segunda-feira, 13 de junho de 2022

Lidando com a ansiedade: entregar e agir

O que é ansiedade? A palavra grega traduzida por ansiosos em Filipenses 4:6 significa “atraídos para direções diferentes”. Nossas esperanças nos puxam para um lado, nossos medos para o outro, a tensão torna-se insuportável. O sentido da palavra ansiedade é associado a angústia, que pode significar “estreito, aperto”. Quando ficamos ansiosos, nos sentimos “estrangulados e apertados”, ou seja, começamos a sentir sintomas físicos como: dores de cabeça, no pescoço, nas costas e úlceras. A preocupação afeta nosso raciocínio, nossa digestão e até mesmo nossa coordenação motora.

A ansiedade é usurpadora da alegria (Fp 4:4), e é uma evidência do orgulho que há em nosso coração. Não nos contentamos em simplesmente fazer o que Deus ordena e deixar com Ele os resultados (1Pe 5:6-7). Pessoas orgulhosas pensam que elas têm que fazer as coisas acontecerem e ficam ansiosas quando os resultados não saem como planejaram. A preocupação é uma completa perda de tempo e energia porque nunca faz algo acontecer nem impede que algo aconteça.

A ansiedade certamente é pecado, mas um pecado causado por outro pecado. Precisamos descobrir qual é esse pecado para podermos nos arrepender dele e tratá-lo. Há dois tipos de preocupação: 1) Sentido negativo: significa uma preocupação ou um cuidado/interesse legítimo, que está fora de controle (Mt 6:25,31,34; 13:22; Lc 10:41; 21:34; Fp 4:6; 1 Pe 5:7). 2) Sentido positivo: significa uma preocupação como cuidado e interesse legítimo que está submetido ao controle de Deus (1Co 7:32-34; 12:25; 2Co 11:28; Fp 2:20). A preocupação que está fora de controle é pecaminosa, pois ela expressa duas coisas em nosso coração: idolatria e incredulidade.

1. Idolatria. Em Mateus 6:19-25 Jesus diz que preocupação é idolatria. A ansiedade é um indicador automático de um coração que não está seguindo o Senhor completamente, mas que está seguindo a alguma outra coisa temporariamente.

2. Incredulidade. A preocupação envolve incredulidade, porque não cremos que Deus suprirá aquilo que prometeu (Mt 6:30,33; Fp 4:19). Nossa incredulidade questiona a soberania, a sinceridade e a suficiência de Deus (Sl 103:19; Dn 4:35; Rm 8:28; 2 Co 1:20; Hb 13:5,6; Is 41:10). Quando nos preocupamos estamos tentando agir como Deus, colocando-nos no controle (Nm 11:10,11,14).

Existem conflitos de natureza interpessoal em que a causa do problema está relacionada com ansiedade, ou seja, por haver preocupações fora de controle, elas roubam a alegria e a comunhão entre pessoas de uma determinada comunidade (Fp 4:4). Como vimos, a ansiedade expressa idolatria em nosso coração, então podemos deduzir que exista algum falso deus governando o coração de pessoas ansiosas, e aquilo que governa o nosso coração se torna o nosso seu tesouro.

Quão é o seu tesouro? (Mt 6:19-25; Lc 12:34). Seu tesouro pode ser segurança financeira, amor conjugal, filhos, perfeccionismo legalista, sucesso, reputação, opinião das pessoas. Muitos tesouros são difíceis de serem identificados pelo fato de serem compreensíveis e legítimos. Porém, um desejo legítimo pode se tornar pecaminoso, quando este se torna uma exigência.

 Se a ansiedade também expressa incredulidade em nosso coração, então podemos deduzir que pessoas ansiosas podem estar deixando de confiar em Deus e colocando sua esperança em ídolos, vivendo com pouca fé. Com o que você está preocupado?.

Qual a solução? Se preocupação é incredulidade, a solução é fé (Lc 12:28). Mas deve haver arrependimento da incredulidade. John Piper disse: “Jesus diz que a raiz da ansiedade é fé inadequada na graça futura do nosso Pai. Quando a incredulidade consegue o controle dos nossos corações, um dos efeitos é a ansiedade. A causa original da ansiedade é um fracasso em confiar em tudo que Deus prometeu ser por nós em Jesus”.

Paulo encoraja seus leitores a não viverem com ansiedade, ou seja, não se entregarem as preocupações com relação aos conflitos e perseguições, mas que tudo isso fosse conhecido diante de Deus com pedidos através das orações (Fp 4:6). A confiança produz tranquilidade em nossas mentes, mas só quando colocamos em prática através das orações.

Em Lucas 12:22-34 Jesus estava falando com pessoas simples, a maioria eram lavradores da terra, pescadores e mulheres do campo. Não tinham fundos de investimento nem sistema previdenciário. Ele dizia: “Observem o que todo mundo busca, vocês vão fazer o mesmo que a multidão só porque ela faz isso? ” (Lc 12:30)

Hoje os jornais cobrem assuntos que tocam a todos, noventa por cento disso é dinheiro. As pessoas vivem para o dinheiro ou para Deus? Qual tem sido nossa atitude quanto ao dinheiro? Deus sabe que precisamos de emprego. Não é errado poupar para aposentadoria, comprar um carro. Temos necessidades econômicas, e Jesus disse: “O Pai sabe que vocês precisam delas”. Mas, nossa vida consiste em dinheiro?

Podemos confiar em sua Palavra. A falha no sistema previdenciário significa que talvez não tenhamos dinheiro para o futuro. Mas existe um tesouro muito melhor, inextinguível. Esse ninguém poderá tirar de nós. Esses bens não podem ser roubados nem comidos pelas traças, nem confiscados, arruinadas e perdidos. Todas as coisas pelas quais nos preocupamos são as que queremos, mas podemos perdê-las. Essa é a razão de nossa ansiedade. Incertezas geram ansiedade. Você é muito mais importante que os corvos (Lc 12:24). Essa é uma promessa que podemos depender e uma razão para não nos preocupar.

Qual o remédio para a preocupação? O antídoto para a preocupação é confiar em Deus. O remédio para preocupação é buscar o Senhor, crer nas suas promessas e orientar a sua vida pelas prioridades Dele (Lc 12:32; Rm 8:32). A preocupação não pode trazer melhoras para o nosso futuro. Em vez disso, nos desvia das nossas responsabilidades presentes. Ela esgota nossa energia e consome nossa vitalidade e nos faz perder as alegrias presentes e benção da provisão de Deus. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5:6,7).

A paz Deus é quem pode guardar a mente e o coração do cristão de toda ansiedade, pois ela dá o descanso pela confiança em Deus mesmo não compreendendo muito bem o motivo das preocupações (Fp 4:7). O antídoto para toda ansiedade é o descansar em segurança no Senhor. Toda ansiedade é decorrente da não confiança no socorro ou no poder divino.

Conversar (orar) com Deus a respeito de tudo o que nos preocupa é o primeiro passo a vencer a ansiedade. Paulo encontrava-se preso quando escreveu para os Filipenses. A paz de Deus não quer dizer ausência de provações externas, mas significa segurança interior tranquila a despeito de circunstâncias, pessoas ou coisas. A oração com ações de graças significa gratidão, ou seja, é orar a Deus sem queixas e murmurações. Não ore a Deus como se você tivesse motivos para acusá-lo, reclamando insatisfeito porque Ele não tem respondido suas orações de forma imediata, mas seja grato!

 

 

APLICAÇÕES PRÁTICAS

 

O que tem preocupado você atualmente? Liste suas principais preocupações. Avalie a lista de suas principais preocupações e classifique em duas categorias: ENTREGAR e AGIR.

A) Liste as preocupações que você nada pode fazer e que precisam ser entregues a Deus, que você precisa orar e confiar que Deus agirá no tempo certo de acordo com o propósito dele.

B) Liste as preocupações que são responsabilidades que Deus confiou a você para que as cumpra em obediência a Ele e na dependência de sua graça.

 

 

 

 

 

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