quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Precisamos amar mais as pessoas e precisar menos delas: O “ser bonzinho” e sempre dizer “sim” não são necessariamente o mesmo que amor


Uma pessoa que trabalha demais justifica que a sua congregação, que o seu trabalho e a sua família precisam dele, mas não será o contrário? Talvez ele queira acreditar que eles precisem mesmo dele. Muitas pessoas estão se sacrificando para servirem mais a si mesmos do que à sua família, igreja e trabalho. Não conseguem ver o egoísmo oculto em suas ações. Por consequência ficam doentes e afetam a saúde de todos a sua volta.

O “ser bonzinho” e sempre dizer “sim” não são necessariamente o mesmo que amor. Muitas pessoas confundem “ser bonzinho” e dizer “sim” com o amor. Estas pessoas estão sempre preocupadas em agradar os outros, têm medo de contrariá-las, e ficam propensas a serem manipuladas por elas, e isso as levará a destruição.

“Precisamos amar mais as pessoas e precisar menos delas” (WELCH, 2008, p.225). A palavra “precisar” aqui significa anseio. A palavra “anseio” significa “querer desesperadamente”. Uma dependência por anseios psicológicos (valorização, aceitação, respeito, admiração, amor, sentimento de pertencer, propósito e etc). Alguns desejos podem ser legítimos, mas quando se tornam uma exigência, automaticamente se tornam um ídolo no coração da pessoa.

O autor e psicólogo cristão Larry Crabb muito conhecido do meio cristão na área de aconselhamento, em seu livro “Compreendendo as pessoas” diz que “Deus anseia pela restauração do relacionamento com seu povo” e que “Cada um de nós deseja fervorosamente que alguém nos veja de forma exata como somos, com todos os nossos defeitos, e ainda nos aceite” (CRABB, 1998, p. 106-127).

Mas o que há de errado nesse pensamento? Deus não precisava nos amar, pois Ele é completo, quando dizemos que Deus anseia por relacionar-se conosco, sugere que Ele é incompleto sem isso, como uma deficiência a ser suprida por nós. Deus nos ama por causa do seu próprio prazer, por amor a sua glória. Larry Crabb, assim como muitos conselheiros, seguem uma teoria baseada na necessidade. Para eles o mais importante é vasculhar os “recônditos da alma” o “inconsciente” para se descobrir a causa do problema. O problema da pessoa se torna mais importante do que o pecado. Deixe-me dar um exemplo: se o pastor ou o conselheiro tratar a fofoca de uma pessoa como pecado, o fofoqueiro pode dizer que o conselho é superficial, pois ele não entendeu o xis da questão. A pessoa quer que o pastor ou o conselheiro entenda que o seu problema é que ela precisa de relacionamento, e sua solidão é o motivo de sua tagarelice, porém descobrir a causa do problema não muda a atitude de ninguém. Afirmar que o problema da solidão, ou baixa autoestima seja a raiz real do problema é minimizar a natureza do pecado contra Deus e incentivar a transferência de culpa.

“Se pensarmos que o pecado é de alguma maneira superficial, então, não compreenderemos a verdadeira natureza do pecado” (WELCH, 2008, p.151)

Para glorificar a Deus nós precisamos de pessoas (Unidade da igreja, como corpo de Cristo). Precisamos ser ensinados e pastoreados, e precisamos ensinar e pastorear. Precisamos diariamente do conselho de nossos irmãos e irmãs, e eles precisam do nosso conselho. Precisamos de pessoas que nos façam perguntas difíceis, embora algumas vezes iremos desejar que elas nos deixem sozinhos (Rm 1:11-12; Sl 133:1; Ef 3:10; 4:13). Não fomos criados para viver isolados, mas em comunhão, e isto é um excelente remédio para o termor de homem.

REFERENCIAL TEÓRICO

WELCH, Edward T.; Quando as Pessoas são grandes e Deus é pequeno: Vencendo a pressão do grupo, a codependência e o Temor do Homem. São Paulo: Batista Regular do Brasil, 2008.

CRABB, Larry. Como compreender as pessoas: Fundamentos Bíblicos e Psicológicos para desenvolver relacionamentos saudáveis. São Paulo: Vida, 1998.

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