sábado, 30 de dezembro de 2017

Enquanto as pessoas forem grandes em seu coração, Deus sempre será pequeno para você!


“Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro”
(Provérbios 29:25)

Vivemos em uma cultura onde somos sempre as vítimas. A culpa sempre é do outro. Nossas ações são de responsabilidade dos outros, não somos seres responsáveis, não nos importamos em praticar nossos deveres, pois somos seres portadores de direitos. Somos vítimas dentro de uma cultura de vitimização.

Quando dizemos que outras pessoas controlam o nosso comportamento, estamos intensificando nosso temor do homem ao invés do temor do Senhor por vários motivos. O temor do homem é algo que fazemos naturalmente. O mundo e suas suposições parcialmente bíblicas agravam a nossa tendência de temer ou reverenciar os outros.

O movimento da autoestima contribui muito para o temor do homem. As suposições do mundo em que vivemos dizem que umas das melhores maneiras de elevar a sua autoestima é alcançar algum sucesso (que é comparado então ao que os outros fazem) ou cercar-se de pessoas que o aprovem (o que deixa você dependente da opinião deles).

A grande maioria dos brasileiros diz acreditar em Deus. Vivemos em uma época em que há um renascimento de falar de Deus e linguagem espiritual, mas as conversas estão separadas do conteúdo bíblico. Cada um define Deus da maneira como convém. As pessoas estão criando uma versão de um deus que elas podem manipular e controlar. O temor do homem sempre faz parte de uma tríade que inclui incredulidade e desobediência (WELCH, 2008, p.43).

Deixamos de temer a Deus porque temos vergonha de que as pessoas nos vejam como somos (pecadores), temos medo da rejeição, medo que nos machuquem, pois o mundo quer que tenhamos medo das pessoas.

O medo da rejeição tem feito muitas pessoas crer em Jesus de maneira secreta, pois temem viver para Deus e confessar Jesus como Senhor de suas vidas.

“Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12:43)

Muitos líderes da época de Jesus criam nele secretamente, pois temiam confessar sua fé por causa das possíveis reações dos fariseus da sinagoga. Eles sentiam que precisavam do louvor das pessoas. Eles temiam a rejeição mais do que temiam ao Senhor. Este é o paradoxo da autoestima: baixa autoestima geralmente significa que eu tenho um conceito muito elevado sobre mim mesmo. Sinto que mereço mais do que eu tenho. A razão de me sentir mal comigo mesmo é que eu almejo fazer algo mais. Eu desejo ter alguns minutos de glória. Sou um caipira que quer ser rei. A baixa autoestima é sinônimo de orgulho, o lado mais escuro, o lado oculto do orgulho.

É por isso que muitas pessoas preferem morrer por Jesus a viver para Ele. Muitas pessoas hoje diriam abertamente que morreriam por Jesus, mas se tomar uma decisão por Jesus significa que poderemos passar anos ignorados, pobres, criticados ou rejeitados, então muitas pessoas que se declaram crentes temporariamente colocariam sua fé na prateleira (WELCH, 2008, p.38).

Não devemos fazer nada (viver ou morrer) para nós mesmos; tudo deve ser feito para Cristo. Por exemplo, um suicida morre para si mesmo; nenhum suicida poderia morrer para Cristo. “O suicídio é a expressão máxima do orgulho na morte” (LIDDON, 1899, apud ADAMS, 2007, p. 120).

A pessoa que comete um suicídio comete um ato egoísta exatamente por ter uma exagerada consideração a respeito de si mesma, isto é possível ser identificado em muitos bilhetes que estas pessoas deixaram antes de morrer. O que eles querem dizer na verdade é: “Eu sou boa demais para ser tratado dessa maneira. Não aguentarei isso por muito tempo”.

Pois nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor”

Devemos viver de tal maneira que, quando houver uma escolha, eu alegremente escolherei servir a Cristo e aos outros em primeiro lugar. Primeiro é preciso decidir viver para Cristo, e se for necessário, morrer por Ele.

Havia uma menina que se destacou em três esportes de uma das melhores faculdades do seu país. Ela era, capitã dos três times e havia sido escolhida para receber o prêmio de melhor de atleta feminina da faculdade. Com tanta habilidade e reconhecimento, ela ainda não se sentia bem consigo mesma porque já estava preocupada com o ano seguinte. Ela queria ser a melhor atleta, melhor namorada e a melhor aluna, contou sua melhor amiga. Ela queria até abandonar um de seus esportes para aliviar seu estresse, mas temia desapontar suas companheiras de equipe. Dizer “não” para uma amiga estava fora de cogitação. Ela queria agradar a todos e não conseguia parar. Um dia ela encontrou um jeito de parar. Ela pegou um rifle calibre 22 e atirou no seu peito (WELCH, 2008, p.48).

Muitos jovens hoje se envolvem em trabalhos missionários contanto que seja em lugares bem longe de sua vizinhança, muitos adolescentes prefeririam morrer a serem vistos por seus amigos andando com o seu grupo de jovens da igreja ou fazendo trabalhos evangelísticos nas ruas. Ativismo religiosos não significa avivamento e sequer produz santificação pessoal. A própria pregação do evangelho pode ser uma fuga e um ídolo de uma pessoa, por não conseguir lidar com seus problemas e os problemas do outros.

Se você deixou de falar sobre Jesus por medo de rejeição das pessoas então você teme mais os homens do que a Deus. Você pensa duas vezes antes de tomar uma decisão por causa do que as outras pessoas poderiam pensar? Você fica envergonhado facilmente? Se sua resposta for sim, tenha certeza de que as pessoas e a opinião que elas têm de você provavelmente tem definido sua personalidade. Aquilo que mais tememos, é aquilo que vai nos controlar. Ficamos apavorados com aquilo que os outros podem nos fazer, então cedemos covardemente às suas ordens corruptas a fim de agradá-los, e deste modo atraímos a ira de Deus (1 Sm 13:8-14; 15:24), (WALTKE, 2011, p. 560).

O medo em si mesmo não é um mal. Como uma dor que nos adverte da possibilidade de cruzamento do limite de resistência do nosso corpo, ou a ira que nos adverte sobre uma injustiça ocorrida ou por acontecer e previne a dor moral, assim também o medo nos assegura a distância de ameaças à nossa integridade de corpo/alma. O mal existe quando o medo é paralisante e impede que exerçamos nosso mister de adoradores de Deus em espírito e em verdade (GOMES, 2017, p. 235).

“Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o simples mortal?”

CONCLUSÃO

Você pode ter deixado de amar muitas vidas perdidas por temer sua rejeição, ser criticado, e por causa do temor de homens se calou e serviu a Deus secretamente dentro de uma instituição religiosa. Afinal, quem é mais importante em sua vida, Deus ou as pessoas? Qualquer coisa que diminua o temor de Deus irá intensificar o temor de homem. Enquanto as pessoas forem grandes em seu coração, Deus sempre será pequeno para você!

“Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome” (Sl 86:11).


REFERENCIAL TEÓRICO

WELCH, Edward T.; Quando as Pessoas são grandes e Deus é pequeno: Vencendo a pressão do grupo, a codependência e o Temor do Homem. São Paulo: Batista Regular do Brasil, 2008.

GOMES, Wadislau Martins. Personalidade Centrada em Deus. Brasília: Monergismo, 2017.

WALTKE, Bruce K.; Comentários do Antigo Testamento: Provérbios – vol. 02. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

ADAMS, Jay. Autoestima: Uma perspectiva bíblica. São Paulo: NUTRA, 2007.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Pequenos sinais da graça de Deus: Precisamos compensar uma fraqueza?


Esta semana estou orando pela vida do meu filho de 4 anos, Estêvão. Desde que nasceu temos conhecido cada vez mais as características de sua personalidade. Desde cedo ele tem apresentado medo, insegurança e timidez em algumas circunstâncias e algumas vezes rejeição da disciplina física.

Antes dele nascer eu orava pedindo a Deus que meu filho viesse a se tornar um homem valente de Deus, pregador do evangelho, corajoso, servo fiel e temente a Deus. Daí você pode pensar: “Deus não ouviu minhas orações!”. Eu também pensei nisso uma vez, até que me lembrei que na Bíblia vemos vários membros do povo de Deus que falharam exatamente naquilo em que são mais famosos, como Gideão, Jó, Pedro e etc. O Apóstolo Paulo se regozijava na fraqueza, pois era na fraqueza que se tornava forte. Deus ouviu minha oração e meu filho nasceu exatamente como Deus ordenou, com fraquezas e inferioridades para que sua personalidade seja aperfeiçoada no poder de Deus e não em suas próprias forças.

Porém, há um pensamento que diz que o sentimento de fraqueza ou inferioridade é a força propulsora da humanidade pela busca por sua superioridade. Essa é a visão da psicologia social de Alfred Adler (1870-1937). Em seu pensamento a personalidade humana é determinada pela natureza da sociedade na qual a pessoa nasceu.

A teoria de Adler sobre a personalidade humana é esquematizada em alguns tópicos:

  • ·         Finalismo e ficção
  • ·         Luta pela superioridade
  • ·         Sentimentos de inferioridade e compensação
  • ·         Interesse social
  • ·         Estilo de vida
  • ·         Self criador

Quero destacar somente o aspecto dos sentimentos de inferioridade e compensação. Adler entendia que o corpo humano pode apresentar uma inferioridade básica, inferioridade essa que existe em virtude de herança ou de alguma anomalia do desenvolvimento. Por este motivo, uma pessoa portadora de defeito em algum órgão em geral procura compensar essa fraqueza pelo fortalecimento do órgão, por meio de tratamento intensivo. Para ele, uma criança é motivada pelos sentimentos de inferioridade a lutar por um nível mais elevado de desenvolvimento. Quando ela atinge esse nível, começa então a sentir-se de novo inferior, resultando daí o reinício de seu esforço para se desenvolver. Para ele o sentimento de inferioridade ou um senso de imperfeição é a grande força propulsora da humanidade, ou seja, o homem é impulsionado pela necessidade de superar sua inferioridade e arrastado pelo desejo de ser superior (HALL; LINDSAY, 1984, p. 123).

Para Adler o interesse social traduz-se no auxílio que o indivíduo pode prestar à sociedade, a fim de que atinja o ideal de perfeição. “O interesse social é a verdadeira e inevitável compensação pela natural fraqueza dos seres humanos individuais” (ADLER, 1929, apud HALL; LINDSAY, 1984, p. 123).

Para ele o estilo de vida é uma compensação para uma determinada inferioridade. Uma criança de constituição franzina terá um estilo que a levará a fazer aquilo que produza força física. A criança deficiente procurará alcançar superioridade intelectual. Segundo Adler, os contextos sociais determinam a personalidade de uma pessoa (HALL; LINDSAY, 1984, p. 124).

Para Alder (HALL; LINDSAY, 1984, p. 126-127), as crianças com enfermidades físicas e mentais, podem compensar suas inferioridades e transformar sua fraqueza em força se tiverem pais compreensivos e encorajadores.

O que há de errado em seu pensamento sobre compensar uma fraqueza em busca de uma superioridade?

O que Adler chama de compensação, o cristão chama de poder de Deus (2 Co 12:9), pois é Ele que fortalece o cristão para que ele possa suportar as adversidades, provações e tentações com perseverança e paciência com alegria, no silêncio e na confiança (Cl 1:11; Is 30:15). Compensação significa deixar de ser aperfeiçoado por Deus por um desejo de luta por uma superioridade que busca reconhecimento próprio ao invés de considerar os outros superiores (Fl 2:3). Esta visão, embora vise o bem-estar da sociedade (parecendo com o que Paulo diz em Efésios 4:28), assemelha-se ao pensamento marxista, que enfatiza a importância do ser humano somente como um membro da sociedade, não como indivíduo. A meta do marxismo não é salvação pessoal, mas a obtenção futura da sociedade perfeita. A compensação busca aperfeiçoar uma inferioridade ou fraqueza (que pode ser um desejo legítimo) por um desejo desordenado do coração para um crescimento autônomo com relação a Deus. A pessoa ao invés de odiar o pecado, defende-se, desculpa-se, racionaliza, reformula e justifica seu pecado, como sendo a força propulsora para o seu crescimento (Sl 36:2-4). O pecador é intencionalmente cego e cegamente intencionado.

CONCLUSÃO

Para concluir vou contar uma experiência que tive com meu filho esta semana, 17.12.2017. No domingo meu filho desobedeceu a mim e a sua mãe, e ainda mordeu o Filipe, seu irmão mais novo. Disse a ele que quando chegássemos em casa ele iria apanhar. Quando voltamos para casa ele foi para o seu quarto dormir pensando que eu havia esquecido, mas antes de chama-lo orei a Deus pedindo que no momento da disciplina meu filho fosse quebrantado, e seu Espírito Santo estivesse me orientando naquele momento. Quando chamei ele para o meu quarto, conversei com ele antes, sobre os motivos da sua disciplina, e disse a ele que se ele aceitasse minha disciplina ele iria apanhar uma vez de correia, caso contrário, seriam duas “correiadas”. Naquele momento ele disse que aceitaria, pediu para que eu o colocasse deitado no meu colo, e então eu bati. Meu filho confiou em mim, graças ao poder de Deus. Depois fomos orar, e lemos Hebreus 12:5-11 onde fala sobre disciplina, daí eu fiz a seguinte pergunta: “O que vamos agradecer a Deus em nossa oração?” Estêvão disse: “Vamos agradecer a Deus pela sua disciplina”.

“Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Coríntios 12:9,10)

Os heróis se vão e nós também - Juízes 16

Alguém disse que um dia especialmente importante para um filho é aquele no qual ele se dá conta de que seus pais pecam. Da mesma forma com...