sábado, 26 de maio de 2018

Sofrimento


O sofrimento faz parte da vida do crente (2 Tm 3:12; 2 Co 4:16-18; 1 Pe 14:12,13; Jo 16:22). Existem três causas para o sofrimento:

  • ·         O pecado pessoal
  • ·         O pecado dos outros
  • ·         O mundo corrompido pelo pecado

Primeiro, Deus deixa claro que nós somos responsáveis pelos nossos atos, e não podemos transferir a outros a responsabilidade do sofrimento que provém do nosso pecado pessoal (Tg 1:13-15). Segundo, nem todo tipo de sofrimento é originado por um pecado pessoal, às vezes, sofremos por causa do pecado dos outros (1 Pe 2:19-24). Terceiro, as vezes sofremos por causa de desastres naturais, pois este mundo está marcado pelas cicatrizes do pecado (Rm 8:20-22).

Em meios as dores do sofrimento não podemos perder de vista os propósitos de Deus, pois o sofrimento é usado por Deus para expor o nosso coração e produzir um reconhecimento humilde de que somos criaturas espirituais que não encontram satisfação em viver apenas a vida no reino físico. Os sofrimentos aperfeiçoam nossas vidas, e o resultado é a santificação e intimidade com Deus (Jó 42:5,6; Os 2:14-16). Com isso podemos ajudar outras pessoas que estão sofrendo (2 Co 1:3-7). Todo sofrimento é para glória de Deus. No sofrimento quando eu não entendo, eu simplesmente confio em um Deus soberano que está gerindo a história da minha vida. C.S. Lewis disse: “Você irá certamente realizar o propósito de Deus, de qualquer forma que possa agir, mas fará diferença em sua vida se O servir como Judas ou como João (LEWIS, 1986, apud BABLER; ELLEN, 2017, p. 331-332).

Mesmo que a fonte do problema nunca seja revelada (Êx 4:11; Dt 29:29), sempre contaremos com a graça de Deus e sempre seremos capazes de suportar o sofrimento (1 Co 10:13).

Deus nos ama, e por isso Ele nos dá a dádiva do sofrimento. Por meio do sofrimento, abrimos mão dos brinquedos deste mundo, e descobrimos que nossos verdadeiros bens estão em outro mundo (...) O sofrimento neste mundo não é o fracasso do amor de Deus por nós; é o amor em ação (...) A vida real ainda não começou (NICHOLSON, 1989, apud BABLER; ELLEN, 2017, p. 334).

A Bíblia fala sobre três tipos de tristezas, sendo que duas são espirituais em sua natureza, e uma física. Vejamos:

  • ·         Tristeza piedosa que conduz à vida
  • ·         Tristeza mundana que conduz a morte
  • ·         Tristeza que não é espiritual, mas física (Exemplo: Hipotireoidismo)

Primeiro, a tristeza piedosa que conduz a vida deve ser encorajada, pois ela é focada em Cristo (2 Co 7:10). No sermão do Monte, Jesus disse: “Felizes os pobres de espírito, pois o reino dos céus lhes pertence” (Mt 5:3). Jesus está falando sobre pessoas pobres de espírito, ou seja, quer chamemos isso de melancolia, angústia ou depressão, há uma categoria de pessoas tristes que não são julgadas por Jesus, mas sim honradas e a quem Ele prometeu uma recompensa (LAMBERT, 2017, p. 53). Esse tipo de tristeza que Jesus está mencionando aqui é a angústia para com o pecado, mas a dor aqui é digna de louvor. Segundo, a tristeza mundana que conduz a morte é a dor focada na própria pessoa e nas coisas do mundo, e não em Deus (2 Co 7:10). A dor mundana é ruim, e precisa ser repreendida. Terceiro, a tristeza que não é espiritual, mas física deve ter um cuidado físico. Por exemplo: se uma pessoa possui um problema chamado hipotireoidismo, a tireoide não produz hormônio suficiente. Isso gerará sentimentos de tristeza, mas isso não é culpa da pessoa que enfrenta o problema. Ela possui uma debilidade física para a qual precisa de uma ajuda médica (LAMBERT, 2017, p. 53-54). Nesse caso a Bíblia nos chama a ajudar o fraco (1 Ts 5:14).

Por isso a importância de uma antropologia bíblica para se tratar a depressão, angústia e dor. A psicologia não acredita que somos seres espirituais e responsáveis, ou seja, seres humanos com um corpo e alma que prestarão contas para um Deus soberano. A definição de um problema a luz das Escrituras é o que faz toda a diferença na vida de uma pessoa, e somente o aconselhamento bíblico pode oferecer a verdadeira solução com relação aos sofrimentos de natureza espiritual em Jesus Cristo. A psicologia secular não tem poder para ajudar as pessoas com problemas mentais, pois muitas delas são de natureza espiritual. Ira, cobiça, ansiedade e egoísmo são todos problemas que a psiquiatria trata com medicamentos, porém Deus chama essas coisas de pecado (Ef 4:26; Êx 20:17; Fl 4:6; Mt 6:25; Gl 5:19-21). A rebeldia de uma criança ou adolescente é chamada de Transtorno de oposição desafiante, porém Deus chama isso de pecado (Êx 20:12; Ef 6:1-3). Questões espirituais devem ser tratados como categorias morais que a Bíblia endossa e condena. Questões físicas e orgânicas devem ser tratadas como categorias amorais para as quais a Bíblia não pronuncia um veredito ético (Exemplo: mal de Alzheimer).

Os sofrimentos atuais não se comparam com a glória futura (2 Co 4:16-18).


REFERENCIAL TEÓRICO

BABLER, John; ELLEN, Nicolas. Fundamentos teológicos do aconselhamento bíblico e suas aplicações práticas. São Paulo: Nutra, 2017.

LAMBERT, Health. O evangelho e as doenças da mente. Eusébio: Peregrino, 2017.

sábado, 19 de maio de 2018

Preocupação

O que a Bíblia diz sobre a preocupação? Há dois sentidos que precisam ser compreendidos das palavras gregas do Novo Testamento (merimna/merimnao) sobre preocupação, cuidado e interesse:

  • ·         Sentido negativo: significa uma preocupação ou um cuidado/interesse legítimo, que está fora de controle (Mt 6:25,31,34; 13:22; Lc 10:41; 21:34; Fp 4:6; 1 Pe 5:7)
  • ·         Sentido positivo: significa uma preocupação como cuidado e interesse legítimo que está submetido ao controle de Deus (1 Co 7:32-34; 12:25; 2Co 11:28; Fp 2:20).

A preocupação que está fora de controle, ou seja, num sentido negativo, é pecaminosa, pois ela expressa nossos reservatórios íntimos de idolatria e incredulidade. Em Mateus 6:19-25 Jesus diz que preocupação é idolatria. A ansiedade é um indicador automático de um coração que não está seguindo o Senhor completamente, mas que está seguindo a alguma outra coisa temporariamente. O que nós julgamos ser de grande valor é o que governará nossas vidas. As coisas com as quais nos preocupamos revelam nossos deuses falsos, eles são o nosso tesouro.

Quão é o seu tesouro? (Mt 6:19-25)
Seu tesouro pode ser segurança financeira, amor conjugal, filhos, perfeccionismo legalista, sucesso, reputação, opinião das pessoas. Muitos tesouros são difíceis de serem identificados pelo fato de serem compreensíveis e legítimos. Porém, um desejo legítimo pode se tornar pecaminoso, quando este se torna uma exigência.

Qual a solução? (Mt 6:30)
Preocupação é incredulidade, e a solução é fé. Mas deve haver arrependimento da incredulidade. John Piper disse: “Jesus diz que a raiz da ansiedade é fé inadequada na graça futura do nosso Pai. Quando a incredulidade consegue o controle dos nossos corações, um dos efeitos é a ansiedade. A causa original da ansiedade é um fracasso em confiar em tudo que Deus prometeu ser por nós em Jesus” (PIPER, 1995 apud JONES, 2016, p. 19-20).

Qual o remédio para a preocupação? (Mt 6:33)
Creia cada vez mais em Jesus e nas promessas do seu evangelho. Confie em tudo que Deus prometeu ser para nós em Jesus. O antídoto para a preocupação é confiar em Deus. O remédio para preocupação é buscar o Senhor, crer nas suas promessas e orientar a sua vida pelas prioridades Dele (Lc 12:32; Rm 8:32). A preocupação não pode trazer melhoras para o nosso futuro. Em vez disso, nos desvia das nossas responsabilidades presentes. Ela esgota nossa energia e consome nossa vitalidade e nos faz perder as alegrias presentes e benção da provisão de Deus.

Se você está desanimado com um problema, não deixe de confiar em Deus. Em Ageu 2, o povo de Deus enfrentou o desânimo quando entendeu que o templo não seria tão glorioso quanto o anterior. Os trabalhos foram interrompidos, mas Deus no verso 4 disse “sê forte (três vezes) e trabalhai, porque eu sou convoco, diz o SENHOR dos Exércitos”. Deus está com você. No verso 5 Ele diz: “Meu espírito está entre vocês. Não tenham medo”. O resultado daquela obra foi glorioso (vs. 6-9). Você não está sozinho, Deus está presente, dando força sobrenatural (2 Tm 4:16,17). Estude e ore sobre passagens como Fp 4:4-13; Jo 14; 1 Pe 5:6,7; Sl 27; 37; 46; 56; 73 e 94.

A preocupação desperdiça o tempo, mas a fé usa bem o tempo como dom de Deus!
 
REFERENCIAL TEÓRICO

JONES; Robert D. Preocupação: Suas raízes e a libertadora perspectiva de Deus. São Paulo: Nutra, 2016.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

As obras são a prova de uma fé genuína



“Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.
Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar?”

Este texto parece contradizer os ensinamentos de Paulo quando ele escreve aos Romanos (3:21,21; 4:1-6; 5:1) e aos Gálatas (2:16; 3:11), sobre a justificação pela fé e não por obras da lei. Fica evidente que Paulo se referia a lei moral (dez mandamentos) e a lei cerimonial (ritual dos sacrifícios de animais e etc). Paulo está atacando o legalismo. O que Tiago tem em mente nesta passagem é a evidência das obras provenientes da fé verdadeira. Ele está atacando o antinomismo (crença de que não há leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam), e o nominalismo cristão, ou seja, aqueles que dizem ter fé em Cristo, mas não comprovam com suas obras. Aquele que se vangloria da sua fé sem qualquer evidência das obras (frutos do Espírito) é um incrédulo e hipócrita (Gl 5:19-23). A questão aqui não é a causa da justificação, mas a pública profissão de fé sem obras. Tiago não está falando sobre a causa da justificação, ou da maneira como os homens obtêm a justiça, pois seu objetivo é mostrar que as boas obras estão conectadas com a fé. Por isso não faz sentido alguém servir as pessoas (caridade) e estar distante de Deus, da sua Palavra e sem comunhão com a igreja de Cristo. Quando Tiago diz que Abraão foi justificado por obras, ele está falando da prova que deu de sua justificação pela fé.

Em Gênesis 15:6 vemos que Abraão creu em Deus, teve fé na promessa de que dele sairia uma nação, e isso lhe foi imputado para justiça (Hb 11:8). Anos mais tarde, em Gênesis 22, Deus lhe pede seu único filho Isaque para ser sacrificado, o filho da promessa. Abraão obedeceu a Deus, e quando estava prestes a sacrificar seu filho, Deus providenciou um substituto, um cordeiro. A obediência de Abraão no capítulo 22 é prova de sua fé genuína do capítulo 15. A obediência de Abraão a Deus comprovou sua fé.

Quando Paulo diz que somos justificados mediante a fé sua intenção é dizer que somos considerados justos de diante de Deus. Porém, Tiago tem a intenção de dizer que aquele que professa que tem fé deve provar a realidade de sua fé por meio de suas obras. Tiago, diferente de Paulo, não tinha a intenção de ensinar a base sobre a qual nossa esperança da salvação deve repousar.

Paulo ensina que somos salvos mediante a fé, ou seja, você não tem que acertar sua vida primeiro para então entregar-se a Cristo, isto é legalismo, você precisa receber Jesus como Senhor e Salvador da sua vida e deixar que Ele acerte sua vida. Se você parou de beber ou de fumar para se tornar um cristão, você está automaticamente dizendo que foi justificado pelas obras da lei. Porém, Tiago ensina que aquele que foi justificado pela fé (salvo) deve demonstrar a justiça de Cristo mediante a sua conduta (santificação progressiva - Mt 22:37-40; Rm 6:1-2; 1 Jo 2:3-6; 1 Jo 5:3). A pessoa quando recebe a Jesus em sua vida sente nojo do pecado, pois agora ela sentirá o desejo de viver uma vida santa, sem vícios para se sujeitar a imagem daquele que a criou (Rm 8:29).

A questão aqui não diz respeito a causa da salvação, mas os efeitos dela, ou seja, as obras acompanham necessariamente a fé genuína. O homem é justificado pela fé sozinha, mas, sua justiça é conhecida e provada por suas obras.

“O fruto sempre provém de uma raiz viva de uma boa árvore” (João Calvino)

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