quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Minha casa é minha vida, será?


Na visão do psicólogo Alfred Adler (1870-1937) o homem é impulsionado pela necessidade de superar sua inferioridade e arrastado pelo desejo de ser superior. Para ele, uma criança é motivada pelos sentimentos de inferioridade a lutar por um nível mais elevado de desenvolvimento. Quando ela atinge esse nível, começa então a sentir-se de novo inferior, resultando daí o reinício de seu esforço para se desenvolver.

O psicólogo Abraham Maslow (1908-1970) desenvolveu essas ideias de Adler, num ponto de vista semelhante, ele achava que o estudo do homem não deveria ser feito a partir de um estudo de fracassos, pessoas com grandes dificuldades, etc. Então ele passou a pesquisar aqueles que estavam fazendo algo na vida, pessoas autorrealizadas, como ele eventualmente passou a chama-las. Maslow chegou à conclusão de que não há mais pessoas autorrealizadas porque a maioria não teve suas necessidades básicas supridas e, consequentemente, são incapazes de satisfazer suas necessidades de autorrealização. Ele visualizou todo esse fenômeno como uma “hierarquia das necessidades”. Ela é vista através de uma pirâmide. De acordo com Maslow, as primeiras necessidades em geral são preponderantes, isto é, elas devem ser satisfeitas antes que apareçam aquelas relacionadas posteriormente. Quando as necessidades são satisfeitas, novamente novas (e ainda superiores) necessidades emergem e assim por diante.

Todos possuem carência últimas de vida, que transcendem as necessidades imediatas, e Cristo direciona o olhar do homem para questões eternas. Ele disse: “quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (Jo 4:14). Estas palavras foram ditas para uma mulher que ao buscar água para saciar sua sede (uma necessidade básica do corpo humano), encontrou no caminho alguém que lhe ofereceu algo que transcendia suas necessidades básicas, algo que saciaria sua sede para a eternidade.

Em Mateus 6:25-34, Jesus virou a pirâmide das necessidades de Maslow de cabeça para baixo, pois aquilo que ele afirma ser uma necessidade básica para o homem viver e crescer, Jesus diz ser um acréscimo (Mt 6:33). Sim, ter uma casa, comida e roupas, são acréscimos para aqueles que buscam o Reino de Deus em primeiro lugar, isto significa que nossa necessidade mais básica e mais importante não é material e sim espiritual.

Não é de se admirar ver cristãos buscando segurança nestas coisas (Mt 6:32), e negligenciando seus deveres conjugais que refletem diretamente na educação dos filhos. Na última década milhares de cristãos priorizaram a construção de suas casas apaineladas (Ageu 1:4), e deixaram em segundo plano aquilo que é prioridade no lar.

Riquezas não são imorais, porém, nosso maior investimento não deveria ser em valores não rentáveis e inseguros (Mt 6:19). Aquele que busca estabilidade financeira, está buscando valores temporais humanos que asseguram melhoria de vida e de trabalho, mas aquele que busca transformação de caráter ao invés de sucesso na situação (2 Cr 1:11-12), está buscando os valores invisíveis e eternos que asseguram a vida e o serviço da sua vocação.

Nosso maior investimento deveria ser em valores rentáveis e seguros (Mt 6:20). Riquezas são bênção quando são canais da graça de Deus, e, impostas, quando canalizadas como objetos de glorificação. Um tesouro pode ser segurança financeira, amor conjugal, filhos, perfeccionismo legalista, sucesso, reputação, opinião das pessoas (Mt 6:21). Paulo instruiu Timóteo, neste sentido: “não depositem sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para o nosso aprazimento...sejam ricos de boas obras...acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro” (1 Tm 6:17-19).

O segredo da vida não está na busca do homem impulsionado pela necessidade de superar sua inferioridade e arrastado pelo desejo de ser superior, mas no encontro, e este encontro é com Cristo. As pessoas falham na localização da verdadeira fonte e na identificação da verdadeira necessidade. Todos os meios e tentativas de suprir suas próprias necessidade são frustradas, pois “não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mt 6:25).

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Você não somente pode, como deve ser corajoso!


Muitos cristãos são controlados pelo medo. Vão a igreja, ouvem a pregação da Palavra de Deus e até sabem o que Deus quer que façam, porém, estão paralisadas espiritualmente, não conseguem obedecer porque estão com medo. Paradoxalmente, o medo pode ter um aspecto positivo. Não é errado pular quando alguém nos dá um susto, ficar amedrontado diante da ferocidade de um animal correndo o risco de ser ferido, ou de ficar perto de alguém descontrolado e violento. Neste aspecto, o medo e a prudência caminham lado a lado (Pv 22:3). Porém, no aspecto negativo, o medo pecaminoso é aquele que nos impede de obedecer a Deus, pois esse medo revela uma covardia moral. Este medo não vem de Deus.

Quando Paulo escreveu sua segunda carta para Timóteo, ele estava na prisão. Neste momento o imperador Nero havia incendiado a cidade de Roma e estava culpando os cristãos. A perseguição estava se intensificando. Não era um momento fácil para um crente. Vários amigos de Paulo haviam abandonado a fé (2 Tm 1:15). Por esta razão, Paulo exortou Timóteo dizendo assim: “reavive o dom de Deus que está em você...” (2 Tm 1:6), “...não se envergonhe do testemunho de nosso Senhor...participa comigo dos sofrimentos a favor do evangelho...” (2 Tm 1:8), “...fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1), “porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Tm 1:7).

É como se Paulo estive dizendo para Timóteo que: “Você não pode ser controlado pelo medo pecaminoso, isso não vem de Deus. A razão pela qual você está dominado pelo medo e pela ansiedade é porque você está pecando”.

“Nossos temores decorrem da falha de não nos avivarmos. Começamos a olhar para o futuro, e então a imaginar coisas e a dizer: ‘O que será que vai acontecer?’” (Dr. Lioyd Jones). Quem foi regenerado deveria saber que Deus nos deu o Espírito Santo e Ele não é um espírito de covardia. A chave para a coragem não está na confiança em si mesmo. Paulo não conduz Timóteo a Timóteo, ao contrário, ele conduz Timóteo a Deus.

1. O ESPÍRITO DE PODER

Diante de uma situação você pode pensar: “Não há como lidar com isso, não sou tão forte assim, vou falhar”. Então você começa a perder a esperança. Seu verdadeiro problema é não entender quão poderoso é o Espírito que está agindo em você. Nossas circunstâncias mais difíceis são insignificantes quando comparados ao poder do Espírito (Ef 1:18,19). Pare de olhar para si mesmo em busca de coragem, e comece a confiar em Deus.

2. O ESPÍRITO DE AMOR

O oposto de um espírito de medo é um espírito de amor. Se você estiver dominado pela ansiedade, pelo medo e preocupação pecaminosos, seu problema é ser egocêntrico demais. Você é uma pessoa egoísta. Está pensando demais em si mesmo. “No amor não existe medo” (1 Jo 4:18). “O adversário do temor é o amor. O amor dá de si mesmo, o temor é autoprotetor. O amor se automovimenta em direção a outras pessoas; o temor as evita. No trato com o temor, nenhuma coisa possui poder tão expulsivo como o amor” (Dr. Jay Adams). Nada pode nos separar do amor de Deus (Rm 8:38,39). Pare de olhar para si mesmo, e comece a amar a Deus e ao próximo (1 Jo 4:8).

3. O ESPÍRITO DE MODERAÇÃO

O medo produz confusão e caos na mente. Algumas pessoas não viajam de avião, não atravessam uma ponte, não falam de Cristo e não querem obedecer a Deus porque têm medo. A palavra “moderação” significa ter “uma mente sensata e segura”, uma mente autocontrolada e disciplinada. Quem não tem paz, é dominado por medo, preocupação e ansiedade. Nossa prioridade é agradar e glorificar a Deus independente do que possa surgir em nosso caminho. Quem passa a vida se protegendo acaba criando em sua mente uma prisão para si mesmo. Contudo, se sua principal preocupação for glorificar a Deus pela sua graça, pela obra capacitadora do Espírito que produz poder, amor e moderação em sua vida, você encontrará liberdade, mesmo que seu corpo esteja numa prisão de verdade.


REFERENCIAL TEÓRICO

MACK, Wayne A; MACK, Joshua. O Temor que Vence o Medo. São Paulo: NUTRA, 2019, p.15-32.

O perigo da assimilação: Conformidade e isolamento – (Ester 2)

Em Ester capítulo 2 vemos dois personagens que viviam na cidade de Susã na Pérsia. O judeu Mordecai e sua sobrinha órfã Ester. O nome he...