebido ali. São pessoas que não tem condições nenhuma de aconselhar outros.

Os puritanos não lutavam contra demônios, mas contra si mesmos. A mortificação significava as obras do corpo (Rm 8:13). Mortificar significa tirar toda a força, o vigor e o poder do pecado, de modo que ele não possa agir por conta própria ou se impor na vida do crente (MACHARTHUR, MACK; 2004, p. 57).

Sem convicção/consciência do pecado não há arrependimento genuíno. O arrependimento verdadeiro é “um operar em nossos corações que produza tal pesar que torne o pecado mais odioso a nós do que a punição, até que dirijamos contra ele uma santa violência” (Richard Sibbes).

Precisamos ter o compromisso de pregar o verdadeiro evangelho de Cristo. Nosso sermão deve ser semelhante ao sermão puritano, exortando a pessoa a mortificar o pecado por meio da contrição, confissão e arrependimento. O aconselhamento deve ser bíblico, pois se ensinamos autoestima e necessidades não satisfeitas, o foco do aconselhamento é sujeitar a vontade do homem e não a imagem de Cristo. Precisamos pregar o que as pessoas precisam ouvir e não o que elas querem ouvir. Precisamos praticar a santificação por meio da teologia (reformada), e não via psicologia.

Precisamos tomar cuidado com sermões que focam somente nas histórias de Jesus, dizendo-se “cristocêntricos”, quando na verdade não passam de registros históricos sem profundo conhecimento teológico e sem aplicação imediata na vida da igreja. Isso só é possível para aqueles que andam em comunhão com Cristo, em santidade.

REFERENCIAL TEÓRICO: 

MACARTHUR, John; MACK, Wayne. Introdução ao aconselhamento bíblico: Um guia básico de princípios e práticas de aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 41-63.

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...