sábado, 2 de março de 2019

Confrontação Bíblica: Falando a verdade em amor


Falar a verdade em amor é bíblico. O texto de Levítico 19:15-18 nos ensina uma compreensão bíblica sobre confrontação. Devemos confrontar porque amamos ao Senhor e queremos obedecer a Ele (Mt 22:37). O problema é que amamos tanto nosso relacionamento com a pessoa que não queremos correr riscos, preferimos evitar o sacrifício pessoal e as complicações que a confrontação pode envolver. Talvez, amemos a paz, o respeito e a apreciação mais do que deveríamos. Quanto mais amamos a Deus acima de tudo, a confrontação se torna uma extensão e uma expressão de amor (1 Jo 3:11-20; 4:7-21), porém, quando amamos alguém conforme nosso coração, perdemos os motivos básicos para confrontação.

Nossa cultura dá uma grande recompensa por sermos tolerantes e educados, porém, ser amável e agir por amor não são a mesma coisa. Quando nos conservamos calados quando a iniquidade reclama a repreensão de nossa parte e suprimimos a verdade com o nosso silêncio indevido em uma causa justa é certo que sofreremos as consequências da nossa iniquidade (Pv 31:8,9; Lv 5:1, Lv 19:17; 1 Rs 1:6; At 5:3). Não falamos porque procuramos evitar momentos desconfortáveis, e achamos que o nosso silêncio é expressão de amor a outra pessoa, quando na verdade deixamos de falar porque nos falta amor.

A verdade é que deixamos de confrontar não porque amamos demais as outras pessoas, mas porque amamos demais a nós mesmos. A confrontação é nossa responsabilidade moral em cada relacionamento. “Em casa pequeno momento de falar a verdade, o progresso do pecado é atrasado e o crescimento espiritual é encorajado” (Paul Tripp). Em Levítico 19:17 diz “por causa dele, não levarás sobre ti pecado”, isso mostra nossa responsabilidade moral. O verdadeiro amor não fecha os olhos para as coisas erradas, mas concede ao próximo a mesma graça que recebemos, pois caso contrário somos participantes moral no pecado.

Paul Tripp chama esse ato de fechar os olhos para o erro de imoralidade do silêncio egoísta (TRIPP, 2009, p.275), pois quando nos recusamos a falar a verdade estamos nos rebelando contra o Senhor. Deus nos chama para falar com aqueles que Ele quer resgatar. A confrontação deveria ser um estilo de vida, mas o que estamos vendo são igrejas enviando as pessoas com problemas para os profissionais da saúde mental. Falta maturidade de comunicação no lar, e como consequência a igreja sofre com isso. Não confrontamos porque em nossos lares têm existido mais ódio do que amor. O ódio ativo se revela em: injustiça, fofoca e vingança. O ódio passivo se revela em: ódio farisaico, preconceito e rancor.

A confrontação jamais deve ser vista como algo pessoal, pois o encontro mais importante na confrontação não é o nosso encontro com a pessoa confrontada, mas com Cristo. A repreensão não deve forçar a pessoa a encarar nosso julgamento, mas dar a oportunidade de acertar-se com Deus. A confrontação não deve ministrar legalidade, e sim a graça de Cristo. Não deve ser motivada pela punição, mas pela esperança de que o Senhor libertará a pessoa que se encontra em prisão do seu pecado para conhecer a liberdade de andar em comunhão com Ele.

Nossa responsabilidade é segurar o espelho da Palavra de Deus na frente da pessoa para que ela possa enxergar a si mesma com exatidão, e jamais tentar ajudar alguém a enxergar-se a si mesma com nossas opiniões. Por isso é importante sondar nosso coração primeiro, para depois ajudar o próximo, segundo o diagnóstico do Senhor e da sua Palavra. Não podemos simplesmente oferecer soluções rápidas e superficiais, pois quando fazemos isso não estamos sendo guiados pelo amor de Deus e pela pessoa, mas por amor a nós mesmos.

É a bondade de Deus que nos leva ao arrependimento (Rm 2:4) e não o peso da Lei. É o amor de Cristo que nos compele a não mais vivermos para nós mesmos, mas para Ele (1 Co 5:14). Se Deus leva o pecado a sério, nós também devemos levar a sério o pecado. Ele sacrificou seu Filho por causa dos nossos pecados, então como podemos ser menos sérios a respeito dos nossos pecados do coração e do comportamento? A obra de Cristo e a presença do Espírito Santo nos deixam com a obrigação de levarmos o pecado a sério e o enxergarmos como Deus os enxerga: como uma questão de vida ou morte. Os verdadeiros filhos são guiados pelo Espírito e não pela natureza pecaminosa, eles são chamados a seguir Cristo em obediência.

“A Confrontação bíblica verdadeira confronta as pessoas com muito mais que seus pecados e fracassos. Ela confronta as pessoas com Cristo” (TRIPP, 2009, p.293). O alvo da confrontação não é forçar a mudança de comportamento, mas encorajar a nova natureza com o evangelho.


REFERENCIAL TEÓRICO:

TRIPP, Paul David. Instrumentos nas Mãos do Redentor: Pessoas que Precisam Ser Transformadas Ajudando Pessoas que Precisam de Transformação. São Paulo: NUTRA, 2009, p. 269-293.

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