sexta-feira, 2 de junho de 2023

Geração Y e Z

Segundo uma pesquisa da Microsoft, quase metade dos trabalhadores do mundo está pensando em pedir demissão. Quatro em cada dez entrevistados da geração Y (nascidos nos anos 1980 e 1990, conhecida como millennials) e da geração Z (nascidos depois deles) deixariam o emprego na hipótese de voltarem a trabalhar presencial.

Os jovens chineses estão repetindo frases de um filósofo grego Dióneses que morava em um barril: “Ficar parado é meu movimento filosófico”. Um jovem chegou a dizer que estava sem trabalhar há dois anos e não via nada de errado nisso.

Para piorar, essas gerações estão ganhando a reputação de passar o tempo jogando videogame online ou assistindo a streamings de TV, selecionando empregos diurnos apenas quando precisam de dinheiro para pagar aluguel ou conta de telefone. Estão evitando trabalhos de longa duração e funções mais exigentes para manter um estilo de vida que diz: “trabalhe um dia, divirta-se três”.

Nos EUA essa é a primeira geração na história a ser menos rica do que a de seus pais. Funcionários de 30 a 45 anos também estão pedindo demissão em grande número. Um americano chegou a dizer que: “As pessoas sentiram seu poder e não terão vergonha de dizer – não vou fazer isso”.

A pesquisa termina dizendo que as pessoas estão trabalhando em busca de significado, um propósito maior (fonte: Revista Exame).

Primeiramente é preciso entender que o trabalho é uma vocação, e não uma opção.  A profissão deve glorificar a Deus e servir as pessoas. Conforme o pensamento de Calvino, toda profissão deve ser útil ao público e redundar em bênçãos para todos (Ef 4:28).

Antes da Revolução Industrial, no período colonial as famílias viviam de maneira muito semelhante ao modo como viveram por milênios nas sociedades tradicionais. O trabalho era feito em casa, por famílias. Lojas, oficinas, escritórios ficavam na frente da casa, enquanto a família morava em cima ou nos fundos. Cada negócio era um empreendimento familiar. Casamento “significava” tornar colega de trabalho do marido. Mães combinavam trabalho economicamente produtivo com a criação de filhos. Os pais também estavam muito mais envolvidos na criação dos filhos que hoje.

Com a Revolução Industrial tudo isso mudou, pois o principal impacto foi levar o trabalho para fora de casa. No período colonial as relações eram pessoais entre o fazendeiro, o seus filhos e trabalhadores contratados. Na Revolução Industrial, a relação passou a ser interpessoal fundamentada em salário.

A presença física dos homens em casa caiu drasticamente. Os pais já não passavam bastante tempo com os filhos para educá-los e impor disciplina regular. Depois da Revolução Industrial a casa passou a ser um local de consumo ao invés de produção.

Hoje vivemos em um cultura coorporativa, onde se valoriza o “operário ideal”. Este empregado é aquele que está disponível para trabalhar em tempo integral sem permitir que a vida pessoal e familiar interfira. São muitos os pais que abrem mão de suas vidas pessoais e familiares para se dedicarem exclusivamente ao seu plano de carreira, almejando status social. Muitos justificam o trabalho excessivo dizendo querer dar o conforto que não tiveram em sua infância para seus filhos.

Esse padrão de operário ideal é prejudicial as famílias, e a igreja deveria estar atenta a isso. Os pais atualmente devem procurar alternativas práticas para reintegrar as responsabilidades familiares com trabalho rendoso por meio de opções como trabalho em casa, empregos de meio período e flexibilização de horas no trabalho.

Essa seria uma motivação legítima para aqueles que buscam reduzir sua carga horária, em função da família, mas para ficar em casa se divertindo e jogando vídeo game não.

Estamos vivenciando uma crise cultural, onde os homens estão prolongando sua adolescência. Não são meninos nem homens, são “homenino”, ou seja, um tipo de homem imaturo como um adolescente, um híbrido de homem e menino. São homens que não gostam e não querem assumir responsabilidades, por isso prolongam sua adolescência. 

As pessoas estão à procura de algo que lhes dê identidade, sentido, propósito e um sentimento de bem-estar fora do relacionamento e da adoração a Deus. Os cristãos não podem se esquecer de quem eu são em Cristo, caso contrário irão procurar sua identidade em outros lugares. O trabalho e o ministério podem se tornar o principal lugar onde extrair sua identidade, e isto não é bom.

O trabalho em excesso quase sempre está enraizado no ego, seja por insegurança, seja por necessidade de sentir-se necessário ali, seja por egolatria discreta, pois começo a dizer para mim mesmo: “Deus não vai operar se eu não estiver lá”; “Sem eu, aquele lugar não vai pra frente”.

Não é nossa profissão que define quem somos, mas a maneira como servimos e para quem trabalhamos. Aprenda a se definir pelo seu relacionamento com Deus e com as pessoas mais íntimas e mais queridas, não pelo ministério ou pelo seu trabalho.


Se eu não aprender a adorar a Deus em meu casamento, em meu ministério e em meu trabalho, de algum modo tentarei assumir o seu lugar. Tentarei ser o Senhor em cada uma destas esferas, e tentarei assegurar que o reino do ego venha e que minha vontade seja feita.

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