segunda-feira, 27 de abril de 2020

As Máscaras da Cegueira Espiritual


O texto abaixo traz uma personagem verdadeira, porém com um nome fictício, extraído do livro “Instrumentos nas Mãos do Redentor” de Paul Tripp, p.365-377, com algumas adaptações minhas. Esta personagem representa sem dúvida nenhuma a situação preocupante e real da igreja hoje que é a cegueira espiritual.

Máscara de uma percepção exata de si mesma

Célia pensava que conhecia a si mesma. Ela ficava ofendida pela sugestão de que poderia ter alguma responsabilidade no que estava acontecendo em sua vida. Ela contava, em vívido detalhes, as histórias de constantes abusos que sofria nas mãos de outras pessoas. Seu foco era o comportamento das pessoas em relação a ela, pois ela entendia que a mudança necessária era uma mudança fora dela.

Máscara de provações e testes

Célia não tinha uma percepção exata de si mesma e de seu pecado, por isso tinha a tendência de chamar de provações as consequências naturais de suas escolhas e ações.

Máscara das necessidades

Célia enxergava a si mesma como necessitada. Ela se via como alguém que passara a maior parte da vida carente de alguma coisa. Ela dizia que os problemas de sua vida eram resultado direto de suas necessidades. Ela dizia: “Se pelo menos eu tivesse tido____________, então eu teria sido capaz de____________”. Sua necessidade revelava mais a respeito de quem ela era do que a respeito do que fazia falta a ela.

Se você quer realmente conhecer aquilo que é importante para você e sua família, descubra aquilo que você se sente necessitado. Os valores tornam-se desejos, os desejos tornam-se em exigências e as exigências são apresentadas como “necessidades”. Tudo que você necessita na verdade é a única coisa que você não almeja: Deus!

Máscara do conselho sábio

Célia só citava as pessoas que concordavam com sua visão de vida e apoiavam as decisões que ela tomava. Ela não citava ninguém que tivesse discordado dela.

Máscara do discernimento pessoal

Ela gastava muito tempo analisando as coisas e sentia que era inútil. Estava sempre buscando sentido em sua vida. Suas análises e interpretações da vida eram feitas através de uma perspectiva induzida pelos seus desejos (subjetiva) do que uma análise objetiva (Escrituras). Possuía uma expressão de idolatria e não de fé.

Máscara do senso de valores

Célia pensava que sabia o que era importante em sua vida. Em seus relacionamentos ela apresentava uma longa lista de exigências silenciosas, mas não estava ciente de quão crítica e sem misericórdia ela era quando as pessoas não cumpriam essas exigências. Ela tinha colocado sua identidade nas mãos das pessoas.

Máscara do conhecimento teológico

Célia conhecia bastante as Escrituras e as doutrinas da fé, porém, seu conhecimento lhe causou quatro prejuízos. Primeiro, ela pensava que suas interpretações da vida estavam corretas devido ao conhecimento bíblico que possuía. Segundo, ela se achava uma crente madura e ficava ofendida se alguém a tratasse como alguém que ainda precisasse de ensinamentos bíblicos. Terceiro, sua atitude era sempre de: “Eu já sabia disso e já experimentei isso”. Quarto, ela pensava que não era culpada pelos seus problemas, pois sempre “sabia o que era certo e sempre fazia o que era melhor”.

Seu conhecimento obscureceu sua responsabilidade pessoal e a convicção do pecado. Seu conhecimento bíblico não tinha aplicação em sua vida diária.

Máscara da santidade pessoal

Célia se orgulhava de sua casa bem arrumada, de sua pontualidade, de se lembrar do aniversário de cada amigo, dos livros cristãos que ela havia lido, seu controle financeiro e sua disposição para ser voluntária. Todavia, era ciumenta, irada, crítica, amarga, vingativa e lhe faltava misericórdia.

Máscara do arrependimento

Célia pensava que ir à igreja ou participar de reuniões de oração era equivalente ao arrependimento, como um ato de penitência, um tipo de “Indulgência Protestante”. Sua vida não produzia frutos de arrependimento, pois ela não tomava iniciativa de mudança. Ela continuava com os comportamentos pecaminosos e destrutivos.

Muitas pessoas pensam que a obra redentora de Jesus parou no perdão dos seus pecados, ou seja, estão sempre se declarando pecadoras e miseráveis, como um ato de penitência, um tipo de “Indulgência Protestante”, mas não têm nenhuma perspectiva de mudança e crescimento em santidade que a nova vida em Cristo proporciona a elas. Sua participação em programações da igreja se assemelha com aqueles que vão ao confessionário do catolicismo Romano.  


Abrir os olhos dos cegos está no centro da obra redentora de Cristo e somente Jesus é capaz de abrir os olhos da sua igreja (Is 35:5; 42:16; 59:9,10; Mt 11:5). Fiquemos atentos em sua Palavra e sua disciplina que está sendo aplicada a igreja neste exato momento.

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