segunda-feira, 30 de março de 2020

De qual pão você tem mais fome: físico ou espiritual?


Em João 6:22-40 Jesus pega o almoço de um garotinho e o torna em uma refeição para cinco mil pessoas, com sobra de doze cestos de comida. Este seria o momento perfeito para proclamá-lo rei, porém, Jesus vai embora e desaparece. A multidão o procura, mas ele parece não querer nada com aquilo, por que? No verso 26, Jesus diz que seu milagre é um sinal, mas eles entenderam tudo errado. Este sinal aponta para uma realidade que transcende nossas necessidades imediatas. Jesus está elevando os olhos das pessoas acima do “aqui e agora”. Ele volta o olhar das pessoas para questões eternas. Ele diz: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna” (Jo 6:27).

Um profeta do Antigo Testamento chamado Habacuque ao olhar para a violência e injustiça praticada em sua comunidade, ele diz: “Até quando, Senhor, clamarei eu” (Hc 1:2). Ele estava preocupado com a circunstância difícil e complexa que eles estavam vivendo.

A expressão “até quando”, foi usada pelo próprio Senhor em Êxodo 16:28, quando o povo de Israel saiu para colher o maná no sétimo dia no deserto, quando a ordem era que eles ficassem em casa, parados, pois o Senhor lhes daria porção dobrada no sexto dia para que não trabalhassem no sétimo, porém, eles estavam desobedecendo os mandamentos de Deus. O povo também foi ordenado a colher somente o necessário para suprir suas necessidades, porém, desobedeceram fazendo “estoques” para o dia seguinte (Êx 16:20).

A solução de Deus para o clamor do profeta Habacuque não foi o que o profeta esperava ouvir. É possível que Habacuque estivesse esperando de Deus uma resposta de avivamento e Deus disse que iria julgar seu povo através de uma nação má e violenta. O pecado do povo de Deus pode levar o Senhor a não responder prontamente com livramento quando clamam (Dt 28:29).

Muitas pessoas hoje estão seguindo a Jesus pelos motivos errados. Veem os sinais, experimentam suas bençãos, porém, querem proclamá-lo Rei somente para que ele encha suas barrigas. Quando Jesus diz que eles deveriam comer da sua carne e beber do seu sangue, muitas pessoas, inclusive seus discípulos pararam de segui-lo.

Nossas orações não expressam gratidão, mas uma lista de exigências em forma de pedidos. Estamos correndo atrás do pão físico (segurança financeira, casa, amor conjugal, filhos, sucesso profissional e acadêmico, reputação, saúde), e quando Deus remove o pão físico, caímos em uma depressão espiritual e responsabilizamos as pessoas, situações e a Deus de forma sutil.

Quando o profeta Habacuque compreendeu a glória e o poder de Deus naquela situação difícil, ele descreveu o extermínio total da cultura agrícola, pois já não havia mais plantas, nem árvores e nem animais, porém, ele se alegrou em Deus dizendo:

“Senhor, embora tudo o mais tenha se dissipado, eu ainda me alegrarei porque tu, meu Salvador e meu Senhor, minha vida e minha força, ainda estás aqui” (Hc 3:17-19)

sábado, 21 de março de 2020

Cristão e Esperança no Castelo do gigante Desespero


No livro, O Peregrino de John Bunyan, em determinado momento da história, logo após Cristão e Esperança caminharem e se deleitaram as margens do rio da água da vida, onde tinham água fresca, frutas e folhas medicinais, o caminho que estavam trilhando se separava do rio, ficando mais difícil, seus pés estavam ficando doloridos no caminho acidentado. Em seu coração eles começavam a desejar outro caminho mais fácil. Então, Cristão toma decisão de caminhar em uma via paralela, onde o terreno era mais suave, chamado de Atalho. Olhando a frente eles avistaram um homem caminhando chamado Vã Esperança, e começaram a segui-lo. Logo encontraram problemas. Quando anoiteceu, com uma violenta tempestade a água começou a subir rapidamente no caminho. Esperança gemeu em seu íntimo dizendo: “Ah! Se eu tivesse permanecido no caminho!”. (Então ponderei que é mais fácil sair do caminho quando se está nele do que nele entrar quando se está fora). Ao se deitarem para dormir Cristão e Esperança discutem seus problemas e dormem cansados. De manhã, o gigante Desespero, proprietário das terras onde eles invadiram, encontra os dois amigos e os acorda para perguntar o que eles estão fazendo ali. Os dois companheiros respondem que estão em uma jornada, mas se desviaram do caminho. O gigante Desespero declara que eles cometeram uma ofensa contra ele ao entrarem em sua propriedade e exige que eles o sigam até sua casa, o Castelo da Dúvida. Lá eles foram trancados em um calabouço muito sombrio, sem comida e mal cheiroso. O gigante Desespero tinha uma mulher chamada Coação. Ela insiste para que seu marido Desespero aconselhe os prisioneiros a se matarem, pois não havia mais esperança para eles. Com isso Cristão diz a Esperança: “Irmão, o que faremos? A vida que desfrutamos no momento é horrível. De minha parte, não sei se é melhor viver ou morrer logo! A minha alma prefere o estrangulamento à vida (Jó 7:15), e a sepultura é para mim mais fácil de suportar do que este calabouço".

Neste momento Cristão entrou em desespero por ter sido coagido, e perdeu a esperança de viver focando seus olhos apenas nas circunstâncias, ao invés de focar em Deus. Como crentes nós também enfrentamos esse perigo se não buscarmos a alimentarmos a esperança em nossas vidas (Sl 38:10-15). Na história, Cristão e Esperança não ficaram para sempre no calabouço do Castelo da Dúvida, nem cometeram suicídio. Eles saíram de lá. O autor do livro, John Bunyan, indica três fatores que Deus usou para tirar Cristão de seu desespero (Rm 12:12).

O primeiro fator é que, no calabouço do Castelo da Dúvida, Esperança começou a aconselhar seu amigo Cristão a suportar com paciência aquele momento difícil, lembrando seu amigo das lutas e dificuldades que ele havia vencido no passado.

O segundo, é que Cristão e Esperança começaram a orar. Eles se voltaram para Deus em busca de socorro em vez de ficar remoendo suas circunstâncias (Sl 34:6; 50:15; 55:22).

O terceiro, é que após orar a noite inteira, Cristão lembrou-se de que tinha pendurado no peito uma chave chamada Promessa. Na mesma hora suspeitou que a chave lhe daria liberdade para andar e abriria qualquer fechadura do castelo. Ao constatar que a chave abriu facilmente o portão do calabouço, ele a usou novamente na próxima porta, ainda que tivesse sido um pouco mais difícil do que a anterior, mas todas se abriram quando a chave foi usada com determinação. Finalmente, eles chegaram à porta de ferro, esta porta estava com o ferrolho completamente enferrujado, mas a chave abriu também.

Muitas vezes, meditamos e cremos nas promessas de Deus em tempos difíceis, porém, basta chegarmos a uma nova porta mais difícil de abrir para sentirmos como se estivéssemos presos, dizendo que as promessas de Deus falharam. É neste momento que muitas pessoas desistem e procuram ajuda na sabedoria humana, psicologia secular, nos vícios, e etc. O Espírito Santo de Deus usa suas promessas para manter viva nossa esperança, mas elas só podem ser trazidas a mente se estiverem em nosso coração, em outras palavras, temos o poder e responsabilidade de colocar a chave da Promessa no peito (coração), sendo fiéis em meditar nas promessas de Deus e memoriza-las, estando sempre prontas para serem usadas quando os problemas surgirem.

(1Ts 4:13; 1Tm 1:1; 1Pe 1:3; 2Ts 2:16; 2Co 3:13; 1Pe 3:16; Gl 5:5; Rm 5:3-5; 2Co 1:7; 1 Jo 3:3; Rm 12:12; Rm 15:13)

sábado, 14 de março de 2020

Confiando na soberania de Deus sobre as circunstâncias e relacionamentos: Qual a instrução de Deus para aqueles que andam nas trevas? (Isaías 50:10)



Existem momentos em que todo cristão passa por caminhos obscurecidos pelas trevas. Sem uma luz, esses caminhos se tornam muito difíceis de andar, a ponto de o crente ficar sem saber o que fazer, pois ele não entende o motivo e nem sabe onde encontrar a uma solução. Esse texto de Isaías 50:10, começa com uma pergunta e em seguida oferece algumas orientações. Neste versículo encontramos três ensinos específicos:

1.      A identidades das pessoas a quem ele se dirige (Quem há entre vós que tema ao Senhor e que ouça a voz do seu Servo?)
2.      O problema dessas pessoas (Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz)
3.      A instrução de Deus para lidarem com o problema (Confie em o nome do Senhor e se firme sobre o seu Deus)

1 – A IDENTIDADE DAS PESSOAS A QUEM ELE SE DIRIGE

Temer o Senhor é a primeira característica das pessoas a quem Is 50:10 se dirigiu. A Bíblia diz que alguém que teme o Senhor é um filho ou uma filha de Deus. A ausência de temor a Deus é usada para descrever pessoas que não conhecem a Cristo, que não são crentes (Dt 10:12; Jó 1:1; Sl 36:1; Pv 9:10; Ec 12:13; Jr 32:38-40; Mt 10:28; At 9:31; Rm 3:18; Ef 5:21; Fl 2:12; Hb 12:28; 1 Pe 1:17).
O que significa temer o Senhor? O temor do Senhor é uma marca distintiva de um verdadeiro crente. A palavra grega traduzida por “temor” é “phobos” da qual surgiu a palavra fobia. Ela tem o sentido de reverenciar, respeitar e admirar. Esse é um temor reverente que leva a pessoa a viver na justiça. É o temor de pecar, o temor de confiar em nossas próprias forças, ao enfrentarmos a tentação; é o horror que sentimos ao pensar em desonrar a Deus (Isaías 66:2,5). “Cada crente deve viver com um tal temor ante a majestade e a santidade de Deus, que evite o pecado para que este não ofenda o seu Senhor, não macule o seu testemunho e não o torne inútil para o ministério no corpo de Cristo, trazendo sobre si a correção divina” (John MacArthur).
A segunda característica dessas pessoas é que elas obedecem a Deus. O “servo” a quem esse versículo se refere é o Senhor Jesus Cristo. Esse texto se dirige a pessoas que são crentes verdadeiros, que temem o Senhor e obedecem a Cristo. Contudo, essas pessoas têm um problema.

2 - QUAL O PROBLEMA DESSAS PESSOAS?

Elas estão andando no escuro e não têm luz alguma. A palavra “trevas” as vezes é usada como sinônimo de pecado (Jo 3:19) ou falta de entendimento ou percepção (Ef 4:18) na Bíblia, mas neste texto, fica claro que a palavra “trevas” está relacionada ao crente verdadeiro que está experimentando circunstâncias difíceis sem entendimento delas (Sl 44). Nestes momentos, um crente que está passando por um período de trevas e sem luz, corre grande perigo em responder pecaminosamente às circunstâncias e aos relacionamentos. Diante de uma situação em que ele não compreende bem o que está acontecendo, ele fica mais suscetível ao falso entendimento de conselheiros não bíblicos. Ele passa a travar uma guerra por soberania, ou seja, ele batalha para obter o controle sobre a circunstância e domínio sobre o relacionamento.

3 – QUAL A INSTRUÇÃO DE DEUS PARA AQUELES QUE ANDAM EM TREVAS?

Primeiro, “confie em o nome do Senhor e se firme sobre o seu Deus” (Is 50:10). Confiar significa tomar uma descisão consciente quanto à atitude do nosso coração. Devemos assumir um compromisso em nosso coração sobre o que fazer quando enfrentarmos o medo ou desânimo (Sl 56:3,4).
Segundo, a expressão “nome do Senhor”, refere-se ao significado do nome de Deus, o que ele revela sobre seu caráter e não sobre o nome em si. Confiar no nome do Senhor é confiar no próprio Senhor, em tudo o que seu nome declara sobre Ele.
  1. Jehovah-Shammah – Jeová (Iavé) está ali (Ez 48:30-35, ver v.35). Sempre que nos desviamos da vontade de Deus revelada a nós, descobrimos que Ele está lá – liderando, abençoando, esperando por nós no destino que procuramos alcançar.
  2.  Jeovah-Jireh – “Jeová proverá (verá) – (Gn 22:1-22, ver v. 14). O Deus que providenciou o cordeiro para Abraão, que mais tarde providenciou um Cordeiro para o Calvário, também providenciará o que precisamos.
  3. El-Roy – “O Deus que vê” (Gn 16:13). Na solidão, onde o perigo e a incerteza espreitam de todos os lados, os filhos de Deus não estão sozinhos. Nada escapa às vistas de Deus; tudo ele vê.
  4. A Rocha (Dt 32:1-43 – ver v. 4). Tempos e tumultos não podem mudá-lo; Ele é como a torre majestosa acima de tudo. Mesmo que algumas vezes esteja em silêncio, ele é sempre forte, permanece um refúgio seguro e infalível em si mesmo.
  5. Jeovha-Nissi – “Jeová nossa bandeira” (Ex 17:15). É de vitória sobre os inimigos, provações e tentações que precisamos. A única maneira de vencermos as batalhas é sob o estandarte de Deus. Deus marcha onde sua bandeira tremula; e sua bandeira tremula onde sua Palavra de ordem é obedecida.
  6. El-Shaddai – “Todo Poderoso” (Gn 17:1). O nome fala do poder de Deus e da capacidade infinita de nutrir, satisfazer e suprir. Cristãos duvidosos, incertos, fracos na fé precisam conhecer o “Poderoso Provedor”.
  7. Iavé – “Eu sou” (Êx 3:14). “Aquele que era, que é e que há de vir”, “o mesmo ontem, hoje e para sempre”. Este nome assegura ao crente que Deus manterá suas promessas. O cristão pode acreditar que Deus fará o que diz em sua Palavra!


CONCLUSÃO

O cristão precisa compreender que ele nunca estará em uma situação, localização ou relacionamento no qual Deus não esteja governando. O cristão deve confiar na soberania de Deus sobre as circunstâncias e relacionamentos, pois Deus tem um propósito em nossos problemas e pressões que estamos passando, que é a nossa santificação.
Talvez você, cristão que teme a Deus, esteja se sentindo devastado, injustiçado e ferido pelas palavras duras que você ouviu de um vizinho difícil, de um chefe exigente, de um parente melindroso, de um amigo mandão, de uma criança ingrata, ou de um acidente inesperado. Saiba que todos eles (momentos de trevas) são instrumentos de santificação nas mãos do Senhor. Mesmo que alguém tenha planejado o mal contra você, saiba que Deus te colocou nessa situação por um motivo, pois o mal que estão tentando fazer, não está nem perto do bem que Deus está tentando fazer nisso tudo! 

APLICAÇÕES

1) Ao analisar sua vida baseando-se nas características de alguém que teme o Senhor, como você avaliaria seu temor a Deus? Use a escala:
4 = excelente (quase sempre ajo assim)
3 = bom (ajo assim com frequência)
2 = às vezes chego perto disso (preciso melhorar)
1 = bem deficiente, quase nunca ajo assim (preciso melhorar muito)
0 = nunca ajo assim

2) Como você reage quando seus planos são frustrados? Descreva uma experiência de andar nas trevas que você já experimentou ou está experimentando. Quais foram ou são as circunstâncias? Como elas o afetaram? O que você fez ou está fazendo? O que você estava ou está pensando em fazer?

3) O que significa confiar no nome do Senhor? As suas palavras e seu modo de agir revelam que você está descansando sob o controle de Deus ou que você está lutando contra esse controle?

4) Escreva a partir daquilo que foi ensinado sobre o caráter de Deus revelado em seus nomes, tudo o que puder sobre Deus como Pai daqueles que nasceram de novo e foram adotados em sua família.


REFERENCIAL TEÓRICO

MACK, Wayne A. Caído, mas não Derrotado: Lidando Biblicamente com o Desânimo, o Abatimento e o Esgotamento. São Paulo: NUTRA, 2016, p.187-203.

TRIPP, Paul D. Guerra de Palavras: O que há de errado com a nossa comunicação. Uma compreensão do plano de Deus para a nossa fala. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.66-82.

ADAMS, Jay E. Teologia do Aconselhamento Cristão: Mais que Redenção. Eusébio: Peregrino, 2016, p.91-92.

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