sábado, 23 de novembro de 2019

“Por que eu?” Lidando com a autocomiseração


Todos nós somos tentados a fazer esta pergunta: “Por que eu?!”. Basta enfrentarmos uma dificuldade, um conflito, um sofrimento, uma perda, que logo dizemos: “Por que?”. A Bíblia indica que muitos homens de Deus lutaram com o problema da autocomiseração. Moisés se perguntou “por que eu?” de diversas formas e várias vezes no livro de Êxodo. Quando ele foi até Faraó para pedir que liberasse os israelitas para celebrarem uma festa ao Senhor, Faraó respondeu aumentando a carga de trabalho do povo (Êx 5:15-23; v.21,22). Elias também fez a mesma coisa depois de repreender Acabe, sua esposa Jezabel e os sacerdotes de Baal, por sua idolatria. Em 1 Reis 18, Elias invocou fogo do céu para consumir seu sacrifício de demonstrar o poder de Deus. Por causa disso Acabe e Jezabel ameaçaram Elias de morte, e o profeta fugiu para o deserto, e pediu para Deus tirar sua vida, dizendo que não era melhor do que seus antepassados (1 Rs 19:4). Em outras palavras: “Por que eu?”.

O Salmo 73 mostra um homem lutando com a autocomiseração. Este homem está claramente sentindo pena de si mesmo (Sl 73:13,14). Deus não quer que enfrentemos nossos problemas com autocomiseração tentando responder “Por que eu?”. Saber a razão dos nossos problemas não significa que eles serão resolvidos. Saber por que algo aconteceu em nossa vida não muda nossa realidade nem nos ajuda a lidar com o fato. Em vez de perguntar “Por que?”, deveríamos perguntar: “Agora que isso aconteceu, como devo lidar com a situação? Como devo reagir a esse fato?”.

As verdadeiras causas da autocomiseração são provocadas por aqueles pecados que contribuem para que a pessoa sinta pena de si mesma: inveja, visão exagerada das coisas, entendimento errado da verdadeira prosperidade e aborrecimento pecaminosos (Sl 73:3-14).

A verdadeira cura para autocomiseração provém de Deus. É necessário exercer controle sobre nossas palavras e pensamentos, indo ao “santuário” de Deus em busca de sabedoria e entendimento, e meditar nos privilégios que um crente tem como filho de Deus (Sl 73:15-28).

Nenhum problema está fora do controle de Deus, porque Ele controla o universo, e nada está além das soluções possíveis. Todo problema tem um propósito. Crer na soberania de Deus é o que fará a diferença, pois Ele é um ser pessoal, não está distante de nós. Nossas orações não o instruem, não o ordenam, não o manipulam. Deus é soberano em nossas vidas e problemas, e Ele não fará barganha conosco, não abandonará sua sabedoria para acomodar-se à tolice da sabedoria humana.

Deus está no controle de tudo e da suposta injustiça da situação em que estamos vivendo. A justiça de Deus nem sempre se manifesta imediatamente. A injustiça parece prevalecer por pouco tempo (Sl 37 e 73). Isso tudo tem a ver com a fé (Hb 11), para uma visão de longo alcance na dependência da sua Palavra. Deus é justo, e qualquer declaração que diga que “isto não é justo”, está desafiando a justiça e a fidelidade da Palavra de Deus, ou seja, está exibindo uma declaração explícita de falta de fé.

REFERENCIAL TEÓRICO

MACK, Wayne A. Caído, mas não Derrotado: Lidando Biblicamente com o Desânimo, o Abatimento e o Esgotamento. São Paulo: NUTRA, 2016, p.149-166.

ADAMS, Jay E. Teologia do Aconselhamento Cristão: Mais que Redenção. Eusébio: Peregrino, 2016, p.65-135.

sábado, 16 de novembro de 2019

Vencendo a ansiedade


Já foi dito, pela revista Time, que vivemos “A Era da Ansiedade”. Muitas pessoas experimentam problemas físicos por causa da ansiedade no coração. Muitos problemas têm origem na incapacidade que as pessoas têm de lidar com o medo e a ansiedade. A ansiedade é uma evidência do orgulho que há em nosso coração. Não nos contentamos em simplesmente fazer o que Deus ordena e deixar com Ele os resultados (1 Pe 5:6,7). Pessoas orgulhosas pensam que elas têm que fazer as coisas acontecerem e ficam ansiosas quando os resultados não saem como planejaram. A preocupação é uma completa perda de tempo e energia porque nunca faz algo acontecer nem impede que algo aconteça.

Ansiedade em si, é um sintoma de alguma doença – algum pecado – em nossa vida. A ansiedade certamente é pecado, mas um pecado causado por outro pecado. Precisamos descobrir qual é esse pecado para podermos nos arrepender dele e tratá-lo (clique aqui). Existem preocupações legítimas que não são pecaminosas em si, e elas devem estar submetidas ao controle de Deus (1 Co 7:32-34; 12:25; 2Co 11:28; Fp 2:20).

A preocupação é inútil, desnecessária, e imprópria para os filhos de Deus (Mt 6:24, 27-32). A preocupação envolve incredulidade, porque não cremos que Deus suprirá aquilo que prometeu (Mt 6:30,33; Fl 4:19). Nossa incredulidade questiona a soberania, a sinceridade e a suficiência de Deus (Sl 103:19; Dn 4:35; Rm 8:28; 2 Co 1:20; Hb 13:5,6; Is 41:10). Quando nos preocupamos estamos tentando agir como Deus, colocando-nos no controle (Nm 11:10,11,14).

A preocupação pode ser vencida (Jr 17:7,8; Sl 29:11; 85:8; Is 26:3; Gl 5:22; Fl 4:6). Vencer a ansiedade requer a paz de Deus (Sl 3:5). O apóstolo Pedro experimentou essa paz que excede todo entendimento, quando Herodes o prendeu juntamente com Tiago. Tiago foi decapitado imediatamente, e Pedro fora lançado na prisão até o fim da Páscoa. Na noite anterior ao seu julgamento, Pedro estava dormindo entre dois soldados (At 12:6; veja At 16). Esta paz guarda o coração e a mente (Fl 4:7). Esta paz se coloca como proteção contra um inimigo. A ansiedade é o inimigo contra o qual a paz de Deus, que excede todo entendimento, guarda nossa mente e coração – o homem interior (Fl 4:6).

Esta paz está em Jesus, então todos os crentes podem experimentá-la. A fonte principal de ansiedade em nossa vida é a incredulidade (Jo 14:1), e um dos segredos para vencê-la é aumentarmos a nossa fé com adoração, oração, súplicas, ações de graças em tudo e pedidos específicos de ajuda a Deus (Fl 4:6,7). Deus está envolvido pessoalmente em nossa vida, e quando estivermos pressionados em uma situação sem saída, Ele providenciará um escape (1Co 10:13). Por isso é preciso aprender a pensar corretamente, desenvolver relacionamentos com pessoas piedosas e fazer uso da nossa fé.

A ansiedade no coração do homem o abate [deprime], mas a boa palavra o alegra” (Provérbios 12:25)

“O ânimo sereno [coração em paz] é a vida do corpo, mas a inveja [que inclui ansiedade] é a podridão dos ossos” (Provérbios 14:30)


REFERENCIAL TEÓRICO

MACK, Wayne A. Caído, mas não Derrotado: Lidando Biblicamente com o Desânimo, o Abatimento e o Esgotamento. São Paulo: NUTRA, 2016, p.23-84.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Lidando com o Esgotamento


O “burnout” é uma nova palavra que tem sido utilizada para um velho problema, o esgotamento. Esta síndrome, envolve sentimentos de desinteresse, indiferença, apatia, ódio, tédio, confusão, cansaço e perda de motivação. A pessoa chega ao ponto de fatiga mental, emocional, física e espiritual. Via de regra, empregamos os termos “síndrome” e “transtorno”, quando estamos tratando de um problema físico, mas não podemos identificar as células que causam o problema, ou seja, não há uma definição patológica objetiva através de exames que possam diagnosticar as causas dessa doença, o que temos são apenas critérios subjetivos a respeito desses problemas.
Por este motivo eu prefiro utilizar a palavra esgotamento, pois o termo “burnout” tem sido usado tristemente até como uma desculpa para as ações irresponsáveis no casamento, na educação dos filhos, na igreja e no trabalho. O esgotamento é uma luta comum entre os crentes (AT: Sl 6:6; 42:5; 69:1-3; 73:2,13-14; Jó 10:1-3; 17:1; 30:16-23; 1 Rs 19:4,10,14; Nm 11:10-15; Hb 3).
O esgotamento tem sérias consequências. Pessoas esgotadas perdem as forças, a perseverança e a alegria (Is 40:31; Sl 138:3; 42:3,4; Ef 3:13; Cl 1:24,29). Pessoas esgotadas começam a aprovar e aceitar coisas vergonhosas, a andar com astúcia, a adulterar a Palavra de Deus e a buscar somente seus próprios desejos, no lugar daquilo que Deus deseja (2Co 4:1,2). Pessoas esgotadas param de crer na Palavra de Deus, de pregar ousadamente a Cristo e de viver como servos dele, param de pensar biblicamente sobre suas provações e dificuldades, param de fazer o bem e passam a viver concentradas em si mesmas (2Co 4:5-18; Gl 6:9; 2Ts 3:13).
A causa principal do esgotamento está no diálogo interno, ou seja, em nossos pensamentos (Fl 4:8; Sl 19:14; Mt 12:34,35; Mc 7:20-23). O diálogo interno revela o estado do nosso homem interior e determina o estado do nosso homem exterior. “Quem quiser verificar sua verdadeira condição espiritual pode fazê-lo notando quais foram os seus pensamentos nas últimas horas ou dias” (A. W. Tozer). Somos responsáveis por nossas ações, então ao invés de dizermos que fomos derrotados pelo pecado, precisamos começar a reconhecer que fomos desobedientes a Deus. Mesmo que o mundo nos ensine a ouvir nosso coração, precisamos “falar ao nosso coração”.
O segredo para vencer e evitar o esgotamento está na constante renovação espiritual do nosso homem interior (2 Co 4:16). A renovação do homem interior somente é possível naqueles que foram salvos pela fé em Cristo, pois ela é o fundamento necessário para obra do Espírito (Tt 3:5). Devemos manter em forma o homem interior, assim como desejamos manter em forma nosso corpo físico, dia após dia, devemos alimentar nosso espírito com a Palavra de Deus. Quando estamos no limite de nossas forças, enfraquecidos, temos a oportunidade de testemunhar o tesouro que habita neste vaso de barro frágil, para mostrar que a força e o poder vêm de Deus e não de nós (2 Co 4:7; 1 Pe 3:14). Não devemos nos limitar as coisas terrenas, mas ter uma expectativa correta sobre o futuro. Existem coisas melhores e superiores que estão por vir. Por mais duro que seja, nossos sofrimentos ainda são “leves” e “momentâneos” comparados com a glória que ainda está por vir (2 Co 4:17,18).


REFERENCIAL TEÓRICO

MACK, Wayne A. Caído, mas não Derrotado: Lidando Biblicamente com o Desânimo, o Abatimento e o Esgotamento. São Paulo: NUTRA, 2016, p.87-146.

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...