sábado, 25 de abril de 2020

"Nenhuma outra inclinação natural talvez não seja tão difícil de domar como o orgulho"


Benjamin Franklin expressou em sua autobiografia pensamentos referente ao modo como aprendeu a lidar com seu orgulho, escrevendo assim:

“Um companheiro tendo-me gentilmente informado que eu era considerado uma pessoa orgulhosa, e que este defeito se manifestava frequentemente em minha conversa, que eu não me contentava em ter razão numa discussão, mas que era arrogante e insolente (do que ele me convenceu dando-me numerosos exemplos), decidi tentar, se fosse possível, curar-me deste terrível vício ou desta idiotice conseguida entre os outros, e ajuntei à minha lista de qualidades por adquirir, a Humildade tomada em seu sentido mais largo...Bani de minha linguagem, conforme as velhas leis de nossa Junta, todas as palavras e expressões que traduzissem uma ideia rígida...se alguém afirmasse um ponto de vista que eu julgasse errôneo, eu me recusava o prazer de contradizê-lo brutalmente e de lhe fazer notar imediatamente o que havia de absurdo em sua proposição; e para responde-lo, eu começava por fazer notar que em certos casos, ou em certas condições, esta opinião era verdadeira, mas no caso presente parecia existir uma diferença, etc...as conversas nas quais me empenhava transcorriam num clima mais agradável. A modéstia com a qual propunha minhas opiniões, obtinha maior audiência e menores contradições; eu me sentia menos mortificado quando pensavam mal de mim, e prevalecia sobre os outros para lhes perdoar os seus erros e para conciliá-los com a minha opinião quando eu chegasse a ter razão...este hábito, eu devo sem dúvida nenhuma a autoridade da qual tenho dado provas aos meus concidadãos, quando propus novas instituições, ou quando mudei as antigas; graças a ele também, tive muitas influências nos conselhos públicos dos quais me tornei membro...na realidade, nenhuma outra inclinação natural talvez não seja tão difícil de domar como o orgulho” (ADLER, 2003, p.151-152)

A família, a igreja, e a sociedade, estão carentes de pessoas que encorajem uns aos outros diariamente a não viverem no engano do pecado, falando a verdade em amor (Gl 6:1; Ef 4:15-16). Mesmo que soubermos exatamente onde se situa o erro e como corrigi-lo, não podemos confrontar de maneira dura e agressiva, mas de maneira gentil e amorosa, com frases que contenham palavras como: “talvez”, “provavelmente”, “é possível”, “você poderia tentar desta maneira”, pois isso demonstra humildade e amor pelo próximo. Quem gosta de ter sempre a última palavra, expressa seu desejo de controlar os outros e não de ajudar.

A confrontação bíblica deve ser feita em amor (Lv 19:15-18; Hb 3:12-15), e seu propósito não é propiciar ocasião para que nossas opiniões prevaleçam sobre as de alguém. Uma linguagem inflamada deturpa a confrontação, pois a pessoa irá esquecer a mensagem e se lembrará apenas das palavras e tons irritados que controlaram aquele momento. O propósito da confrontação não é ir contra a pessoa, mas estar ao seu lado, indicando coisas que Deus quer que ela veja, confesse e abandone. O alvo primário da confrontação não é ameaçar a pessoa com julgamento, mas guiá-la ao reconhecimento do seu erro (Mt 18:15). O propósito da confrontação não é convencer a pessoa a concordar com suas interpretações, pensar ou viver de um modo que agrade a você, mas chamá-la a se submeter unicamente a vontade de Deus.

É a bondade de Deus que nos leva ao arrependimento (Rm 2:4) e não o peso da Lei. É o amor de Cristo que nos compele a não mais vivermos para nós mesmos, mas para Ele (1 Co 5:14).


REFERENCIAL TEÓRICO


TRIPP, Paul D. Guerra de Palavras: O que há de errado com a nossa comunicação. Uma compreensão do plano de Deus para a nossa fala. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.128-130.

ADLER, Alfred. A Educação das Crianças. Salvador: Arte em Palavras, p.151-152.

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