quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Seja persuasivo com seus filhos: Mostre a eles a alegria e a bênção de colocarem em prática a verdade de Deus

Ser direto em um sermão ou em um aconselhamento não significa ser rude e insensível, ou seja, se as pessoas (cônjuge, filho, amigo etc.) se ofendem com o conteúdo daquilo que as ensinamos sobre a Palavra de Deus não temos do que nos arrepender, mas se o modo como ensinamos ou falamos é grosseiro e hostil (na base da chicotada) precisamos aprender a falar a verdade em amor (Ef 4:15; Gl 6:1).

Saber ouvir e falar com um irmão de maneira graciosa principalmente naquilo que ele é debilitado faz de nós homens e mulheres fiéis à Palavra, autênticos diante de Deus e dos homens. Cultivar e guardar a amizade são elementos de uma arte que tem de ser aprendida. Muitas vezes, os mesmos pés que anunciam o evangelho para muitas vidas, são os mesmos pés que pisam pesado em outros.

Por exemplo, quando um pai disciplina seu filho enquanto está irado é mais fácil exagerar na disciplina, pois o filho pode entender que sua disciplina é um ataque pessoal e suspeitará que a motivação de sua disciplina é vingativa em vez de corretiva. A ênfase da disciplina deve estar naquilo que a criança fez por pecar contra Deus, mas se os pais perceberem que estão mais perturbados porque seu filho pecou contra eles do que pecou contra Deus, eles precisam repensar rapidamente suas motivações, colocar seus direitos pessoais de lado, e focar em uma disciplina que visa a glória de Deus e não a deles (Sl 38:1; Ef 4:26,29; Tg 1:19,20).

Vise primeiramente a glória de Deus e não o comportamento pecaminoso do seu filho. Muitos pais tomam o comportamento pecaminoso dos seus filhos como algo pessoal, e para terem o controle da situação eles acabam ficando obcecados pelo comportamento pecaminoso repetitivo dos filhos, dando mais valor ao pecado do que a graça redentora de Deus. Quanto mais os pais se concentram no comportamento pecaminoso dos filhos, mais eles serão controlados pela amargura, ressentimento ou ira. Reflita antes de agir, e lembre-se de quem você é em Cristo (redimido e perdoado), e concentrem-se em Deus, e ele lhe dará capacidade de ministrar o evangelho ao coração do seu filho.

As crianças precisam aprender as consequências do comportamento errado e a disciplina física (Pv 13:24; 23:13-14) pode ser uma forma útil de transmitir essa lição. Os pais devem, contudo, levar em consideração a personalidade singular e temperamento de cada filho e ter consciência de que algumas crianças respondem melhor a outros tipos de consequências e reforços positivos e negativos. A vara, porém, não é o único instrumento de correção, há um apelo à consciência (Pv 23:17-26).

Para se alcançar o âmago do comportamento é preciso conversar sem fazer acusações levando o filho a analisar o que aconteceu, sem fazer julgamentos, e dizer quais foram suas motivações sobre determinado comportamento. Apesar das suspeitas que os pais podem ter, eles devem encorajar seus filhos a uma autoavaliação fazendo perguntas que irão ajudar seus filhos a entenderem as atitudes do coração, ou seja, sobre as coisas que motivaram o seu comportamento.

Seja persuasivo com seus filhos, ou seja, mostre a eles a alegria e a bênção de colocarem em prática a verdade de Deus, ao invés de ser sempre duro e impaciente com eles. A persuasão não somente os deixará mais dispostos, mas também desejosos de andar com Deus. Por exemplo, se em um treino de futebol, o treinador persuadir as crianças que se tiverem melhor preparo do que o outro time, se tiverem maior resistência física, se puderem driblar com muita habilidade, o pensamento de vitória transformará o ânimo delas sobre a possibilidade de vencer um jogo. “Um quilo de persuasão equivale a uma tonelada de repreensão” disse Stuart Olyott. Gaste mais tempo ensinando, encorajando, explicando e treinando seus filhos agora do que na sua juventude e nos anos mais maduros.

Estamos perdendo nossos filhos, jovens crentes criados em lares cristãos, pois quando chegam na faculdade acabam perdendo sua fé. Lá eles encontram professores que fazem uma dicotomia entre mente e coração. Como se o coração fosse somente para a religião aos domingos na igreja e a mente ou o cérebro para o resto da semana, ou seja, para o uso da ciência. Não existe essa divisão entre sagrado e secular. “O cristianismo não é mera verdade religiosa, mas a verdade total” (Francis Shaeffer). “Temos de rejeitar a divisão de vida em uma esfera sagrada, limitado a coisa como adoração e moralidade pessoal, em oposição a uma esfera secular que inclui ciência, política, economia e o restante do cenário público” (Nancy Pearcey).

Nossos filhos testarão nosso cristianismo, e farão perguntas do tipo: “Vale a pena viver a vida cristã?” Embora os filhos possam aprender muito pelo que falamos e fazemos, eles aprendem muito mais pelo que somos. Os filhos perceberão nosso amor por Deus e ao próximo principalmente através dos nossos atos e palavras no decurso da vida. As perguntas abaixo podem nos ajudar a perceber o que eles estão enxergando em nós:

1.      O que Deus, a oração, a Bíblia e a adoração representam para nós pais?

2.      Como reagimos aos conflitos?

3.      Quanto tempo e energia utilizamos em devoção espiritual?

4.      Somos pais que arrependem de seus pecados? Você já pediu perdão para seu filho quando errou com ele?

5.      Sofremos mais por causa das coisas que dizem respeito a nós, ou por causa das coisas que ofendem a Deus?

6.      Nosso casamento reflete o modelo de Cristo (noivo) e sua igreja (noiva)?

7.      Temos prazer de orar, conversar, brincar, tirar férias com nossos filhos?

8.      Estamos dispostos a negar-nos por amor de nossos filhos?

9.      Disciplinamos nossos filhos de maneira equilibrada, com amor, ou de forma desequilibrada, com raiva?

10.  Compreendemos nossa vocação? Usamos nossos talentos para glória de Deus, ou nos empenhamos de forma egoísta, com a mentalidade do mundo de trabalhar sempre na expectativa do fim de semana?

11.  Como tratamos aqueles que nos ofendem, e que falam mentiras ao nosso respeito?

12.  Somos benignos e misericordiosos? Perdoamos?

13.  Oramos pelos outros?

14.  Nos alegramos com os que se alegram, e choramos com os que choram?

15.  Honramos aqueles que tem autoridade sobre nós?

 

Nossos filhos precisam ver o evangelho autêntico em nosso viver. Somos o evangelho vivo (2Co 3:1-3), e as ideias de nossos filhos a respeito a Deus serão moldadas pelo que ensinamos e pelo que somos. “Nunca é tarde demais para fazer o que é certo”.

Lembre-se, ser duro e impaciente com seu filho quando ele está passando por problemas é o mesmo que dizer para uma pessoa que está sofrendo de dores de cabeça que o seu problema é “dor de cabeça”, procure reconhecer especificamente onde está sua falta de coragem através do seu estilo de vida, encorajando-o no ponto exato de seu desânimo.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GOMES, Wadislau M. Quem cuida de quem cuida? São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

SANDE, Ken; RAABE, Tom. Os Conflitos no Lar e as Escolhas do Pacificador: Um guia para lidar com as crises na família. São Paulo, NUTRA, 2011.

TRIPP, Ted. Pastoreando o Coração da Criança. 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 2017.

BEEKE, Joel R. O Evangelho para os Filhos da Aliança. São Paulo: Os Puritanos, [2009].

KOSTENBERGER, Andreas D; JONES, David W. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2011.

OLYOTT, Stuart. Pregação pura e simples. São José dos Campos: Fiel, 2018.

PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo do seu Cativeiro Cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

 

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