quarta-feira, 24 de julho de 2019

A Igreja deve se submeter a Autoridade das Escrituras, e não vice-versa


Vivemos em uma cultura na qual igreja se sente cada vez mais à vontade em reconhecer que é pecadora, existe até certa frequência no ensino sobre o pecado, mas quando as pessoas da igreja, inclusive líderes, são confrontadas com a sua pecaminosidade, reagem de modo bastante defensiva. Existe uma grande dificuldade em admitir pecados específicos, porém, a ideia de admitirmos que somos pecadores de forma ampla, está se tornando comum.  Quando confrontamos alguém que está mentindo ou roubando, a pessoa dificilmente admitirá que é mentirosa ou um ladrão, porém, ela admite prontamente uma ideia ampla de que é pecadora, justificando que “todo mundo faz”, “eu sou humano”, “somos todos pecadores” (BABLER, 2017, p.170-171).

Infelizmente, igrejas evangélicas, inclusive de tradição histórica reformada, estão invalidando a Palavra de Deus por causa de tradições de homens (Mt 15:6), exatamente o que a reforma protestante combateu na igreja medieval no século 16. Estão absolvendo aqueles que praticam adultério, fornicação, roubo, e condenando outros pelo que comem, bebem ou vestem. Estão dispostos a perdoar com facilidade aqueles que denigrem o nome do Senhor e desobedecem a sua Palavra, porém, perseguem aqueles que “denigrem” seu nome e suas ordens. A disciplina bíblica visa o arrependimento, o perdão e a reconciliação com Deus e com o irmão, quando a liderança o faz  visando punição, vingança e humilhação, ela já deixou de ser bíblica.

Calvino diz que “sejam quais forem os títulos – de concílios, de pastores, de bispos e da igreja (títulos que podem ser muito bem arrogados ou pretendidos sem mérito nem direito), não nos devem impedir que, tendo nós recebido as necessárias advertências (AT: Jr 6:13; 14:14; Ez 22:25-28; Mq 3:5-7; Sf 3:4; NT: Mt 24:24; At 20:29,30; 2 Ts 2:1-12; 1 Tm 4:1-5; 2 Tm 3:1-9; 4:3,9-18; 2 Pe 2:1; 1 Jo 4:1), examinamos o espírito de todos os homens usando como padrão a Palavra de Deus, para vermos se eles são de Deus (CALVINO, 2006, vol.4, p.129).

A infidelidade ou negligência de um pastor é fatal a igreja. Pois assim como a salvação de seu rebanho é a coroa do pastor, assim também todos os que perecem serão requeridos das mãos dos pastores displicentes (CALVINO, 2006, 125). Nossos líderes estão servindo mais a estrutura (governo da igreja, estatuto e etc.) do que a Deus (STETZER, 2015, p.122).

É bom lembrar que, o Rei Ezequias foi louvado (2 Rs 18:3,4) pelo testemunho do Espírito Santo, por haver destruído a serpente de bronze que tinha sido erguida por Moisés por ordem de Deus. Por quê? Porque, em vez de ser preservada para lembranças da manifestação da graça de Deus, o que não seria mau, passou a servir à idolatria do povo. Da mesma forma, se começarmos a invalidar a Palavra de Deus, por causa de tradições de homens, servindo mais a estrutura do que o próprio Deus, o Senhor pode entrar em cena a qualquer momento e destruir aquilo que Ele mesmo ordenou que fosse edificado! O governo e a estrutura eclesiástica devem se submeter a autoridade das Escrituras, e não vice-versa.

A igreja é santificada e purificada por meio da lavagem de água pela Palavra de Deus (Ef 5:25-27). Cristo testificou que não falava de si mesmo (Jo 7:16-18), visto que a sua doutrina foi tomada da Lei e dos Profetas, de igual modo, aquele que em nome do Espírito nos apresentar alguma coisa que não faça parte do conteúdo do evangelho, deve ser rejeitado, pois como Cristo é o cumprimento da Lei e dos Profetas, assim também o Espírito é o cumprimento do evangelho (Jo 14:26; 16:13).


REFERENCIAL TEÓRICO

BABLER, John; ELLEN, Nicolas. Fundamentos teológicos do aconselhamento bíblico e suas aplicações práticas. São Paulo: Nutra, 2017.

CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. IV Vol. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

STETZER, ED. Plantando Igrejas Missionais: Como plantar igrejas bíblicas, saudáveis e relevantes a cultura. São Paulo: Edições Vida Nova, 2015.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Pequenos sinais da graça de Deus: "A aliança quebrada"


Alguns meses atrás senti um incômodo em meu dedo, e quando olhei para minha aliança percebi que ela estava quebrada. Fiquei imaginando o que poderia ter causado sua ruptura, e lembrei que poucas semanas antes, eu havia aumentado bastante o peso dos meus exercícios físicos na academia, então pensei que havia descoberto a causa do problema, ou seja, com certeza o excesso de peso havia feito minha aliança quebrar.

Porém, há um detalhe que eu não contei, é o grande xis da questão. Estou com esta aliança há 8 anos e meio, ou seja, desde que me casei, mas ela veio com um pequeno defeito quando eu a adquiri, havia nela uma pequena trincadura, era tão minúscula que nem dava para ver, e o ourives disse que eu poderia levar para ele consertar de graça na época. Mas como era tão insignificante a trincadura, e com a correria da vida, eu ignorei essa trincadura, mas a cada ano ela foi aumentando bem devargazinho.

Por que eu postei isso?

Raramente alguém é derrotado da noite para o dia, na verdade, quando alguém cai em pecado é porque já estava entrando nele bem devagarzinho. O caráter de um casamento não se deve a três ou quatro momentos significantes como dizia Paul Tripp. Não, o caráter do casamento é estabelecido por meio de dez mil momentos insignificantes. O caráter definido nos momentos insignificantes é aquele que estará a sua disposição naqueles grandes momentos da vida. A confiança, portanto, não é construída em dois ou três momentos grandes de promessa (apesar desses momentos serem também determinantes), mas o momento após momento e dia após dia. Confiar significa ter tanta certeza de que se pode depender da integridade, da força, do caráter e da fidelidade da outra pessoa que está disposto a se entregar aos cuidados dela.

Descobrir a causa de um problema pode até ser importante, pode até trazer um alívio momentâneo, mas não é sinônimo de mudança ou libertação na vida de uma pessoa.  A tendência de cair em tentações não surge de causas externas, mas de dentro de nós. A nossa queda não é causada pelas mãos dos nossos inimigos e sim pelo nosso próprio peso (Dt 32:35; Sl 73:17,18; Tg 1:14,15). Israel enquanto marchava em direção a terra prometida, venceu todos os seus inimigos. Com exceção das situações em que o povo se encontrava com pecados ocultos ou quando eram feridos com pragas, doenças e por serpentes devido a murmuração contra Deus durante a peregrinação, Deus abençoava e guardava este povo como a menina dos seus olhos.

A Bíblia ensina que o casamento é uma aliança, e a talvez você tenha assumido um compromisso (aliança) com alguém trazendo pequenos vícios e pecados ocultos que você tem ignorado há anos por achar que são insignificantes, e como Deus tem abençoado seu casamento com um bom emprego, um bom carro, com uma boa igreja para sua família, você esteja pensando que Ele está aprovando seu estilo de vida. Cuidado, Deus é misericordioso e longânimo com seus filhos, por isso sucesso não é necessariamente sinônimo de aprovação.

O peso que causou a ruptura em minha aliança pode significar várias coisas em um casamento. O peso na verdade demonstra onde está o nosso coração, onde estamos colocando todo nosso investimento, e caso este investimento esteja sendo feito em valores não rentáveis e inseguros, é certo que haverá ruptura. A chegada de um filho é uma coisa boa, que pode se tornar em um peso, caso haja falta de harmonia conjugal (Gn 2:24). O trabalho e o ministério na igreja podem se tornar pesados, caso as motivações estejam erradas ou haja corrupção e imoralidade presentes ali. A questão não é o peso em si, mas como estou reagindo em cada situação. Nosso maior problema não é de natureza experimental, biológica, ou de relacionamento, nosso maior problema é moral. O pecado não somente me faz reagir pecaminosamente ao sofrimento, ele me faz reagir de maneira pecaminosa às bençãos outorgadas por Deus. O pecado produz rebeldia, insensatez e nos torna incapazes de fazer o que Deus ordenou que fizéssemos.

As grandes batalhas não são travadas com o meu cônjuge, não, as grandes batalhas são aquelas que travo com o meu coração. O DNA do pecado é o egoísmo. O egoísmo diz: “eu sou o centro do mundo. É certo viver para mim mesmo e só fazer o que me traz felicidade”.

Casamentos saudáveis são saudáveis porque as pessoas que estão nestes casamentos aprenderam a dizer não aos instintos egoístas que se escondem em seus corações e nos corações de todos nós. Isso leva a manipulação. De maneira “inconsciente” tentarei fazer que o meu cônjuge se torne cúmplice daquilo que eu quero. A natureza da manipulação é que ela é motivada pelo amor próprio, e não pelo amor pelo outro.

A mudança é possível através do evangelho de Jesus, e não em um sistema de redenção fundamentado em teorias da psicologia secular. Precisamos de resgate, cura e perdão. A melhor notícia neste dia não é que no reino de Deus não haverá isenção de dificuldades, sofrimentos e perdas, mas é que o Redentor veio nos resgatar de nós mesmos. Ele é a esperança. Ele é a nossa redenção.

Cristo veio restaurar as pessoas a fim de viverem de acordo com o propósito para o qual foram criadas: viver em adoração e submissão obediente a Ele em todas as áreas da vida. Seu reino não é um império terreno e político, pois a batalha principal é combatida e vencida nos corações humanos.

OBS: As alianças acima foram restauradas de graça pelo ourives depois de muitos anos! Da mesma forma, existe um grande ourives que pode restaurar a trincadura ou até mesmo a ruptura de seu casamento, porém, o pecado também pode trazer consequências irreversíveis.

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...