terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Pequenos sinais da graça de Deus: Precisamos compensar uma fraqueza?


Esta semana estou orando pela vida do meu filho de 4 anos, Estêvão. Desde que nasceu temos conhecido cada vez mais as características de sua personalidade. Desde cedo ele tem apresentado medo, insegurança e timidez em algumas circunstâncias e algumas vezes rejeição da disciplina física.

Antes dele nascer eu orava pedindo a Deus que meu filho viesse a se tornar um homem valente de Deus, pregador do evangelho, corajoso, servo fiel e temente a Deus. Daí você pode pensar: “Deus não ouviu minhas orações!”. Eu também pensei nisso uma vez, até que me lembrei que na Bíblia vemos vários membros do povo de Deus que falharam exatamente naquilo em que são mais famosos, como Gideão, Jó, Pedro e etc. O Apóstolo Paulo se regozijava na fraqueza, pois era na fraqueza que se tornava forte. Deus ouviu minha oração e meu filho nasceu exatamente como Deus ordenou, com fraquezas e inferioridades para que sua personalidade seja aperfeiçoada no poder de Deus e não em suas próprias forças.

Porém, há um pensamento que diz que o sentimento de fraqueza ou inferioridade é a força propulsora da humanidade pela busca por sua superioridade. Essa é a visão da psicologia social de Alfred Adler (1870-1937). Em seu pensamento a personalidade humana é determinada pela natureza da sociedade na qual a pessoa nasceu.

A teoria de Adler sobre a personalidade humana é esquematizada em alguns tópicos:

  • ·         Finalismo e ficção
  • ·         Luta pela superioridade
  • ·         Sentimentos de inferioridade e compensação
  • ·         Interesse social
  • ·         Estilo de vida
  • ·         Self criador

Quero destacar somente o aspecto dos sentimentos de inferioridade e compensação. Adler entendia que o corpo humano pode apresentar uma inferioridade básica, inferioridade essa que existe em virtude de herança ou de alguma anomalia do desenvolvimento. Por este motivo, uma pessoa portadora de defeito em algum órgão em geral procura compensar essa fraqueza pelo fortalecimento do órgão, por meio de tratamento intensivo. Para ele, uma criança é motivada pelos sentimentos de inferioridade a lutar por um nível mais elevado de desenvolvimento. Quando ela atinge esse nível, começa então a sentir-se de novo inferior, resultando daí o reinício de seu esforço para se desenvolver. Para ele o sentimento de inferioridade ou um senso de imperfeição é a grande força propulsora da humanidade, ou seja, o homem é impulsionado pela necessidade de superar sua inferioridade e arrastado pelo desejo de ser superior (HALL; LINDSAY, 1984, p. 123).

Para Adler o interesse social traduz-se no auxílio que o indivíduo pode prestar à sociedade, a fim de que atinja o ideal de perfeição. “O interesse social é a verdadeira e inevitável compensação pela natural fraqueza dos seres humanos individuais” (ADLER, 1929, apud HALL; LINDSAY, 1984, p. 123).

Para ele o estilo de vida é uma compensação para uma determinada inferioridade. Uma criança de constituição franzina terá um estilo que a levará a fazer aquilo que produza força física. A criança deficiente procurará alcançar superioridade intelectual. Segundo Adler, os contextos sociais determinam a personalidade de uma pessoa (HALL; LINDSAY, 1984, p. 124).

Para Alder (HALL; LINDSAY, 1984, p. 126-127), as crianças com enfermidades físicas e mentais, podem compensar suas inferioridades e transformar sua fraqueza em força se tiverem pais compreensivos e encorajadores.

O que há de errado em seu pensamento sobre compensar uma fraqueza em busca de uma superioridade?

O que Adler chama de compensação, o cristão chama de poder de Deus (2 Co 12:9), pois é Ele que fortalece o cristão para que ele possa suportar as adversidades, provações e tentações com perseverança e paciência com alegria, no silêncio e na confiança (Cl 1:11; Is 30:15). Compensação significa deixar de ser aperfeiçoado por Deus por um desejo de luta por uma superioridade que busca reconhecimento próprio ao invés de considerar os outros superiores (Fl 2:3). Esta visão, embora vise o bem-estar da sociedade (parecendo com o que Paulo diz em Efésios 4:28), assemelha-se ao pensamento marxista, que enfatiza a importância do ser humano somente como um membro da sociedade, não como indivíduo. A meta do marxismo não é salvação pessoal, mas a obtenção futura da sociedade perfeita. A compensação busca aperfeiçoar uma inferioridade ou fraqueza (que pode ser um desejo legítimo) por um desejo desordenado do coração para um crescimento autônomo com relação a Deus. A pessoa ao invés de odiar o pecado, defende-se, desculpa-se, racionaliza, reformula e justifica seu pecado, como sendo a força propulsora para o seu crescimento (Sl 36:2-4). O pecador é intencionalmente cego e cegamente intencionado.

CONCLUSÃO

Para concluir vou contar uma experiência que tive com meu filho esta semana, 17.12.2017. No domingo meu filho desobedeceu a mim e a sua mãe, e ainda mordeu o Filipe, seu irmão mais novo. Disse a ele que quando chegássemos em casa ele iria apanhar. Quando voltamos para casa ele foi para o seu quarto dormir pensando que eu havia esquecido, mas antes de chama-lo orei a Deus pedindo que no momento da disciplina meu filho fosse quebrantado, e seu Espírito Santo estivesse me orientando naquele momento. Quando chamei ele para o meu quarto, conversei com ele antes, sobre os motivos da sua disciplina, e disse a ele que se ele aceitasse minha disciplina ele iria apanhar uma vez de correia, caso contrário, seriam duas “correiadas”. Naquele momento ele disse que aceitaria, pediu para que eu o colocasse deitado no meu colo, e então eu bati. Meu filho confiou em mim, graças ao poder de Deus. Depois fomos orar, e lemos Hebreus 12:5-11 onde fala sobre disciplina, daí eu fiz a seguinte pergunta: “O que vamos agradecer a Deus em nossa oração?” Estêvão disse: “Vamos agradecer a Deus pela sua disciplina”.

“Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Coríntios 12:9,10)

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