sexta-feira, 8 de julho de 2022

Informação vs. Esclarecimento

Temos acesso a muitos fatos, mas não necessariamente ao entendimento desses fatos. Muitas pessoas, principalmente a mídia projetam suas informações para tornar o pensamento algo desnecessário. Eles empacotam ideias e opiniões minuciosamente planejadas e selecionam cuidadosamente dados estatísticos, cujo objetivo, é facilitar o ato de “formar opinião” das pessoas. Essa “opinião” introjetada na mente das pessoas é semelhante uma gravação inserida no aparelho de som, que no momento apropriado, apertando-se o play a opinião será “tocada”. Essas pessoas apenas reproduzem suas opiniões a respeito de muitos fatos sem terem pensado a respeito (ADLER; DOREN, 2010, p.26).

Informar-se é simplesmente saber que algo é um fato, porém, esclarecer-se, é saber além de que algo é um fato, do que se trata esse fato, ou seja, é a explicação da informação. Muitas pessoas estão adquirindo apenas informações de livros, jornais, revistas, professores, líderes religiosos, mas sem esclarecimento. O esclarecimento só ocorre quando, além de saber o que um autor escreveu ou o que uma pessoa disse, você também sabe o que ele quis dizer com o que escreveu/falou e por que escreveu/falou sobre o fato na informação (ADLER; DOREN, 2010, p.32-33).

A primeira ignorância é a do analfabeto, e a segunda ignorância é a do sujeito que leu e ouviu muitas informações, mas de maneira incorreta, este é o ignorante alfabetizado, uma estranha mistura de aprendizado com estupidez, chamado pelos gregos de “sofomania”. Na Bíblia ele é chamado de estulto (Pv 26:4,5; 14:8).

A verdade, mesmo do ponto de vista de uma pessoa sincera, pode ser tendenciosa. Tendemos a ver o que esperamos ver: observamos, lembramos e passamos adiante as informações que apoiam nosso ponto de vista, mas não temos a mesma motivação quando os indícios apontam para o lado oposto (WESTON, 2009, p.36).

Não se limite, portanto, ao discurso de um presidente se o assunto é a eficácia das políticas adotadas em sua administração. Não se limite ao fabricante de um produto para obter a melhor informação acerca desse produto. Da mesma forma, não se limite aos grupos que são partidários de um dos lados de um debate público ou de um conflito eclesiástico para obter informações rigorosas sobre o assunto.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

ADLER, Mortimer J.; DOREN, Charles Van. Como ler Livros: O guia Clássico para a Leitura Inteligente. São Paulo: É Realizações, 2010. 

WESTON, Anthony. A Construção do Argumento. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

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