quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Aborto: Quem odeia bebês, e planeja sua morte, na verdade odeia a Jesus

No evangelho de Mateus 2:3, vemos que o nascimento de Jesus deixou o rei Herodes alarmado, pois o nascimento do ungido da promessa seria uma ameaça pessoal a sua posição oficial, então ele determinou que todos os meninos de dois anos abaixo fossem mortos na região de Belém.

Nos escritos de Moisés, também vemos um rei fazer algo semelhante. Faraó rei do Egito, viu como maldição, algo que Deus pronunciara como benção na criação: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1:28). Como o povo de Israel estava enchendo a terra (Êx 1:7), a multiplicação do povo hebreu se tornou uma ameaça ao poder desse rei que depois de oprimir fortemente os israelitas, ele planejou o assassinato de crianças (Êx 1:13-16).

Ambos, Faraó e Herodes representam nações e pessoas enfurecidas contra o Cristo de Deus (Sl 2:1-2). Em Gênesis 3:15 vemos que a promessa da vinda do “descendente da mulher” que esmagaria a cabeça da serpente, que cumpriria toda a exigência da lei, e faria a expiação dos nossos pecados através do seu corpo (morte e ressureição), é sobre Jesus. Esta fúria contra Jesus sempre foi direcionada aos bebês em geral. Quando se trata de Jesus vs. ego humano, os bebês são pegos em fogo cruzado. As crianças sempre saem feridas: seja por tramas políticas como as de Faraó e de Herodes; seja mediante conquistas militares nas quais os exércitos sedentos de sangue arrancam bebês das barrigas de mães grávidas (Am 1:13).

No livro do Apocalipse vemos a figura da mulher dando à luz a um “um filho varão, que há de reger todas as nações com centro de ferro” (Ap 12:5). Em sua frente encontra-se um dragão, a antiga serpente, que tenta devorar o bebê (Ap 12:4), e como ele não consegue matá-lo, sua fúria é dirigida contra a mulher e os restantes de sua descendência” (Ap 12:17), e isso ele está fazendo até o presente momento. A mulher representa a igreja e o bebê é Jesus.

Em última instância, quem odeia bebês, e planeja sua morte, na verdade odeia a Jesus. Uma fé genuína protege a vida. Todos os cristãos são chamados a proteger as crianças. As autoridades também têm esse dever (Rm13:1-5), razão pela qual deveríamos trabalhar para declarar ilegal o aborto. A proteção de crianças não é caridade, trata-se de uma batalha espiritual (Lv 20:1-8), e quem “fechar os olhos para não ver” quando um bebê estiver prestes a ser sacrificado tendo a oportunidade de salvá-lo, também será culpado (Lv 20:4-5).

Não é de estranhar vermos pessoas e nações comemorando o Natal no fim do ano, e ao mesmo tempo planejando matar crianças através do aborto, aliás Jesus nasceu em um cenário de guerra assim. Estes são os modernos adoradores de Baal ou Moloque (Sf 1:4,5). Esta religião não afirmava o Deus da Escritura, mas o deus do Estado e seu governante. Os pais se reuniam perante o altar deste deus e sacrificavam seus filhos de forma cruel, seus filhos eram queimados vivos, e neste mesmo altar eram praticadas orgias bissexuais. Esta é a fé do Estado de muitas nações. Nossos filhos estão sendo sacrificados dia após dia, só que de uma maneira maquiada e florida como o exemplo da legalização do aborto.

Devemos manter e defender publicamente a verdade, pois quando nos conservamos calados quando a iniquidade reclama a repreensão de nossa parte e suprimimos a verdade com o nosso silêncio indevido em uma causa justa é certo que sofreremos as consequências da nossa iniquidade (Pv 31:8,9; Lv 5:1, Lv 19:17; 1 Rs 1:6; At 5:3).

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Nascemos para crescer: O Cristianismo vai além de João 3:16

“O evangelho é como um leão enjaulado”, disse Charles Spurgeon. “Não precisamos defendê-lo, só precisamos deixar que saia da jaula”. Hoje, a jaula é nossa acomodação à divisão secular/sagrado que reduz o cristianismo a questão de crença pessoal e particular. Para destrancarmos a jaula, precisamos nos convencer de que, como disse Francis Schaeffer, o cristianismo não é mera verdade religiosa, mas verdade total – a verdade sobre a totalidade da realidade (Nancy Pearcey – Verdade Absoluta, p.20).

Historicamente, os evangélicos são bons na mensagem de salvação pessoal, mas não tão bons para ajudar as pessoas a interpretar o mundo, oferecendo uma cosmovisão bíblica como lentes de intepretação em áreas como ciência, política, economia ou bioética.

Muitas igrejas repetem a mensagem da justificação pela fé (salvação sem méritos de obras), e negligenciam a mensagem sobre santificação (como viver depois da conversão, fé viva em obras). Ninguém ao ver seu filho nascer diz: “meu filho nasceu, tá bom demais, não precisa de mais de nada”. Depois que um filho nasce, os pais providenciam meios para que seu filho cresça de maneira saudável, provendo roupas, alimentos, amor, educação etc. (Lc 11:11-13) Na vida cristã é a mesma coisa, por incrível que pareça tem pastor que diz no púlpito que uma pessoa regenerada não precisa de mais nada, sua salvação está garantida, estes se esquecem de que a salvação tem o propósito de glorificar a Deus, e o cristão deve crescer em santificação progressiva.

“Cristo não somente morreu por nós, ele também viveu por nós” (Sproul). Temos um exemplo de obediência para ser imitado em vida. Nossa salvação repousa não somente na morte expiatória de Cristo, mas em sua vida e obediência perfeita. Se nossa redenção dependesse somente da morte de Cristo, Jesus poderia ter descido do céu e ido direto para cruz para assegurar nossa salvação fazendo a expiação de nossos pecados, mas ele também teve de cumprir toda a justiça da lei se submetendo em cada ponto da lei de Deus.

Não há necessidade de evitar o mundo secular e se esconder atrás das paredes de uma subcultura evangélica. Aliás, os protestantes se opuseram ao conceito católico romano que fazia distinção entre o sagrado e o secular. Os protestantes se empenharam para ensinar que aqueles que viviam nos monastérios (monges, freiras), não eram mais espirituais ou mais santos do que aqueles que tinham uma vocação secular. A reforma trouxe o homem para fora da igreja, convidando-o a exercer seu sacerdócio real em sua vocação secular.

O Mandato Cultural é o primeiro mandato no livro de Gênesis. O homem foi colocado para supervisionar todas as formas de vida na terra, este governo envolvia trabalho. O domínio e sujeição (Gn 1:28), a guarda e o cultivo (Gn 2:17) são ordens claras com relação a este mandato. A responsabilidade do homem era cuidar, guardar e desfrutar da criação. A política, trabalho, educação, artes, lazer, tecnologia, indústria deveriam ser desenvolvidos com os padrões estabelecidos por Deus. O trabalho do homem não é uma opção, e sim uma ordem. O trabalho é um mandato de Deus, por isso devemos entender que nossa profissão deve honrar a Deus seja em que área for. Muitos entendem que o trabalho é um peso, ou uma tarefa que só tem por objetivo o sustento de sua família (Cl 3:22-25, Rm 8:19-23 e 2 Ts 3:10-12). Muitos cristãos entendem este mandato como “secular”, ou seja, tudo aquilo está ligado ao mundo físico e temporal não é espiritual. A Bíblia nos mostra exatamente o contrário, tudo deve ser feito para a glória de Deus, por isso não existe esse dualismo: “Sagrado” e “Secular”.

Nancy Pearcey, em seu livro “Verdade Absoluta” conta a história de um advogado que não sabia como servir a Deus em seu trabalho, pensando em abandonar sua carreira para ser um missionário. Ele não sabia integrar sua fé cristã à sua vida profissional. Quando este advogado entendeu que ele não precisava abandonar sua carreira profissional para servir a Deus, ele redescobriu a alegria de viver. Advogados podem ministrar a cônjuges que procuram divórcio, orientar adolescentes em dificuldade com a lei, aconselhar homens de negócios em conflitos éticos para fazerem o que é certo, confrontar ministérios cristãos que estejam transigindo os princípios bíblicos. Um advogado pode ser um instrumento de Deus para confrontar o erro, estabelecer a justiça, defender os fracos e promover o bem público. A mediação, e a arbitragem são privilégios que um advogado cristão pode oferecer na esfera pública a visão bíblica sobre justiça, direito e reconciliação na área legal (1Co 6:1-8).

Cristãos comuns que trabalham no comércio, na indústria, na política, na fábrica e em outras áreas ocupacionais, são as “tropas de linha de frente da igreja em sua guerra com o mundo”. Um bom discipulado, é aquele que ensina os crentes a continuar vivendo para Deus após saírem da igreja aos domingos.

Temos de ser como missionários, traduzindo a língua da fé para a língua da cultura em que vivemos. O problema é que nós cristãos temos pouco treinamento para analisar as bases conceituais de uma ideologia ou cosmovisão. Um professor de apologética certa vez disse que o crente toupeira é aquele que inicia uma conversa com frases do tipo: “e aí, você já foi lavado no sangue do Cordeiro?”, e em resposta ao questionamento do seu interlocutor ele costuma ser simplista dizendo frases do tipo: “A Bíblia diz que Jesus é a solução dos seus problemas”. 

O cristão pode melhorar seu diálogo com as pessoas do mundo aprendendo a interpretar sua cosmovisão de maneira mais gentil, expressando compaixão e empatia por elas e com aquilo que elas estão produzindo. Por exemplo, os artistas são o barômetro da sociedade, e quando o cristão aprende analisar a cosmovisão embutida em seus trabalhos, ele melhora sua abordagem com os não crentes.

Há um método de diálogo chamado de Método Apologético Pressuposicional. Um de seus propósitos principais é revelar as verdadeiras razões por trás do processo argumentativo do incrédulo e só, então, aplicar as Escrituras aos pressupostos apóstatas que estariam na raiz da incredulidade de nosso interlocutor. Eu me utilizei deste método para analisar a teoria da Psicologia Individual de Alfred Adler em minha monografia. Aprendi a não ser tendencioso, mas reunir informações necessárias através de um diálogo que tem aproximadamente um século de idade (seus livros foram escritos no início do século XX), analisando sua teoria com base na matriz de interpretação mais consistente da realidade chamada de cosmovisão cristã, pois todos os seus pressupostos estão contidos no tema central da Escritura Criação-Queda-Redenção

  1. CRIAÇÃO: Como tudo começou? De onde viemos?
  2. QUEDA: O que deu errado? Qual é a fonte do mal e do sofrimento?
  3. REDENÇÃO: O que fazer a esse respeito? Como consertar o mundo?

Talvez você seja um cristão acomodado à divisão sagrado/secular que ao invés de destrancar a jaula, você está acariciando a cabeça do leão neste momento, reduzindo o cristianismo somente na esfera pessoal e particular em sua vida. Que tal redescobrir a alegria de viver em seu campo de ação? Dica: Comece em Gênesis.

 

 

Estrutura vs. Direção

 

A estrutura é a “essência” de algo criado por Deus, percebida através de nossas experiências em todos os lugares e a “direção” refere-se ao desvio pecaminoso das coisas criadas por Deus, as quais anseiam pela redenção e renovação somente em Cristo. A família, a igreja, a sexualidade, a música, a arte, a ciência, os pensamentos, as emoções, o trabalho, são coisas estruturais (criadas por Deus) e que estão envolvidas num jogo de poder entre a atração do pecado e da graça. Existe uma batalha direcional dessas áreas da criação.

A “estrutura” é algo que foi criado bom (Gn 1), porém, ela pode seguir em outra “direção” quando não é direcionada para servir a Deus, mas aos ídolos (Gn 3). Qualquer coisa que não seja dirigida para a glória e serviço de Deus é pecado (1Co 10:31; Rm 14:23).

Qualquer seja o empreendimento é preciso perguntar: “Qual a estrutura original que Deus criou e como está sendo torcida e dirigida para fins pecaminosos? ”. Por exemplo, ao invés de perguntar se o casamento é algo bom ou ruim, a pergunta a ser feita é: “No casamento, o que é estrutural (como Deus criou) e o que é direcional (o que foi afetado pelo pecado)? ”. “Sobre a sexualidade, o que é estrutural (como Deus criou) e o que é direcional (o que foi afetado pelo pecado)? ”.

Por exemplo, a música é boa, mas músicas populares podem ser usadas para glorificar a perversão moral. A arte é boa, um presente de Deus, mas os livros e filmes podem ser usados para transmitir cosmovisões não bíblicas e promover a decadência moral. A ciência é uma vocação de Deus, mas pode ser usada para arruinar a crença em um criador. A sexualidade é uma ideia primordial de Deus, mas pode ser distorcida e retorcida para servir propósitos egoístas e hedonistas. O Estado é ordenado por Deus para estabelecer justiça, mas pode ser deturpado para fins tirânicos e injustos. O trabalho é uma vocação de Deus, mas em uma cultura empresarial corporativa pode ser tornar um vício, uma escalada desvairada para conseguir uma posição social mais alta na empresa, um salário maior, um currículo mais impressionante (Nancy Pearcey – Verdade Absoluta, p.96).

Em cada área da vida, é preciso distinguir entre o modo como Deus originalmente criou o mundo, e o modo como está sendo deformado pelo pecado. Deve haver santidade econômica na vida dos negócios, santidade no casamento, santidade na educação dos filhos, santidade nos relacionamentos, santidade nos estudos, etc. Tudo que foi criado (estrutura) por Deus é bom e deve ser santificado por meio da sua Palavra e pela oração (1 Tm 4:4,5).

 

O desequilíbrio na proclamação do evangelho

 

Muitos pregadores pensam que o sermão eficiente é somente aquele que deixa a congregação se sentindo culpada, ou seja, eles não possuem uma mensagem bíblica equilibrada sobre culpa e pecado com a mensagem bíblica de perdão e renovação. Alguns enxergam a doutrina da “depravação total” em letras garrafais e a novidade de vida em Cristo com letras minúsculas.

O desequilíbrio mais comum é a ênfase demasiada na queda. Deve haver um equilíbrio entre os elementos CRIAÇÃO/QUEDA/REDENÇÃO. A Bíblia não começa na queda, e sim na criação. Em uma cultura secularizada, onde as pessoas desconhecem conceitos básicos de teologia, é mais prudente começar pela criação e não pela queda, caso contrário seria adequado começar com a queda.

O apóstolo Paulo tinha uma abordagem baseada nas Escrituras de acordo com o seu público. Em Atos 13:14-16 ele vai pregar o evangelho em uma sinagoga num sábado. Neste texto, o grupo era formado por judeus. Também havia presença gentílica ali. Paulo inicia com um dos principais fatos da história judaica, o êxodo. Ele relembra a história de Israel até Davi, e intencionalmente, lhes introduz a promessa do Messias (At 13:23). Neste contexto ele prega a Cristo a partir do Deus de Israel, se fundamentando no Antigo Testamento para lhes apresentar o Messias. Já em Atos 17:16-31, Paulo proclama Cristo para os gentios que não conheciam as Escrituras. Ele está em Atenas, o centro filosófico do mundo da época. O sermão de Paulo neste contexto não se iniciou nas Escrituras do Antigo Testamento, ele pregou Deus a partir das evidências da criação e do deus desconhecido (At 17:23).

Em Atenas, somente depois que Paulo formou seu argumento baseado na criação (quem é Deus; quem somos; e o que lhe devemos) é que ele apresentou os conceitos de pecado e arrependimento. Ao falarmos com as pessoas do século XXI que não tem conhecimento da Bíblia, é preciso seguir o modelo de Paulo, baseando argumentos na criação antes de apresentar a mensagem de pecado e salvação.

Para isso é preciso aprender a se relacionar, pois vivemos em uma sociedade moderna cada vez mais privatizada, as “vizinhanças” desaparecem e as pessoas se fecham cada vez mais em seus mundos particulares. As pessoas não estão abertas a ouvir um estranho. O evangelismo por meio de rádio, TV, jornais, folhetos, transmissões de cultos pela internet, podem ser importantes, porém, em uma cultura privatizada, podem criar pessoas resistentes ao compromisso e ao discipulado.

Em uma sociedade cada vez mais privatizada, as pessoas raramente ouvem o evangelho a partir de estranhos. Uma igreja que é caracterizada pelo evangelismo por amizade, é desenvolvida primariamente pelos relacionamentos, e secundariamente pela determinação de programações.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo do seu Cativeiro Cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E agora como viveremos? Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

WOLTERS, Albert M. A Criação Restaurada: Base Bíblica para uma cosmovisão restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

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