sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O que o Natal representa para nós - Lucas 2


O Natal é uma data muito importante para os cristãos. Existem, porém, muitos cristãos que são indiferentes com esta data, pois acham bobagem comemorar o Natal por vários motivos. Mas, o que o Natal representa para nós?

A primeira proclamação do nascimento de Jesus foi feita a um grupo de pastores. Naquela época os pastores eram tidos como uma classe desprezível. Eles não tinham permissão de testemunhar em tribunais, mas foi aos pastores humildes que Deus concedeu o privilégio de serem as primeiras testemunhas para anunciar o nascimento de Jesus. Ao receberem as “boas-novas” do nascimento de Cristo dada pelos Anjos, estes pastores seguiram viagem para Belém. Este episódio foi a “primeira correria de Natal”. Muito diferente da nossa correria atual.

Apesar de ter vindo para livrar o mundo do jugo da Lei, Jesus nasceu sob a lei e obedeceu a seus preceitos. O nascimento de Jesus tem a ver com o nosso pecado. Seu nascimento trouxe de volta a esperança da comunhão perdida com um Deus Santo. Quando ele foi circuncidado ao oitavo dia, seguindo as exigências da lei, ele já estava sofrendo por causa dos nossos pecados. 

Depois de completados os oito dias de seu nascimento, Jesus é levado ao templo. Lá a criança encontrou-se com Simeão (Lc 2:25-35) e com Ana (2:36-38).

Ana era uma mulher idosa, viúva, de oitenta e quatro anos, e Simeão tinha aproximadamente 113 anos. Simeão e Ana representam o remanescente fiel, aqueles cristãos verdadeiros, cheios do Espírito, salvos pela fé e não por obras da lei. Pela fé eles creram naquele que viria para salvá-los e por isso louvaram ao Senhor pelo nascimento do seu Salvador. 

Mesmo com a idade avançada, Simeão e Ana não desistiram de esperar, de orar, de jejuar e de louvar a Deus. Ambos tiveram o mesmo privilégio de ver a salvação de Deus e de anunciar a sua salvação!

Da mesma forma, nós cremos naquele que nasceu, sofreu e morreu por nós, e devemos louvar ao nosso Senhor por ter enviado seu Filho ao mundo e por termos o privilégio de anunciar a todos sobre o nascimento de Jesus e sua morte e ressurreição.

“O começo da história é maravilhoso e grande. Mas, é o fim que pode salvar você, e, é por isso que comemoramos”.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Cosmovisão e Política: Analisando a Cosmovisão Marxista em contrabalança com o cristianismo e a liberdade de expressão


Toda cosmovisão ou ideologia tem de responder ao menos três perguntas:

CRIAÇÃO: Cada cosmovisão ou filosofia tem que começar com uma teoria de origem. De onde tudo veio? Quem somos nós e como chegamos aqui?

QUEDA: Cada cosmovisão também tem de oferecer uma explicação da fonte do mal e do sofrimento. O que deu errado com o mundo? Por que há guerras e conflitos?

REDENÇÃO: Toda cosmovisão tem que oferecer esperança, um programa de trabalho que tente inverter a “queda” e oferecer soluções para pôr o mundo em ordem outra vez.

CRIAÇÃO: Karl Marx fez da matéria Deus, ou seja, segundo seu discípulo Vladmir Ilyich Lênin, ele considerou o mundo material supremo, como sendo o criador do céu e da terra. Para o marxismo o jardim do Édem seria o comunismo primitivo. QUEDA: a humanidade caiu do seu estado de inocência para a escravidão e tirania através do surgimento da propriedade privada. A REDENÇÃO ocorre através de uma revolução (mudança de das estruturas sociais externas) que é destruir a propriedade privada (uma sociedade sem classes), derrubando reis, tiranos através do proletariado e dos trabalhadores de fábricas urbanos em revolta contra seus opressores capitalistas, para assim voltar ao comunismo primitivo (onde tudo pertence a todos, em uma sociedade que não deveria se preocupar em acumular bens).

Vemos na história que a extrema esquerda pode ser associada ao comunismo, socialismo e o nazismo. A esquerda pode ser definida como aquele modelo do espectro político em que há pouca ou nenhuma liberdade pessoal e econômica em que o partido age para estender seu domínio sobre todas as esferas da sociedade. Caracteriza-se pela crença na igualdade de poder. O mal é visto exclusivamente no outro (Exemplo: ódio a classe média; direitistas vistos como racistas). Neste modelo ideológico, o Estado ou o partido adquire uma dimensão transcendente, agindo para estender seu domínio ideológico sobre todas as esferas da sociedade.

O cristianismo sempre preservou a liberdade de expressão, ao contrário de países comandados por Stalin e Hitler, onde o comunismo e o nazismo impediam a liberdade de expressão. A Bíblia nos ensina sobre a nobreza da posição dos magistrados em Romanos 13. Nele é dito que o governo civil é ordenado por Deus (Rm 13:1), e opor-se a ele significa opor-se a Deus (v.2); ele é ministro de Deus para punir o criminoso e valorizar o cumpridor da lei (v.3-4); e a ele devemos obediência, pagando tributos para que haja segurança pública.

Mas em casos de governos tiranos e corruptos, as autoridades políticas podem e devem se opor a certos tipos de governos para restaurar a ordem política. A Bíblia autoriza à desobediência civil em casos de conflitos entre as leis de Deus a as leis dos homens (Êx 1:15-21; Js 2; 1Sm 22:17; Dn 3, 6; At 4:18-20; 5:27-29. 40-42). Por isso protestos públicos e pacíficos não são contrários a moral cristã. O aspecto do protesto pacífico é algo que o povo brasileiro precisa aprender como sinal de submissão às autoridades. As leis nos asseguram o direito de manifestar nossa insatisfação com certas leis e abuso de autoridades (artigos: 5,19, 220, CF1988).

A participação social do cristão em questões cívicas é adequada e seu engajamento não deve ser desencorajado. Sua falta de envolvimento se deve ao orgulho e covardia, pois o não envolvimento cívico é contrário aos exemplos bíblicos como dos profetas Oséias, Amós e Miquéias que trataram abundantemente sobre questões sociais.

Os cristãos podem e devem servir nas esferas públicas através de uma cosmovisão cristã, e não necessariamente através de uma linguagem puramente bíblica. Precisamos confiar na providência de Deus (veja o livro de Ester) e resgatar nossa identidade com engajamento político responsável, intercedendo por nossa nação, clamando o juízo de Deus sobre líderes corruptos, e confiando os resultados nas mãos de Deus, tendo ou não êxito político.

Lembre-se o “evangelho não é um programa social (exemplo: abolição da escravatura), não defende revolução de instituições (1Co 7:17-24), mas propõe mudanças internas à estrutura social, um novo espírito que causaria tremendo impacto”. O evangelho não transforma a sociedade sem primeiro transformar pessoas. Não há transformação de sociedade à parte da transformação das pessoas. O evangelho não veio para mudar estruturas, mas transformar pessoas de forma sobrenatural, para que elas venham influenciar estruturas sociais através de uma perspectiva mais profunda, isto é, mudança de cosmovisão, pois mesmo que estruturas sociais sejam modificadas para o bem das pessoas, o coração humano procurará outros meios de oprimir as pessoas.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

CAMPOS JÚNIOR, Heber Carlos de. Amando a Deus no Mundo: Por uma Cosmovisão Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2019.

FERREIRA, Franklin. Contra a Idolatria do Estado: O papel do cristão na Política. São Paulo: Vida Nova, 2016.

PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo do seu Cativeiro Cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

“O amor venceu o ódio”, será?

 

Este “amor incondicional” pregado por muitos cristãos progressistas pressupõe uma atitude de tolerância e afirmação que aceita tudo. Este amor incondicional traz consigo uma bagagem cultural que está relacionado as palavras: tolerância, aceitação, afirmação, amabilidade, e ligado a uma filosofia que diz que o amor não deveria impor valores, expectativas ou crenças sobre outras pessoas. Esta filosofia já está infiltrada dentro da igreja e já tem contaminado corporações inteiras.

Andar no amor de Cristo é bem diferente desse “amor incondicional” (Ef 4:32-5:2). É muito diferente daquela paz superficial, onde todos dizem: “Para mim está tudo bem. Eu aceito você como você é, do mesmo modo que aceito todo mundo. Não julgo nem imponho meus valores sobre você”. O amor incondicional parece seguro, mas o problema é que ele não tem poder.

Sempre que Cristo e a mensagem do evangelho são proclamados, a espada da perseguição segue logo atrás, e muitas vezes leva ao derramamento de sangue (Ap 6:3,4; 10:9). Jesus disse: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10:34). Ele também disse: “Ouvireis falar de guerras e rumores de guerras...portanto se levantará nação contra nação, reino contra reino” (Mt 24:6-7).

Quando esse mal surge, a paz desaparece através da oposição à pregação do evangelho que resulta muitas vezes em conflitos e divisões na própria família: “Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa” (Mt 10:35-36). Vemos na Bíblia que Caim assassinou brutalmente seu irmão Abel. Caim é descrito como maligno e seu irmão Abel como justo, um filho de Deus (Gn 4:8; 1Jo 3:12).

Lembre-se de Pedro e João que foram presos por pregar o evangelho (At 4:1-4; 5:17), de Estêvão que foi apedrejado até a morte (At 7:54-60), de Policarpo o bispo da igreja de Esmirna que foi queimado na fogueira no ano de 155 d.C. Nenhum século fica sem seu cavaleiro do cavalo vermelho (Ap 6:3,4), pois o mundo está sempre perseguindo a igreja. Onde Cristo é proclamado, a espada da perseguição segue logo atrás. É Deus quem concede autoridade para o mal.

Vemos em Apocalipse que a igreja de Sardes não sofreu tribulação por parte dos judeus nem dos gentios, como as outras igrejas, por ser uma igreja “pacífica”, ou seja, “gozava a paz, mas a paz de um cemitério”, pois seu estilo de vida inofensivo garantia uma paz religiosa que resultou na sua morte espiritual aos olhos de Deus (Ap 3:1-6). Sua adaptação ao ambiente religioso evitou que a igreja fosse perseguida.

O amor incondicional segundo esses conceitos filosóficos é um engano exatamente por dizer: “Paz, paz”, quando do ponto de vista de Deus não há paz (Jr 6:14; 8:11; 23:14-16). Esse amor não exige nada. Sequer ousa mencionar as palavras arrependimento e humilhação. Esse amor não conhece a agonia da cruz. Esse amor nos relaxa, nos deixa despreocupados. Esse amor não nos deixa conhecer o maravilhoso amor de Deus.

A graça de Deus não depende daquilo que fazemos, a graça depende muito mais daquilo que Jesus fez por nós. A eleição de Deus é incondicional, mas o amor de Deus na Bíblia requer o cumprimento de duas condições: 1) perfeita obediência, e 2) um substituto que carregue o pecado.

Jesus em sua obediência ativa à vontade do Pai, foi chamado “justo”. Em sua obediência passiva, Ele sofreu a penalidade da morte (Hb 5:8,9). O conceito de “amor incondicional”, nos dá a entender que: “Lá no fundo você é bom; Deus o aceita exatamente como é, você tem valor intrínseco (próprio). Mas, essa filosofia de vida é contrária ao verdadeiro amor de Deus. Somente um filho foi chamado de justo. Somente uma pessoa agradou a Deus (Mt 3:17; Is 42:1-7). Somente em Cristo podemos ser chamados de justos. Somente em Cristo podemos ouvir que Deus se agrada de nós.

Somente em Cristo Jesus eu posso ser aceito por Deus, caso contrário continuarei sendo filho da ira e do diabo (Ef 2:3; Jo 8:44; 1Jo 3:8). Deus quer que eu dedique a minha vida à renovação à imagem de Jesus (Cl 3:10). Ninguém é salvo sem perseverar. Aquele que reivindica a graça salvadora, mas rejeita a Palavra de Deus como única regra de fé e prática não conheceu a Deus de verdade (Rm 6:1-2; Mt 7:20) e está condenado ao inferno (Ap 6:12-17; 20:14-15).

sábado, 29 de outubro de 2022

“Quem nos dará carne a comer?” (Nm 11:4)

 

Depois que o povo de Israel foi liberto da escravidão do Egito, eles tiveram de peregrinar no deserto rumo a terra prometida. Essa caminhada no deserto trouxe diversas adversidades que tinham por objetivo provar o coração desse povo, se guardariam ou não os mandamentos do Senhor (Dt 8:2). Não demorou para que o povo começasse a reclamar com relação a comida (Êx 16:3). Deus proveu o maná para alimentar e sustentar seu povo, mas eles logo se cansaram e começaram a desejar os peixes, pepinos, melões, alhos e cebolas do Egito (Nm 11:5). Preferiram voltar a viver na escravidão por causa da comida do que louvar o Senhor pela libertação. É mais fácil tirar o povo do Egito do que tirar o Egito do coração do povo. Apesar da rebeldia e murmuração sobre a falta de carne, Deus continuou a prover alimento e água para eles.

A murmuração do “populacho” que estava no meio do povo influenciou muitos israelitas enjoarem do cardápio oferecido por Deus. É muito sério murmurar contra o Senhor. Esse povo deixou o Egito e caminhou com o povo de Deus. Muitos cristãos nominais caminham junto com a igreja como se fossem o povo de Deus, mas não tem o desejo de buscar as coisas espirituais (1Jo 2:18-19), pois são falsos irmãos, obreiros fraudulentos (Gl 2:4; 2Co 11:13) e apresentam um falso evangelho (Gl 1:6-9). Esses intrusos trazem muitos problemas para a igreja (At 20:29). Jesus alertou com a parábola do “joio e do trigo” (Mt 13:24-30, 36-43) que onde quer que o Senhor plante seus verdadeiros filhos, o diabo também vem e planta sua imitações infiltrando-se na comunidade da igreja (Jd 4).

O evangelho não é um programa social (como abolição da escravatura), não defende revolução de instituições (1Co 7:17-24), mas propõe mudanças internas à estrutura social, um novo espírito que causaria tremendo impacto. O evangelho não transforma a sociedade sem primeiro transformar pessoas. Não há transformação de sociedade à parte da transformação das pessoas. O evangelho não veio para mudar estruturas, mas transformar pessoas de forma sobrenatural, para que elas venham influenciar estruturas sociais através de uma perspectiva mais profunda, isto é, mudança de cosmovisão, pois mesmo que estruturas sociais sejam modificadas para o bem das pessoas, o coração humano procurará outros meios de oprimir as pessoas.

Precisamos estar de olhos bem abertos e de sobreaviso com este “populacho” que se denomina cristão na comunidade da igreja, mas que vive com uma conduta contrária aos mandamentos do Senhor defendendo candidatos esquerdistas que apoiam o aborto, a liberação das drogas, a ideologia de gênero e o enfraquecimento da lei e da ordem em troca de uma refeição saborosa. Estes reivindicam a graça salvadora de Deus, mas negam sua Palavra como única regra de fé e prática. Se esquecem de que a forma como tratam a Palavra de Deus é a forma como tratam o próprio Senhor, pois rejeitar o seu maná, é o mesmo que rejeitar a Deus (Nm 11:20).

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Procura-se um rei: como a falta de convicção e coragem de um povo pode afundar uma nação iludida

 

Em Juízes 9:7-21 encontramos a primeira parábola registrada nas Escrituras, conhecida como a “Parábola das Árvores”, descrita por Jotão, filho de Gideão, o único sobrevivente do massacre realizado em Ofra pelo seu meio irmão Abimelque (Jz 8:31) que assassinou seus sessenta e nove meios irmãos. A parábola diz que as árvores estavam procurando um rei. Foram até a oliveira com seu óleo valioso e a figueira com seus frutos doces, também abordaram a videira com seus cachos de frutas das quais se podia fazer o vinho, mas todas se recusaram a honra. Cada uma delas teria de abrir mão de algo valioso para reinar sobre a nação, mas não estavam dispostas a fazer nenhum sacrifício para isso (Jz 8:22-23).

Então restou um espinheiro considerado uma praga na terra e que servia apenas de lenha para as fogueiras. O espinheiro simbolizava o novo rei Abimeleque. Por que ninguém deteve essa matança nem defendeu a família de Gideão? Por que o povo de Israel havia se esquecido tanto da benevolência de Deus quanto da bondade de Gideão em livrá-los das mãos dos midianitas (Jz 8:33-35). Essas pessoas não tinham convicção suficiente para se preocupar nem coragem suficiente para intervir.

O “rei-espinheiro” convidou as outras árvores a confiarem e se refugiarem em sua sombra (v.15), porém, refugiar-se em um espinheiro era algo muito perigoso, pois no verão era comum haver incêndio nos espinheiros, e quando o fogo se espalhava ameaçava as outras árvores (ver 2Sm 23:6-7; Is 9:18-19). Este “rei-espinheiro” não seria capaz de proteger seu povo, ao contrário, ele traria mais desgraça a nação.  

Se você é um cristão brasileiro que ainda está com dúvidas em quem votar neste segundo turno para presidente do Brasil, não fique em cima do muro, pois votar em branco ou anular seu voto é uma demonstração clara de covardia (falta de convicção e coragem). Votar em alguém que adere uma ideologia contrária aos princípios da fé cristã, também é uma demonstração clara de falta de convicção e coragem. Gideão é conhecido na história como um homem de FÉ e CORAGEM, pois venceu o grande exército dos midianitas com apenas 300 homens, uma demonstração de humildade e dependência de Deus, porém, infelizmente no final de sua vida ele levou a nação a se prostituir ao fazer uma estola sacerdotal (Jz 8:27).

Isso significa que não devemos colocar nossas esperanças em homens, pois nunca teremos um presidente infalível, mesmo sendo usado por Deus para trazer libertação ao seu povo. O reino de Deus não é terreno, político ou militar, pois ele governa a terra através do seu Espírito (Lc 17:20-21; Zc 4:6). Porém, é nossa responsabilidade orar e interceder por aqueles que governam sobre nós para que possam reger a nação com a sabedoria e justiça de Deus (1Tm 2:1-2; Pv 8:15-16), e como vivemos em um Estado democrático, devemos eleger através do voto consciente candidatos comprometidos com propostas e leis que sejam derivadas da lei de Deus, conforme revelada nas Escrituras, pois essa é a fonte última e absoluta da ética pessoal, eclesiástica e social.

O socialismo é uma visão de mundo rival do cristianismo, portanto a ideologia de esquerda é incompatível com os princípios da fé cristã, exatamente por apoiar regimes de governos autoritários e totalitários. Esta ideologia não privilegia a liberdade individual, econômica e a garantia dos direitos individuais, sendo os limites o respeito à vida, à propriedade e à liberdade dos demais.

Não se iluda com promessas de voltar a “beber uma cervejinha e comer uma picanha no fim de semana” enquanto o país é enganado com as manobras contábeis ou “contabilidade criativa” que foi uma estratégia do governo do PT desde o ano de 2009 para apresentar a nação um relatório que fingia atingir a meta do superávit primário, e o pior, essa estratégia usava dinheiro de instituições financeiras como empréstimos antecipados para pagar suas obrigações. A despesa que deveria ter sido contabilizada, não era registrada, e a receita que não deveria ter sido contabilizada, essa sim era registrada. No papel, as metas do superávit foram cumpridas, mas o endividamento real só aumentava. A meta do governo era crescer, e isso não importava os meios para se chegar aos objetivos pretendidos.

Não se iluda com quem diz estar “preocupado” com o desmatamento enquanto milhares de bebês estão e serão assassinados através do aborto que este “espinheiro” quer legalizar. Não se iluda com promessas de altos investimentos na “educação” enquanto milhares de pais poderão perder seus filhos com a legalização da maconha, da cocaína e da ideologia de gênero nas escolas do nosso país que este “espinheiro” tanto apoia.

Tenho minhas divergências com várias coisas com relação ao atual presidente de nosso país, principalmente na sua forma de comunicação, porém, tenho convicção de que ele ainda continua sendo a melhor opção para o nosso país neste momento: ele defende os valores da família, a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a punição de criminosos e a segurança do cidadão de bem, a proteção da vida desde sua concepção no ventre materno (é contra o aborto, a ideologia de gênero e a descriminalização das drogas), a proteção de propriedade privada e etc. Independe de gostar ou não da pessoa dele, a questão agora é ter convicção de votar em alguém que tem coragem de defender os valores que nós cristãos defendemos, por isso meu voto será indiscutivelmente a favor das cores da bandeira da nossa nação no dia 30 de outubro de 2022, ou seja: bolsonaro22.

Lembre-se, confiar e se refugiar na sombra de um espinheiro é apenas ilusão, pois ele não será capaz de proteger seu povo, ao contrário, trará mais desgraça a nação.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

A ira e o ressentimento são um disfarce para o medo e um meio de procrastinar nossas responsabilidades como a misericórdia e o perdão

 

A ira diz: “Você está errado, eu estou certo”. A ira é um disfarce para o medo (Ed Welch). Quando lemos o livro do profeta Jonas, vemos ali que o maior medo de Jonas era que Deus concedesse o perdão ao inimigo mais odiado de Israel antes da Babilônia, ou seja, a Assíria. Quando o livro de Jonas foi redigido, essa cidade era símbolo de crueldade, de violência e de hostilidade contra o povo de Deus.

 O medo e o desejo são dois lados de uma mesma moeda, por exemplo, se uma pessoa deseja dinheiro, terá medo da pobreza. Se ela almeja ser aceita, ficará aterrorizada com a rejeição. Se uma pessoa teme a dor e o sofrimento, terá desejo por conforto e prazer. Se ela deseja ser superior, terá medo de ser inferior aos outros. No caso de Jonas vemos que o conforto era algo que ele desejava e se alegrava muito (Jn 4:6), isso significa que o medo da dor e o sofrimento eram também algo que ele temia. Este também por ter sido outro motivo de sua fuga para Társis ao invés de ir para Nínive como Deus ordenou (Jn 1:3).

 A ira é a maneira que muitas pessoas lidam com o medo para poder obter o controle sobre as pessoas e as circunstâncias. Muitas vezes deixamos de cumprir nossas responsabilidades porque na preguiça nos tornamos escravos do nosso conforto pessoal. O medo faz com que pensemos no futuro de modo pessimista, por isso ficamos escravizados em um futuro terrível, fugindo de nossas responsabilidades. Muitas vezes deixamos de cumprir nossas responsabilidades porque as coisas não aconteceram do jeito que nós esperávamos e a ira diz que esta é maneira de encontrarmos controle neste mundo. A ira está conectada com o nosso ressentimento que diz que “eu não aceito e não perdoo que as coisas não tenham saído do meu jeito.

 Jonas quando estava no pior dos lugares, nas profundezas do mar, dentro do ventre de um peixe, fez uma linda oração ao Senhor (Jn 2). Mas, quando estava no melhor lugar, vendo uma cidade inteira se arrependendo e se prostrando perante Deus ele fez a pior das orações (Jn 3 – 4). Sua segunda oração veio de um coração cheio de raiva (Jn 4:1-5). Em sua primeira oração ele clamou a Deus por socorro, mas sua segunda oração pediu para Deus lhe tirar a vida! Jonas preferia morrer do que ter que ver o que não queria. Ele não queria ver a salvação dos seus inimigos.

 Na esfera política, o candidato que toca nos nossos medos é o que vence. O direitista toca na ameaça do comunismo, o esquerdista toca na ameaça da “democracia” e por aí vai. Esses dias foi publicado um vídeo de um direitista dizendo que iria deixar de entregar marmitex para uma família pobre porque a família havia dito que iria votar em um candidato de esquerda. Se ajudamos somente pessoas que compartilham da mesma opinião política, ou se passamos tempo somente com pessoas que são da mesma idade, que gostam do mesmo tipo de música e que compartilham de nosso gosto e preferências, em que somos diferentes do mundo (Mt 5:43-48)? Que amor é este? Falhamos em atender ao mandado bíblico de ser tudo para com todos, porque preferimos adotar somente a primeira expressão sem a segunda (1Co 9:22). Queremos ser tudo somente para um determinado grupo de pessoas que gostamos.

 “Misericórdia quero e não holocaustos” disse Jesus! (Mt 9:13). O oposto de um espírito de medo é um espírito de amor. “No amor não existe medo” (1Jo 4:18). “O adversário do temor é o amor. O amor dá de si mesmo, o temor é autoprotetor. O amor se automovimenta em direção a outras pessoas; o temor as evita. No trato com o temor, nenhuma coisa possui poder tão expulsivo como o amor” (Jay Adams).

 Jonas era um ótimo teólogo, mas um péssimo missionário. Ele conhecia os atributos de Deus, e sabia que o Senhor era “Deus clemente, misericordioso, tardio em irar-se, grande em benignidade e que arrepende do mal” (Jn 4:2). Ele sabia que se anunciasse o julgamento a cidade de Nínive e aquele povo viesse a se arrepender, Deus os perdoaria, e foi o que aconteceu.

 Jonas com seu patriotismo egoísta, considerava a Assíria apenas como um inimigo a ser destruído, e não como um grupo de pecadores que precisavam se arrepender e serem conduzidos ao Senhor. Os judeus queriam a destruição dos seus inimigos, e quando soubessem que Jonas havia sido instrumento de Deus para salvação de uma nação estrangeira e inimiga, ficariam irados com ele, pois o considerariam como um traidor da política externa dos judeus.

 No Antigo Testamento, Israel não enviava missionários para evangelizar as nações. Quem quisesse conhecer a Deus tinha que vir até Israel. Somente o profeta Jonas foi enviado para Nínive, com o objetivo de mostrar que Israel não era tão bom assim, ou seja, não eram misericordiosos e não concediam perdão.

 Talvez você esteja sentado confortavelmente como Jonas (Jn 4:5) olhando de longe para aqueles que você deseja o juízo de Deus. Talvez você tenha desfrutado da misericórdia e do perdão de Deus, mas não tem sido misericordioso para com eles que ofenderam você. Não adianta procrastinar sua responsabilidade por causa da sua preguiça e medo, e por causa de sua ira e ressentimento, as coisas não vão acontecer do jeito que você quer, mas conforme a vontade de Deus. Tem algo que você precisa fazer que ainda está fugindo (procrastinando)? Vá e acerte!

terça-feira, 20 de setembro de 2022

“A guerra de palavras é, no fundo, uma guerra por soberania” (Paul Tripp)

 

Vivemos dias em que a comunicação está cada vez pior, seja nas esferas da família, da sociedade ou do estado. Estamos nos defendendo, acusando, culpando outros, manipulando, racionalizando, argumentando, bajulando, suplicando, implorando, ameaçando e usando linguagem apelativa (forte carga emocional), tudo com o propósito de obter o controle sobre as pessoas ou situações. Estamos deixando de confiar na soberania de Deus sobre as circunstâncias e situações, e tentando ser Deus, ou seja, estamos batalhando contra Deus para obter o controle sobre as pessoas e situações.

Quando culpamos as pessoas e as circunstâncias por nossos problemas, estamos acusando e responsabilizando Deus de forma sutil (Gn 3:12). Em circunstâncias difíceis ficamos mais dispostos a atribuir culpa do que a buscar soluções. Os cristãos nunca devem usar as palavras, o maior dom de Deus para a comunicação, para destruir uns aos outros.

Fazer ataques pessoais para tentar desqualificar uma pessoa é um erro, e não resolve o problema. Por exemplo, o Profeta Daniel, quando soube que seria morto juntamente com os outros sábios do rei Nabucodonosor por não terem conseguido interpretar seu sonho, “decidiu atacar o problema” e não o rei, ou seja, ao invés de reunir um grupo de amigos e convocar pessoas para um movimento onde ficariam culpando, murmurando e desqualificando o rei por sua sentença rigorosa contra suas vidas, ele simplesmente agiu de forma prudente, com tato, procurou saber qual era o problema e foi até a presença do rei para ouvi-lo, e logo em seguida foi orar com seus amigos para pedir sabedoria a Deus sobre aquele problema. Como consequência, Deus foi misericordioso para com sua vida, e lhe concedeu capacidade de interpretar o sonho do rei (Dn 2).

Ao invés de desperdiçar energias em palavras que destroem outras pessoas, nossas palavras devem edificá-las (Ef 4:29). Quando são dirigidas para o problema, em vez de serem dirigidas contra a pessoa, as palavras edificarão, ajudando-a a resolver seu problema. Em vez de atacar as pessoas com palavras o cristão deve dirigir todo a sua energia, inclusive suas palavras para o verdadeiro problema (Ef 6:12), enfrentando-o com a solução ensinada por Deus. “Com palavras ataque os problemas e não as pessoas” (Jay Adams).

Alguns exemplos de comunicação deficiente:

1. Linguagem apelativa: Em nossos dias é muito comum vermos pessoas se utilizarem de uma linguagem apelativa quando querem atacar um ponto de vista contrário ao seu. Esse tipo de linguagem costuma utilizar argumentos que zombam daqueles que pensam de forma contrária apelando a emoção

Por exemplo, quando o apóstolo Paulo escreveu para Filemom, ele fez um apelo gentil em favor de um escravo fugitivo chamado Onésimo. Paulo estava consciente de sua autoridade apostólica, e mesmo assim ele preferiu fazer seu pedido de modo diferente, ao invés de ordenar, ele baseou seu pedido no amor cristão (Fm 8,9)

Líderes intransigentes (intolerantes) e autoritários contradizem o que o Senhor diz de dar a si mesmo. Alguns líderes quando são desafiados costumam dizer as seguintes frases: “Eu sou o diretor desta escola, e aprendi a vencer intimidando os alunos, pais, professores e funcionários”; “Eu sou pai (ou mãe) e o que digo é lei”; “Eu sou o pastor dessa igreja, se me desafiar, você vai se arrepender”. Quando somos chamados para liderar, devemos fazer isso seguindo o modelo de Cristo (Mc 10:42-44). 

2. Transferência de culpa: Uma pessoa que diz: “Eu seria mais ativo nos ministérios da igreja ou no ministério do lar, se não tivesse de trabalhar tão duro para pagar as contas” está na verdade dizendo: “Deus, a culpa é sua. Se você fosse melhor em prover minhas necessidades, eu poderia servi-lo do jeito que realmente desejo”. O Deus que deveria ser amado, obedecido e servido tem se tornado o bode expiatório para os nossos pecados (Gn 3:12).

Vejamos agora algumas tentativas verbais de um pai tentando assumir o controle de seus filhos pelo orgulho:

3. Culpa: “Pense em todo dinheiro que investimos em você, é esse o agradecimento que recebemos? ”.

4. Manipulação: “Lembra daquele brinquedo que você me pediu de aniversário, se você fizer ______, talvez possa acordar e encontrar ele ao lado da cama”.

5. Ameaça: “Você vai me respeitar, ainda que seja a última coisa que eu faça”.

Este inventário abaixo lhe dará uma ideia de como você se comunica com as pessoas. Da primeira vez faça a prova sozinho, depois peça ao seu cônjuge ou alguém mais próximo que avalie você.

a)      Eu costumo interromper quando alguém está falando comigo?

b)      Eu não presto a devida atenção quando alguém está falando comigo?

c)     Eu julgo motivações? (Devemos julgar somente fatos concretos, evite fazer suposições)

d)     Eu pareço estar desinteressado ou indisposto quando converso com alguém?

e)      Eu faço generalizações quando com outras pessoas? (Exemplo: “você nunca me escuta!” Evite palavras como: “sempre, nunca, somente”, mas, tente usar frases como: “você tende a”, ou “eu acho que tenho observado um padrão”, ou “você parece lutar habitualmente com”.

f)       Eu transfiro a culpa e responsabilizo as pessoas?

g)      Eu não peço perdão?

h)      Eu desenterro coisas do passado sobre coisas que prometi esquecer?

i)        Eu repreendo severamente?

j)        Eu humilho as pessoas?

k)      Eu sou áspero no meu modo de falar com as pessoas?

l)        Eu não faço todo esforço para resolver conflitos?

m)    Eu não procuro ajuda?

O cristão precisa compreender que ele nunca estará em uma situação, localização ou relacionamento no qual Deus não esteja governando. O cristão deve confiar na soberania de Deus sobre as circunstâncias e relacionamentos, pois Deus tem um propósito em nossos problemas e pressões que estamos passando, que é a nossa santificação.

O universo de ser visto da perspectiva do céu, ou seja, de onde todas as coisas são governadas pelo Senhor em seu trono (Ap 4). Todas as notícias que vemos em jornais, revistas, internet e rádios, são reportagens e manchetes em termos de causas secundárias, ou seja, tudo está sendo controlado pela vontade de Deus, nada escapa do seu domínio. O trono é o centro do universo. Isso não significa que o homem não seja responsável pelo modo como ele vive e governa sobre a terra, pois ele prestará contas a Deus.

Lembre-se, a “guerra de palavras” é uma guerra por soberania, é uma tentativa de ser Deus, para se obter o controle sobre as pessoas e situações. Você está lutando com Deus ou batalhando contra Deus?

 

 

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Pregação sem aplicação prática não tem vida!

 Segundo Stuart Olyott, um pregador precisa ter 1) exatidão exegética, 2) conteúdo doutrinário, 3) estrutura clara no seu sermão, 4) ilustrações vívidas, 5) aplicação penetrante, 6) pregação eficiente e 7) autoridade sobrenatural (ação do Espírito Santo) para se tornar excelente! Neste artigo, focarei apenas na característica da aplicação penetrante.

Para os puritanos o propósito da pregação, era julgado não pelo que acontecia na igreja, mas pelo efeito do sermão fora dela. Pregadores puritanos preparavam seus sermões cuidadosamente. Seus sermões eram expositivos, com ensinamentos de uma passagem específica da Bíblia, e uma das características mais atraentes da pregação puritana era sua ênfase na aplicação prática da doutrina à vida.

O objetivo da aplicação era conduzir o indivíduo cristão a uma mudança de comportamento onde fosse necessária pelo despertamento da consciência. A aplicação era a vida da pregação. Para eles, se os santos não fossem edificados pelo sermão, então a Palavra não havia sido pregada. O sermão puritano era dividido em duas partes: doutrina e prática, ou seja, o sermão era tanto profundo teologicamente quanto intensamente prático. Cada sermão deveria conter doutrinas explicadas com aplicação imediata na vida das pessoas. As formas de aplicação eram divididas em sete categorias de ouvintes:

1.       Incrédulos que são tanto ignorantes quanto ineptos...

2.       Alguns são educáveis, embora ignorantes...

3.       Alguns têm conhecimento, mas ainda não estão humildes...

4.       Alguns estão humildes...

5.       Alguns creem...

6.       Alguns decaíram...

7.       Há um povo misturado...

Eles eram unânimes em dizer que a tarefa principal de um pastor era pregar. Eram homens verdadeiramente convertidos, conhecedores de idiomas, cultos, zelosos, santos, e aptos para o ministério. Eles respeitavam mais a vida de um pregador santo do que sua erudição. Um pregador tinha que ser capaz de falar com autoridade moral. Um pastor é acima de tudo alguém que alimenta e cuida de um rebanho.

A universidade de Harvard nos Estados Unidos foi fundada por pastores puritanos que se preocupavam com o ministério inculto às igrejas. O poder penetrante da pregação residia não na manipulação da audiência pelo pregador, mas na ação do Espírito Santo. As famílias faziam anotações do sermão para depois falarem sobre ele reunidos em suas casas. Mesmo sendo homens doutos, eles preparavam sermões simples pois visavam atingir toda a sociedade. O propósito do sermão não era excelência estética, mas edificação espiritual. O conteúdo de um sermão era mais importante do que sua forma. A finalidade de um sermão era servir como um meio de graça.

“A Palavra de Deus é o centro da vida da igreja”, disse Mike McKinley. Sem a Palavra de Deus, uma igreja não tem qualquer esperança, enquanto se prepara para se encontrar com este Deus que julgará vivos e mortos. Quando você prega a Palavra de Deus com fidelidade, poucas pessoas são tentadas a pensar que você é grande. Deus não está interessado na glória de pregadores (1Co 1:18-21). A Palavra de Deus é o meio que ele usará para edificar sua igreja. Se você é um pastor ou um plantador de igrejas, dedique seu tempo e energia para pregar e ensinar a Palavra de Deus com excelência!

Conheça as pessoas com quem precisa lidar, como suas necessidades. Uma igreja que possui um púlpito distante das pessoas (mensagens difíceis sem aplicação na vida das pessoas) não se torna uma comunidade, mas um palco com uma plateia para seus pregadores. Os pastores precisam não somente focar no conteúdo pretendido, mas no efeito real percebido. Isso não é pragmatismo, pois se você é um pai, você sabe muito bem que precisa utilizar uma linguagem mais fácil para ensinar seus filhos, e confiar no poder do Espírito Santo para convencê-los. Conta-se que Lutero sempre pregava na igreja imaginando estar ensinando uma criança ou adolescente de 12 anos para que todos fossem capaz de entender seu sermão.

Um pastor, um diretor, um governante, um pai, precisam conhecer seus receptores para que sua comunicação não seja um desastre. Tenha interesse em saber os dados sobre sexo, idade, nível de escolaridade, profissão, estilo de vida, passatempo pretendido, opinião sobre questões sociais, culturais, políticas etc. Na esfera da igreja por exemplo, o trabalho de exegese e hermenêutica são importantes e de real vitalidade na saúde da igreja, porém, também tem sido um esconderijo para muitos pastores fugirem das pessoas e de suas perguntas, escondendo-se atrás de sua erudição, esquecendo-se que seu ministério é público (pregação) e pessoal (aconselhamento).

Para romper a barreira do alheamento, o pregador precisa despertar a atenção, e estimular o interesse dos ouvintes, pois ele encontrará vários tipos de pessoas e obstáculos para vencer. Os três principais obstáculos são: 1) apatia: o ouvinte não está interessado nas coisas que serão ditas; 2) antipatia: o ouvinte está contra nós e contra o conteúdo que falaremos; 3) incredulidade: o ouvinte não crê no Livro que pregaremos. Como podemos chamar a atenção do ouvinte? Dando algo para que possam ficar atentos. Como fazer isso? Vejamos alguns exemplos:

1. Em um aconselhamento: Certa vez, Lou Priolo foi a um jantar de uma universidade e ele se sentou ao lado de um meteorologista. Por duas horas ele ficou perguntando sobre a previsão do tempo. Quando a noite acabou, o meteorologista apertou sua mão e disse que não se lembrava da última vez em que havia conversado com alguém tão interessante. Qual o segredo disso? Ele disse que gastou 5% da conversa falando sobre ele, e 95% conversando sobre o tempo. A melhor maneira para se fazer amigos e influenciar pessoas é exatamente isso, falar sobre assuntos de interesse delas. Considere Fp 2:4: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Mesmo que a motivação deste versículo não seja o de ganhar amigos ou influenciá-los, pois o propósito dele é glorificar a Deus e ministrar aos outros, as pessoas podem ser atraídas para sua comunicação conversando sobre assuntos que lhe interessam quando você investe tempo e esforço para isso. Este ato, demonstra um amor sacrificial, semelhante ao de Cristo. 

“Entrar no mundo de uma pessoa capacita-nos a aplicar as verdades do evangelho de maneira específica para a pessoa e para a situação” (Paul Tripp). Durante os trinta e três anos que Jesus viveu entre nós, ele não somente foi aprovado no teste que Adão foi reprovado, mas ele também coletou dados a respeito de tudo que sofremos ao suportarmos a vida à espera de sua volta (Hb 4:15). Jesus entende a dor da traição, rejeição, dor física e solidão, ele nos conhece.

2. Em uma palestra: John Haggai conta em seu livro “Seja um Líder de Verdade” que 1975 ele tinha que fazer uma palestra muito importante nos EUA, para o qual ele orou vários dias para poder pensar em uma maneira de romper a barreira do alheamento (desinteresse das pessoas) do seu auditório. Naquela época eles estavam vivendo uma crise financeira provocada pela elevação dos preços do petróleo. Ele começou sua palestra com estas palavras: “Vou dar a vocês dez mandamentos para sobreviver em meio à crise financeira”. Ele disse que em questão de segundos podia-se ouvir uma casca de cebola caindo no tapete, de tão silencioso ficou o auditório de 2.500 pessoas. Este exemplo nos ajuda a entender que podemos romper o alheamento das pessoas ao nosso redor conversando assuntos que são do interesse deles.

3. Em um sermão: a introdução não deve ser muito longa, e nem deve prometer mais do que o sermão pode dar. Deve conter um único pensamento para poder despertar e preparar as pessoas para quilo que vem depois. Uma introdução longa, é semelhante aquele que convida amigos para um jantar, mas gasta muito tempo arrumando a mesa, a ponto de os convidados chegarem a duvidar se irão ou não jantar alguma coisa.

Muitos pregadores pensam que o sermão eficiente é somente aquele que deixa a congregação se sentindo culpada, ou seja, eles não possuem uma mensagem bíblica equilibrada sobre culpa e pecado com a mensagem bíblica de perdão e renovação. Alguns enxergam a doutrina da “depravação total” em letras garrafais e a novidade de vida em Cristo com letras minúsculas.

O desequilíbrio mais comum é a ênfase demasiada na queda. Deve haver um equilíbrio entre os elementos CRIAÇÃO/QUEDA/REDENÇÃO. A Bíblia não começa na queda, e sim na criação. Em uma cultura secularizada, onde as pessoas desconhecem conceitos básicos de teologia, é mais prudente começar pela criação e não pela queda, caso contrário seria adequado começar com a queda.

O apóstolo Paulo tinha uma abordagem baseada nas Escrituras de acordo com o seu público. Em Atos 13:14-16 ele vai pregar o evangelho em uma sinagoga num sábado. Neste texto, o grupo era formado por judeus. Também havia presença gentílica ali. Paulo inicia com um dos principais fatos da história judaica, o êxodo. Ele relembra a história de Israel até Davi, e intencionalmente, lhes introduz a promessa do Messias (At 13:23). Neste contexto ele prega a Cristo a partir do Deus de Israel, se fundamentando no Antigo Testamento para lhes apresentar o Messias. Já em Atos 17:16-31, Paulo proclama Cristo para os gentios que não conheciam as Escrituras. Ele está em Atenas, o centro filosófico do mundo da época. O sermão de Paulo neste contexto não se iniciou nas Escrituras do Antigo Testamento, ele pregou Deus a partir das evidências da criação e do deus desconhecido (At 17:23).

Em Atenas, somente depois que Paulo formou seu argumento baseado na criação (quem é Deus; quem somos; e o que lhe devemos) é que ele apresentou os conceitos de pecado e arrependimento. Ao falarmos com as pessoas do século XXI que não tem conhecimento da Bíblia, é preciso seguir o modelo de Paulo, baseando argumentos na criação antes de apresentar a mensagem de pecado e salvação.

Para isso é preciso aprender a se relacionar, pois vivemos em uma sociedade moderna cada vez mais privatizada, as “vizinhanças” desaparecem e as pessoas se fecham cada vez mais em seus mundos particulares. As pessoas não estão abertas a ouvir um estranho. O evangelismo por meio de rádio, TV, jornais, folhetos, transmissões de cultos pela internet, podem ser importantes, porém, em uma cultura privatizada, podem criar pessoas resistentes ao compromisso e ao discipulado.

Em uma sociedade cada vez mais privatizada, as pessoas raramente ouvem o evangelho a partir de estranhos. Uma igreja que é caracterizada pelo evangelismo por amizade, é desenvolvida primariamente pelos relacionamentos, e secundariamente pela determinação de programações.

Quando começamos igrejas planejadas intencionalmente para apelar a certo tipo de pessoa, falhamos em atender ao mandado bíblico de ser tudo para com todos (1Co 9:22). Muitas igrejas preferem adotar somente a primeira expressão sem a segunda. Querem ser tudo somente para um determinado grupo de pessoas e aqui está o problema. Se o público alvo da igreja são os jovens, significa que pessoas mais velhas serão alienadas. Se passamos tempo com pessoas que são da mesma idade, que gostam do mesmo tipo de música e que compartilham de nosso gosto, opinião política e preferências, em que somos diferentes do mundo (Mt 5:47)?

Quando Cristo envia um homem a pregar, Ele não comissiona apenas para expor a verdade, mas também para dizer aos seus ouvintes como praticá-la. Existem vários tipos de pessoas a nossa frente, e o que faremos com todas elas? Assim como um farmacêutico responsável entrega o medicamento com a prescrição certa para cada tipo de pessoa, e o alfaiate que entrega a roupa sob medida de modo a adequar aos vários tipos de clientes, o sermão não pode ser de “molde padrão”, pois fazendo assim o pregador não atingirá a consciência das pessoas (estudantes, pais, filhos, solteiros, casados, viúvas, desempregados, solitários, enfermos, atribulados etc.). O pregador não cumpre seu dever, se apenas diz às pessoas o que fazer, ele tem de mostrar-lhes como e porque tal coisa é digna de ser feita.

Sabemos que o resultado pertence a Deus, e que aquele que convence e transforma o coração é o Espírito Santo, porém, Deus pode transformar corações a despeito do pregador, pois sendo um Deus misericordioso, Ele ainda opera com sua Palavra que não pode voltar vazia. Esteja sempre de joelhos orando a Deus antes de pregar, pedindo que ele traga o não convertido a Cristo e faça o convertido crescer na graça e no conhecimento do Senhor.

OBS: Este artigo é apenas um guia, não é uma regra (mandamento) a ser obedecida, você pode rejeitá-lo, como também pode utilizá-lo de maneira parcial ou completa se assim quiser, Deus o abençoe!

 

REFERENCIAL TEÓRICO

HAGGAI, John Edmund. Seja um Líder de verdade: Liderança que permanece para um mundo em transformação. Belo Horizonte: Betânia, 1990.

MACARTHUR, John; MACK, Wayne. Introdução ao aconselhamento bíblico: Um guia básico de princípios e práticas de aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 41-63.

MCKINLEY, Mike. Plantar Igrejas é para os fracos: Como Deus usa pessoas confusas para plantar igrejas comuns que fazem coisas extraordinárias. São José dos Campos: Fiel, 2013.

OLYOTT, Stuart. Pregação pura e simples. São José dos Campos: Fiel, 2018.

PRIOLO, Lou. Maridos Perseguindo a Excelência: Princípios bíblicos para maridos que almejam o ideal de Deus. São Paulo: NUTRA, 2011.

RYKEN, Leland. Santos no Mundo: Os Puritanos como realmente eram. 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 2013.

TRIPP, Paul D. Instrumentos nas Mãos do Redentor: Pessoas que Precisam Ser Transformadas Ajudando Pessoas que Precisam de Transformação. São Paulo: NUTRA, 2009.

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